Política
Tasso Franco
10/03/2021 às  19:00

A MAROLA LULA PARA PRESIDENTE PODE BENEFICIAR BOLSONARO EM 2022 (TF)

Por enquanto, Lula elegível só entusiasma os adeptos do lulopetismo, mas tem o outro lado da questão, a ojeriza ao PT e a Lula


   Ainda é cedo para se ter uma noção mais real do impacto que poderá ter a elegibilidade do ex-presidente Lula em decisão monocrática do ministro Edson Fachin nas eleições presidenciais de 2022. 


   Lula, moralmente, continua um 'ficha suja' e ainda existem processos contra ele na Justiça em tramitação. A decisão de Fachin (reprovada segundo pesquisa por 57% dos brasileiros) poderá até beneficiar Bolsonaro, o qual está isolado e com a parcela da direita que votou nele, em 2018, afastada do presidente em função do seu comportamento errático e no flácido combate ao coronavirus, mas poderá voltar a se agrupar em torno dele diante do temor a Lula, a volta do sindicalismo, a ocupações de terras pelo MST e outros.

  Houve, de imediato, um impacto natural favorável a Lula na decisão de Fachin, julga-se a suspeição de Sérgio Moro no STF (ele que tem 10% em qualquer pesquisa eleitoral para presidente), mas ainda há muita água para rolar embaixo da ponte sobre os processos da 'República' de Curitiba. 

   A população brasileira sempre se posicionou a favor da Lava Jato, ninguém aguenta mais a corrupção no país e não quer de volta cenários que já foram repudiados pelo eleitorado.

   Imaginar que Lula vai voltar bonzinho, paz e amor como na propaganda de Duda Mendonça, vai promover o desenvolvimento do país só quem acredita nisso são os petistas e olhe lá. 

  O candidato do PDT, Ciro Gomes, detentor de 10% a 12% das intenções de votos em quaisquer pesquisas para presidente, já botou a boca no trombone classificando de 'circo' essa rearrumação em torno de Lula, e diz que não participa disso nem adere, jamais. 

  Portanto, está aí, à mostra, uma força da centro-esquerda que não acompanha o lulopetismo.

  Duvida-se, ainda, que o PSOL, partido que vem ocupando um espaço na ala mais à esquerda se alinhe com Lula. Pelo contrário: vai trilhar seu caminho próprio o mesmo acontecendo com o PSB partido que já manifestou uma aproximação com Luciano Huck (7% a 9% nas pesquisas). 

  Então, essa euforia em torno de Lula tem sentido mais para os petistas e partidos alinhados diretamente com o PT, em especial o PCdoB, mas os demais mesmo no campo da centro esquerda não querem conversa com ele diante da sua pouca credibilidade nas relações políticas de apoiar e ser apoiado. Ou seja, o PT é visto como um partido que adora apoios, mas, detesta dar apoios.

   Bolsonaro se mudar de comportamento, lidar com a imprensa de forma civilizada, levar a pandemia do coronavirus a sério, melhorar a economia do país executando privatizações de estatais ineficentes consumidoras de recursos públicos, e recompor sua base política, tem chances de se reeleger. 

  A pesquisa CNN de hoje dá ao presidente 31% das intenções de votos, número ainda alto para o desastre do seu governo, e levando-se em consideração os números de outros nomes à direita (Moro, Huck, Dória) esse número total passa, com folga de 51%. Lula tem 21%.

   Bolsonaro só precisa fazer sua parte. Errar menos. A marola de Lula, pelo que vemos, só entusiasma mesmo os petistas.


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