O governo Jaques Wagner (PT) está completando seis meses à frente dos destinos da Bahia. Evidente que um governo se mede pelo conjunto de sua obra durante o período de quatro anos.
Mas, os 100 dias e os seis meses, sempre são emblemáticos para qualquer administração, uma vez que determinam a largada do carro na pista, a velocidade com que o espectador assistirá a arrancada; e a sua estabilidade durante o decorrer da prova com sinais de competitividade e êxito.
E o que se vê, até então, foram uma largada ao estilo Rubens Barichello, bastante tímida para a expectativa criada a partir da sua campanha política e das esperanças de renovação e mudanças tão comentadas pelo PT; e uma atuação subseqüente no modelo Montoya, colombiano que sempre parecia a ponto de conseguir uma vitória, dava sinais de ímpeto, porém, derrapava.
O que se passa com o governo Wagner? Vai ser igual ao governo Waldir Pires (PMDB/1987/89)?
Esta é uma pergunta que muita gente tem feito catalogando alguns sinais de semelhança, diante das incertezas presenciadas no decolar da nave administrativa, e até mesmo no plano político com uma provável candidatura Wagner à Presidência da República, em 2010.
Os sinais de semelhança com Waldir são evidentes. O governador ainda não apresentou um projeto para a Bahia, diz-se que estaria em construção, as ações administrativas são lentas, há uma crescente presença do sindicalismo em setores estratégicos (Fazenda e Saúde), a Educação vive momentos de perda de valores no saber, o Turismo capenga, a Cultura está reconstruindo um modelo, a violência é crescente e assustadora, e os setores de infra-estrutura, indústria, comércio e tecnologia ainda não mostraram as suas caras.
Pra completar, à semelhança do momento waldirista, o governo se comunica muito mal e de forma amadorística.
O PT faz, portanto, um governo feijão com arroz, sem uma cara nova, uma gestão modorrenta, sem um projeto inovador. Tudo aquilo que a população que votou maciçamente em Wagner não imaginava está acontecendo.
É de se pontuar que Wagner realiza um governo à altura do que a população imaginavou e acreditou em depositar o seu voto de confiança?
Creio que não, embora não esteja fazendo este comentário com base em pesquisas de opinião e pode ser até que os conceitos aqui emitidos sejam contrários aos traduzidos pela população, em notas de bom/ótimo; regular/péssimo.
São, no entanto, pontos de vista de quem está acompanhando a administração desde a vitória do PT, em outubro do ano passado, e de quem acompanhou a trajetória do governo Waldir Pires (1987/89), ainda como assessor de imprensa daquela campanha, e, posteriormente, numa análise posta no livro O Círculo do Poder na Bahia que publiquei.
As queixas atuais que chegam ao conhecimento do meio político são muito parecidas: falta de apetite para governar, ações administrativas de mudanças de gestão no interior muito lentas, secretários que dizem uma coisa e fazem outra, prioridades invertidas, promessas não cumpridas, expectativas quebradas, enfim, um corolário de questões sintomáticas do período waldirista, embora com a diferença de que, o governador Wagner conta com o apoio do presidente da República, seu aliado político; e, em 1987/89, Waldir não contava com o então presidente José Sarney.
No plano político, há uma certa analogia histórica com Waldir na medida em que Wagner poderá ser o candidato do PT à Presidência da República, em 2010, evidentemente, com muito mais chances de chegar ao Palácio do Planalto, do que na aventura waldirista, inicialmente no confronto com o timoneiro Ulysses Guimarães (PMDB) e depois ao seu lado como candidato a vice-presidente, passando o governo a Nilo Coelho, new-peemedebista.
Em 2010, caso isso aconteça, e na política tudo é possível, eis aí outra coincidência na razão de que o vice-governador da Bahia, Edmundo Pereira, integra o quadro do PMDB, e outro peemedebista coroado, o ministro Geddel Vieira Lima, da Integração Nacional e da cúpula deste partido, em Brasília, sonha com as águas do São Francisco chegando as terras do Nordeste irmão, porém, sonha mais é com as águas vistas do morro de Ondina em direção ao mar.
Seis meses, pois; se passaram da era Wagner. Pálidos. Desgastantes. Frustrantes para uma grande parcela da população que apostou na construção de um novo modelo de gestão, de forma rápida e objetiva.
E não esse feijão com arroz que está sendo servido.
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