A proposta do deputado federal Nelson Pelegrino (PT) de criar uma Frente de Esquerda Integrada (FEI) com a participação do PT/PSB/PCdoB/PPS/PDT/PV ganhou algum destaque na mídia local, mas, está longe de ser concretizada na prática.
Um dos problemas que a FEI enfrentaria, de cara, seria o nome a ser indicado para a cabeça da chapa, se o próprio Pelegrino (PT), a deputada federal Lídice da Mata (PSB), a vereadora Olívia Santana (PCdoB) ou numa hipótese remota, o vereador Virgílio Pacheco (PPS).
Do ponto de vista eleitoral e pragmático, até porque já foi prefeita e recompôs sua imagem com Salvador, sendo a mais votada na última eleição, o nome seria Lídice da Mata para a cabeça.
Nesse caso, disputariam a condição de vice da FEI, o deputado Pelegrino e a vereadora Olívia. Mas, ambos esbarrariam na questão partidária uma vez que, tanto o PT; quanto o PCdoB já manifestaram desejos de terem candidatos próprios a prefeito, nas falas do presidente Marcelino Galo e nas reuniões do PCdoB que levaram este partido a deixar a administração de Salvador.
Invertendo-se essa posição, com Pelegrino na cabeça da chapa e Lídice na vice, menos mal, porque até agora o PSB não fechou questão dizendo que terá um candidato na capital.
Acontece que Lídice tem mais votos potenciais do que Pelegrino, já auferidos pelo DataFolha na sua última pesquisa. E a diferença é grande: Lídice tem 10% em todos os cenários; e Pelegrino varia de 1 a 4% nos cenários.
Daí que essa equação não combina. O que combina é a chapa Lídice/Olívia, duas mulheres, discursos parecidos, aí tudo bem. Mas, se isso acontecer, não existirá Frente porque o PT não pode ficar fora da eleição de Salvador. Se ficar, na condição de coadjuvante do processo, míngua ainda mais. Ou desaparece parte do que ainda resta na Câmara de Vereadores.
O PT está pagando um preço altíssimo diante de sua aliança com João Henrique, ainda no PDT/PSDB, ao integrar a equipe administrativa de governo com relevância, caso especial da Saúde. Em 6 de janeiro de 2006, aconteceu o crime Neylton Souto, no interior da Secretaria de Saúde e, de lá pra cá, o PT só fez acumular desgaste.
Perdeu uma parte de sua identidade com o eleitorado da capital e concluiu seu processo de trapalhada na disputa interna que se verificou no final do ano passado. Não renovou seus quadros competitivos na capital, salvo a presença da vereadora Vânia Galvão, e continua na mesma música de uma nota só com o deputado Nelson Pelegrino.
Desde que João Henrique se integrou ao PMDB a situação do PT só fez piorar porque uma parcela deste partido, aquela do partido da boquinha, João segurou nas secretarias e esse pessoal tá gostando e não quer sair. Nos bastidores, vai com JH para a reeleição.
Daí que a engenharia proposta pelo deputado Nelson Pelegrino com a FEI, senão nati-morta pelo exposto acima, vai ser extramamente complicada do ponto-de-vista operacional.
O governador Jaques Wagner que é a autoridade máxima do Estado e integra o PT, mas organiza seu governo respeitando uma ampla coalizão de forças, está calado. Nessa cumbuca, com razões, não vai colocar sua mão.
É como diz o ditado popular: "Quem pariu Mateus que balance".
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