Política
Tasso Franco
23/10/2007 às  09:02

ASSEMBLÉIA PERDIDA NA MULTIDÃO

A AL passa por um desgaste junto à opinião pública


  A disputa por uma vaga de conselheiro no Tribunal de Contas do Estado (TCE) conduziu os destinos da Assembléia Legislativa, nesse segundo semestre do ano, para uma disputa de natureza política (mas, também pelo cargo em sí) distante, muito distante aliás, dos anseios da sociedade.

  A AL está perdida no meio da multidão e sem falar com ela. Ações propositivas nas áreas temáticas que mais interessam à população - saúde, educação, transporte, infra-estrutura, cultura, tecnologia, etc - são raríssimas em debates, salvo quando os assuntos são voltados para denúncias.

  O que, frise-se, tem acontecido com fartura na saúde (crise nas emergências dos hospitais públicos); na educação (ano letivo comprometido e sem reposição de aulas depois da greve dos 56 dias); na segurança (briga interna pelo poder na SSP entre o secretário e o delegado chefe) e na cultura (abandono do centro histórico de Salvador)

  A vaga para conselheiro do TCE vem ocupando um espaço nos debates da Casa e na mídia, com destaque para um assunto nitidamente de interesse corporativo, e o que é ainda pior, trazendo desgaste à imagem da AL, uma vez que a base aliada do governo deu asas à imaginação, abrindo espaço para o confronto, dentro do que se supunha ser a nova democracia baiana.

  Tudo era de mentirinha e quando o governo viu que poderia perder no voto direto, retirou o tapete que daria sustentação a prováveis postulantes fora do seu núcleo duro, o PT, e criou uma situação de dificuldades para sí e para a Casa, sem necessidade alguma.

  Agora, com o desgaste em curso, o presidente da Assembléia Legislativa, deputado Marcelo Nilo (PSDB) tendo que se virar nos 30 para apagar focos de incêndios em todas as alas, com sua personalidade sendo criticada abertamente e até contestado o seu assento na Mesa, vê-se numa situação de dificuldades.

   Independente do que poderá acontecer adiante, pois até a Justiça foi acionada pela oposição para permitir o direito ao voto na Casa da Democracia, a AL está contabilizando um desgaste desnecessário e que poderia ter sido evitado.

   Perdem todos os deputados e a Casa Legislativa em sí. Além disso, o governo que havia discursado e organizado um movimento em torno da democracia plena, mostrou que nada disso existe.

   A dúvida é saber se a Casa vai se manter nesse rítimo, com uma ou outra comissão debatendo propostas de interesse das comunidades, caso dos trabalhos que vêm sendo feitos pelos presidentes de comissões Júnior Magalhães, Fernando Torres e Marizete Pereira, Infra-Estrutura e Desenvolvimento Econômico, Segurança e Direitos da Mulher, respectivamente, ou se vai mergular no inóquo, distante do que realmente interessa à sociedade.

   Espera-se que a AL mude seus rumos. Ou a manter esse mesmo diapasão até dezembro, o ano legislativo vai ser marcado por essa relação de distância da Casa Legislativa com o que realmente interessam às comunidades.


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