Política
Tasso Franco
18/08/2014 às
11:57
O imponderável nas eleições presidenciais e a presença de Marina
Uma reviravolta na campanha presidencial está acontecendo
1. As eleições presidenciais 2014 vão ser disputadas sob o signo do imponderável. Ninguém trabalhava com a hipótese da morte de um dos candidatos e que acontecesse uma comoção dessa natureza bastante difundida pela midia.
2. Se Eduardo Campos até a última entrevista no JN na terça-feira, menos de 24 horas do trágico acidente que o vitimou em Santos, era um nome pouco conhecido do eleitorado como um todo no país, passou a ser um ícone da campanha e se tornou nacional após esses atos que aconteceram em Recife, e esse caldo de cultura emotivo será levado à campanha.
3. Ninguém tem dúvida disso tanto que os candidatos que disputavam com ele o pleito vão homenageá-lo no primeiro programa de TV que vai ao ar na terça-feira, 19, e todos estiveram em Recife prestando condolências à familia do ex-governador e participando de atos religiosos.
4. Em especial, até por ser a herdeira de Eduardo na chapaa, Marina Silva teve um lugar destacado embora se mantivesse sempre discreta como aliás, recomendava a ocasião.
5. Sabe-se, no entanto, que a densidade eleitoral de Marina era (e é) superior a de Eduardo e tem um discurso muito mais entendível, o que se chama na linguagem popular de direto, franco, contra Dilma e o PT; e também conta Aécio e o PSDB.
6. Se Campos se dava bem com Aécio e houve até um momento em sua campanha que ele tentou se afastar dessa relação, até para o eleitor entender que eram duas propostas diferenciadas em jogo, com Marina não tem conversa, ainda que o PSB esteja alinhado com Geraldo Alckmin na indicação do seu vice, em SP; e com o PT de Lindenberg Farias com a candidatura ao Senado de Romário, no Rio de Janeiro.
7. Marina já disse que vai seguir os compromissos do PSB, mas, ninguém saberia dizer como seria isso. Com Campos, o PSB do seu avô Miguel Arraes e outros nomes históricos, o candidato a presidente estava à frente do partido, mais moderno do que os ideias do partido isso desde que foi governador de Pernambuco.
8. Ele era um conciliador e sabia manobrar em todos os sentidos, sem perder a ternura e o ideário do partido. A questão que se impõe agora é saber se o PSB vai ficar refém de Marina ou vice-versa.
9. Ora, Marina, pelo que se conhece de outras campanhas passadas, tem uma personalidade fortissima e leva vantagem diante Campos porque tem uma densidade eleitoral própria, haja vista os 20 milhões de votos da campanha passada que obteve com apoio das redes sociais.
10. Há, ademais, de acordo com as pesquisas, 1/3 do eleitorado que não iria votar ou brancos/nulos e não sabem e esse contingente pode se inserir de novo no processo político diante dessa parte emotiva que vai se revestir a campanha e da presença de Marina.
11. 6. No plano politicos os ajustes deverão ser feitos em todos os partidos e candidatos, salvo naqueles que estão apenas participando e não competindo.
12. Também de acordo com as pesquisas há, entre os brasileiros, um desejo de Mudança e uma alta rejeição a Dilma, ainda que ela lidere as intenções de votos e seja a favorita no pleito, pois, até então, nem Aécio; nem Campos tinham conseguido encaixar um discurso que se tornassem a cara da mudança, tanto que Aécio vem patinando entre 22% e 23%; e Campos entre 9% e 11%.
13. Pode ser que, com Marina, a população enxerge nela essa cara da mudança.
14. Evidente que o jogo não está zerado como dizem alguns analistas mais apressados porque Dilma tem seu potencial de votos com o PT e Aécio também. Daí que se imagina que ambos deverão seguir as estratégias que traçaram na inicial. Dilma mostrando o que fez (ela e o PT) pelo Brasil e Aécio por Minas.
15. No decorrer do processo, se o lado emotivo for abraçado pelos brasileiros, aí vão ter que mexer em suas estratégias, não de forma radical, mas, também, participando do jogo da emoção. Na primeira campanha de Lula, com Duda Mendonça à frente do marketing, houve muito isso e Lula se deu bem.
16. De toda sorte, entra-se na fase decisiva da campanha o horário eleitoral, os debates e o último mês com esses novos componentes. Evidente que, na eleição estadual da Bahia, esse fator também está em jogo e que ninguém despreze a senadora Lidice da Mata nem fique pisando em seus calos.
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