O episódio da corrupção na Polícia Militar sangrou a Corporação. O clima entre os 35 coronéis da instituição quase bicentenária (184 anos) é de perplexidade, angústia, decepção e raiva. Esses foram os sentimentos passados ao BJá por um desses coronéis, neste domingo, entendendo que, somente o tempo, o senhor da razão, será capaz de minimizar essa dor.
Parte dessa mágoa, da raiva, se direciona ao coronel Jorge Santana, até então, considerado um ícone, um símbolo da PM.
O alto comando da PM da Bahia é constituído por 35 coronéis, sendo 31 deles na tropa propriamente dita, no comando geral, logística, planejamento, batalhões e outros, e 4 nas assistências militares da Assembléia Legislativa, Casa Militar do governador, Tribunal de Justiça e Comando Geral. A diretriz máxima desse alto comando se fixa, como prioridade número 1, na conduta.
No meio militar, a conduda, o valor da hierarquia, a ética e a disciplina, mesclados uns com os outros, são os esteios essenciais para manter a tropa unida, coesa, altiva e também sob controle. No momento em que, esse comando deixa que esse pilares sejam trincados, sangra. Perde-se a condição de impor a tropa os princípios estabelecidos no poder hierárquico da farda e da moral.
Esse coronel com quem falei disse-me que alguns coronéis na ativa choraram de decepção, dor e raiva diante do episódio, ainda em andamento processual, mas, com provas tão evidentes de fraudes, que, dificilmente, este caso se encerrará como aconteceu ao comandante Souza Filho, enxovalhado inicialmente, e, posteriormente, inocentado pela Justiça.
Disse-me ainda este coronel que a PM, como Instituição, está acima dessas questões, e vem sendo conduzida por um comandante extremamente austero, o coronel Nilton Mascarenhas, de resto, um dos quais teve esses sentimentos de angústia e raiva. Quem acompanhou a expressão deste coronel na coletiva do secretário de Segurança Pública viu as expressões de dor de Mascarenhas.
Para concluir, o coronel que conversou com o BJA destacou, também, que a conduta da SSP na exposição do episódio à midia, não representa uma queda-de-braço entre as policias Militar e Civil, nem muito menos com o secretário César Nunes, na medida em que se trata de uma questão de Estado. Não há choques nem confronto e/ou interposições de papéis, e sim uma investigação e processos em curso.
Muito menos, se supõe, com a postura do governador Jaques Wagner e as ações tomadas pelo governo de investigar a sí próprio num caso tão rumoroso envolvendo superfaturamento e corrupção. Aqui está a base da questão: não permitir que o sangramento da PM atinja o coração do governo.
Se isso será possível, só o tempo dirá.
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