A pesquisa DataFolha publicada neste domingo, 16, na Folha de São Paulo apontando que o governador Jaques Wagner tem 30% de bom/ótimo na avaliação do seu primeiro ano de governo, contra 24% de ruim/péssimo, atesta o que os baianos já sabiam e o governador também, de que seu governo patina. Está aquém da expectativa da população que o colocou no Palácio de Ondina, no primeiro turno, com extraordinária votação e desejo expresso de mudanças.
Pesquisa interna feita no âmbito do governo, Wagner foi informado de que sua administração é aceitável no interior, e abaixo da média na capital. Ressalte-se, ainda, que esta pesquisa para avaliação interna foi realizada antes da tragédia da Fonte Nova, o que se deduz, hoje, ou permanece sua avaliação negativa na capital ou piorou.
Ao que se sabe, independente das pesquisas agora reveladas, que são quatro os pontos críticos do governo: saúde, segurança/turismo, educação e cultura, com reforço da tragédia da Fonte Nova. Alia-se a esse fatores a demora do governo em executar suas ações, quer porque sua equipe ainda não se azeitou; quer porque o modelo adotado é estatizante, excessivamente discursivo e burocrático.
Daí que as ações não chegam na ponta, no interessado, que é a população. O governo debate demais, faz reuniões em excesso, organiza mesas setoriais, conferências à mancheia, conselhos, mas, a população não percebe os efeitos da administração no plano real da vida: melhoria no atendimento de saúde, mais segurança, melhor educação e assim por diante.
Um caso típico desse processo deu-se numa área vital para o desempenho do governo, presente no dia a dia da população mais carente como muita intensidade, que é a saúde pública. Houve uma desorganização do setor com a saída dos sistemas cooperativados, um bate-cabeça enorme na SESAB para montar um novo modelo, e enquanto isso não acontece (como não ocorreu ainda) rebate politicamente no governador.
É inacreditável que a essa altura da contemporaneidade, o governo se organize para fabricar remédios e montar sistemas estatizantes na administração de um segmento dinâmico, ágil, com tecnologia de ponta à sua disposição. A saúde está andando na contra-mão da história, pois, a população não quer saber se o médico A ou B está sendo pago pelo REDA: ela quer o atendimento. E isso está ocorrendo com muitas falhas pelo exposto na mídia, diariamente.
Outro fator que prejudicou bastante o governo foi a greve política da educação. Demorou demais (58 dias) e pegou o governo ensaiando seus primeiros meses de gestão, tentando montar um modelo (sem deixar de pedalar a bicicleta como disse o secretário Adeun Sauer numa entrevista A Tarde) que ninguém sabe ainda o que é. Resultado: desmantelaram o calendário de aulas e isso refletiu na imagem do governo junto às famílias.
A terceira perna e uma das mais críticas é a segurança, mais recentemente associada ao turismo (já atingido pela crise do apagão) sem uma resposta do governo que sinalize uma reação. Veja que esta semana aconteceram três paralisações de ônibus na capital movidos pela falta de segurança na cidade, e o governo ficou calado. Não se ouviu uma fala do secretário, da autoridade pública. Obviamente que rebateu (e vai continuar rebatendo se nada for feito) na imagem do governador e do governo.
A quarta e última perna é a cultura e pode-se associar, no caso da capital, que houve um desgaste enorme à imagem do governo (inclusive com opiniões da primeira dama) diante das indefinições e mudanças que até agora não aconteceram. Ademais, o governo deixou que o Pelourinho, um dos emblemas da cidade, entrasse em decadência proporcionando uma avalanche de matérias contra sua imagem postas no rádio, na TV, nos sites e nos jornais.
Para completar, por extremo azar e negligência da Sudesb, aconteceu a tragédia da Fonte Nova, no final do mês de novembro, extamente no dia em que o governador voltava da China, numa viagem que do ponto de vista midiático, nada aconteceu.
O episódio da Fonte Nova, independente da tragédia e quem são os responsáveis, mostrou, a olhos vistos por quem entende o mínimo de comunicação e gestão pública, como o governo agiu de forma desordenada, atrapalhada, e isso, obviamente atingiu a sua imagem em cheio, sobretudo porque mexeu com duas paixões baianas: o futebol e o Bahia.
Esse, na nossa opinião, é o quadro. A pesquisa DataFolha e a outra pesquisa interna do governo servirão para que Wagner, agora exposto à opinião pública com lentes mais críticas, realinhe à sua administração e possa melhorar a sua performance.
Sabe que se continuar nesse patamar deixará de ser competitivo no Brasil, numa hipótese de ser candidato a presidente, e na Bahia, em 2010.
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