A pesquisa divulgada pelo DataFolha neste final de semana sobre a sucessão municipal em Salvador, apesar da pororoca que produziu no meio político local, apontam os nomes do radialista e apresentador de TV, Raimundo Varela, e o ex-prefeito de Salvador, Antonio Imbassahy, como as novidades no processo eleitoral que está em curso e será concluido com as eleições, em outubro de 2008.
Analisando os números postos pelo DataFolha em quatro cenários e comparando-os ao que aconteceram em 2004, durante o pleito que levou João Henrique à vitória, na aliança PDT/PSDB, vê-se que todos perderam musculatura, a exceção de Varela e Imbassahy.
Vamos aos números e a referência histórica das urnas, em 2004. João Henrique chegou ao 1º turno daquela eleição com 43.71% dos votos, numa aliança PDT/PSDB, mas, com uma bandeira pessoal fortíssima, a defesa da classe média e dos pobres e oprimidos contra a cobrança de qualquer tipo de imposto, beneficiando com a popularidade do chupa-cabra, uma invenção de A Tarde. PDT/PSDB foram apenas coadjuvantes do processo.
Vê-se, portanto, comparando-se com a pesquisa DataFolha deste domingo, que o prefeito João Henrique perdeu, em relação a 2004, 26.71% do eleitorado. Evidente que esse número poderá ser alterado no decorrer do tempo, embora a realidade presente seja esta.
Outro que ainda não conseguiu atingir o número histórico do carlismo é ACM Neto. Obteve 15% das intenções de votos, o que representa, se comparados com os números obtidos por César Borges, em 2004 (22.85%), uma diferença para menos de 7.8%. Ou seja, ACM Neto se apresenta como novo, embora não sendo, e ainda assim, para chegar ao número histórico do carlismo, precisaria avançcar entre 8 e 10%.
O terceiro caso e o mais grave se relaciona com o PT. Nelson Pelegrino obteve, em 2004, 22.31% dos votos, no primeiro turno, ficando em terceiro (o primeiro foi João Henrique e o segundo César Borges). Hoje, segundo o DataFolha, no melhor cenário Pelegrino tem 4%, o que significa uma perda de 18.31%. O desastre é maior ainda se forem analisados os números da eleição de 2.000, quando Pelegrino obteve 35.33% no primeiro turno.
A deputada Lídice da Mata manteve o percentual de 2004 (10.03%) lembrando que se aliançou naquela eleição com o PMDB. Agora, Lídice, no melhor cenário tem 10% e está sozinha, no PSB. Portanto, não deve ser desprezada no processo, sobretudo porque tem setores do PT muito simpáticos à sua candidatura, o que poderá até acontecer um apoio deste partido, diante do naufrágio dos nomes de Nelson Pelegrino e Walter Pinheiro.
Então, quem está ganhando nesse movimento, por enquanto, são as candidaturas de Raimundo Varela (PRB) com 22% no melhor cenário; e Antonio Imbassahy, com 17% no melhor cenário. E, numa terceira vertente, o PMDB como partido porque agora, comanda a cabeça de uma chapa; enquanto, em 2004, era aliançado com o PSB.
Vamos analisar outros dados interessantes relacionados pelo Vox Populi, em 2004. Na pré-candidatura daquele ano, o Vox viu no cenário de Salvador que o carlismo possuia 32%; a oposição 24% (PT/PCdoB/PSB) e havia uma banda larga 40/42% ocupada por João Henrique, Raimundo Varela, Maurício Trindade.
Quando o processo se afunilou, Varela e Trindade desistiram das suas candidaturas e João Henrique saltou de 7.52% que obteve, em 2000, para algo em torno de 30% durante o decorrer da campanha de 2004 fechando o 1º turno com 43.71%, e se tornando um fenômeno eleitoral. Ganharia a eleição no 2º turno como ou sem o apoio do PT/PCdoB/PSB/PMDB.
A rigor, hoje, analisando esses números e a movimentação do eleitorado, vê-se que Varela votlou a ocupar o espaço da banda-larga de 2004, colocando na sua sacola os votos que eram seus, mas retirando-os dos 43.71% de JH e alguns do PT; e Antonio Imbassahy, que não fora candidato em 2004, conseguiu os seus 17% também do eleitorado de João, pequena margem do carlismo e alguns do PT. Imbassahy se apresenta como candidato do PSDB, distante do carlismo, herança que ficará para ACM Neto.
Configura-se, portanto, entre 2004/2007 uma mudança significativa de cenário sem uma candidatura hegemônica (43.71%) como foi a de João Henrique no 1º turno naquele ano.
Resta saber o que acontecerá daqui para à frente, mas, mantendo-se todos esses nomes na disputa, dificilmente João obterá os mesmo 43.71% de 2004, e vai ser uma luta enorme para ACM Neto conseguiur os históricos 25% do carlismo. Em resumo, Varela e Imbassahy estão desequilibrando o jogo nesse momento de organização da disputa, contextualizando um novo momento na política de Salvador.
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