Política
Tasso Franco
14/01/2007 às  20:15

GAFES INICIAIS DO PODER

Comentário sobre deslizes de quem chegou agora ao poder na Bahia.


                             

         Gafe é uma rata, deslise, mancada, palavra impensada. Natural, portanto, de quem chegando ao poder depois de tantos anos sem intimidade com as normas dos cerimoniais, sem acesso maior à imprensa, cometa alguns desses lapsos. Foi o caso, recente, do secretário da Ciência e Tecnologia, Ildes Ferreira, o qual, sobre as críticas que recebeu sobre sua nomeação afirmou em A Tarde: "O meu papel aqui é preparar o palco para que o show aconteça".

         Complementou: "Criar condições para que os protagonistas da ciência e tecnologia exercitem suas habilidades e atividades". Significa o que mesmo? Mais uma de sua excelência: "Quem domina o mundo, atualmente, não é mais quem tem canhão, e sim quem tem tecnologia". Tá dito: esses canhõeszinhos de Mr Bush usados em profusão no Iraque são traques de massa.

         A semana que se findou com a festa da lavagem do Bonfim, onde fiéis, mas, sobretudo infiéis participaram do crtejo, o prefeito João Henrique, que não é mais calouro no poder, cunhou uma frase que deixou seus interlocutores admirados durante a posse do secretário Paulo Mascarenhas. Ao se elogiar, destacando que já realizou em dois anos mais do que seu antecesssor em oito, fraseou: "É a história da pata e da galinha. Enquanto a galinha sai cacarejando a cada ovo que põe, a pata produz muito mais e fica quieta".

         Depois, à moda Lula, queixou-se que a imprensa se "esforça" em jogar pedras na sua administração, mas, "mal sabem que as pedras são muito pesadas e as flores muito mais leves". O prefeito, ademais, esteve com o governador para pedir ajuda à sua administração inflacionou a verba do Carnaval de 10 para 20 milhões em gastos e sua visita até que já teve algum resultado: Wagner anunciou que vai liberar 4 milhões para o Carná.

          Falar em Wagner e gafes, na semana das indiscrições, sua excelência optou por comparecer a posse do novo presidente da OAB e seus conselheiros, justamente no mesmo dia e hora de abertura da Expo Salvador Negroamor. Cerimonial tem dessas encrencas. Negões ou engravatados? Alguém deve ter tido assim: a OAB é mais importante e lá foi o governador para o Centro de Convenções.

         Para sua surpresa, ao ser conduzido à mesa, eis que, um locutor ao estilo apresentador de vaquejada anunciou: - E agora, sua exceééélência, doutooorrr Jacques Waaaagner. O governador tomou um susto pensando que essa performance do locutor fosse só com ele, mas ledo engano: - Agora, vamos chamar o doutoooorrrr César Briiiiito e assim seguiu até reforçar nos agudos e vogais bem na hora de Sauuullll Quaaaadros.

         O governador ficou preocupado que o locutor pudesse puxar um berrante daqueles que Sérgio Reis usa na TV e ficou na dele, mas, todo mundo estranhou que o boiadeiro-de-cerimônia não tivesse convidado à mesa diretora da posse a secretária da Justiça, Marília Muricy, e o presidente da Assembléia Legislativa, Clóvis Ferraz, mesmo depois que o dito entronizou Fernando Schmidt, e o presidente, em exercício da Câmara de Salvador, Alfredo Mangueira.

         Ferraz, que não é da corrente política do gov, pegou o boné e foi embora. Aliás, sem boné, pois Ferraz não põe esse tipo de peça para machucar sua cabeleria.

         Depois vieram os discursos. O locutor anunciou: - Com voooocês a palavra do doutooorr César Briiito. Este senhor, o qual é secretário geral da OAB e futuro presidente, sobrinho do ministro Carlos Ayres de Brito, poeta como o tal, para exercitar sua erudição sergipana começou a dissertar sobre as naus, a trajetória das naus, uma peça tão barroca que se assemelhava à travessia no Atlântico nos templos de Tomé de Souza.

         O governador deve ter pensado: meu Deus, que vim fazer aqui. Enquanto isso, no Solar do Unhão, mais de 500 negões e negonas da diáspora africana parlavam e cantavam.

         E lá se foi à nau da OAB embalando. Veio à fala de Saul e o novo presidente, certamente querendo ser simpático ao gov, sentou à pua em Dinailton Oliveira, o ex-presidente da ordem, e disse (no ipslitere): - Estamos na mesma nau. V. Exa. encontrou o Estado como achei a OAB, com enormes dificuldades financeiras, mas vamos superá-las. Fechou-se o pano.

         Wagner olhava para Smidt e pedia pelos céus que a cerimônia fosse encerrada. Mas, qual nada, foi dada a palavra a S Excia, o qual, meio atordoado com tantas mancadas, se esqueceu do nome da professora Líliana Mercury, da UCSAL, mãe da cantora Daniela Mercury, e saúdo-a: - Desculpe, mas não sei o nome da senhora. Em seguida, virando-se para um engravato cumprimentou-o: - Quero saudar o amigo que se está aqui é importante.

         É o governo que está chegando. O perdão deve ser consentido a esses tipos de despautérios como diria o saudoso confrade Armando Nogueira, que Deus o tenha em boa hora nesta segunda gorda da Ribeira.


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