Política
Tasso Franco
31/10/2012 às
15:12
ALGUNS MOTIVOS QUE LEVARAM ACM NETO A VENCER A ELEIÇÃO
Neto teve competência politica de se aliar ao PSDB e detonar a candidatura Imbassahy
Comentamos neste BJÁ sobre “Alguns motivos que levaram Pelegrino a perder a eleição” em Salvador, na nossa ótica.
Hoje, vamos abordar alguns motivos que levaram ACM Neto à vitória, os méritos do candidato do DEM, ainda que alguns deles estejam relacionados ou tiveram forte influência nas questões que prejudicaram Pelegrino.
A campanha de ACM Neto, no entanto, tem méritos próprios e destacaria, entre eles, a determinação política do deputado em se apresentar como candidato, decisão que foi tomada após o Carnaval de 2012 e desagradou ao PMDB e ao PSDB, mas, insistiu porque era dono dos votos (deste então, o melhor pontuado nas pesquisas internas) e “arrombou” a cerca do PSDB local e obteve a aliança em SP, com Serra e Jutahy, colocando Imbassahy à escanteio e conseguindo, assim, os almejados 5 minutos de televisão; a aliança com o PV, o que lhe garantiu ser protegido nas questões relacionadas ao meio ambiente, política de cotas e sustentabilidade; apresentou um programa de governo bem elaborado; o apoio do PTN de João Bacelar partido que elegeu 6 vereadores; centralizou seu “fogo cruzado” no governo Wagner, com baixa avaliação de ótimo/bom na capital; adotou a prática da mudez em relação aos governos João Henrique e Dilma Rousseff, com a presidente admitindo apenas a relação institucional; desconheceu o ex-presidente Lula não adicionando nenhuma nova critica ao petista (em líder não se passa, teria sido aconselhado); venceu todos os debate tete-a-tete com Pelegrino; e produziu um marketing político no segundo turno, em igualdade de condições com o petista, bem melhor; montou uma equipe jurídica comandada por Ademir Ismerim da melhor qualidade; tem carisma pessoal; soube cativar os antigos carlistas (de ACM) reativando essa “militância” que estava com Wagner atravessado na garganta.
No geral, esses foram os principais motivos que levaram ACM Neto à vitória administrando cada ponto com competência, sem cometer deslizes, mesmo quando teve a maior baixa durante a campanha quando o PT trouxe à telinha o discurso da “surra” em Lula, momento ainda no primeiro turno que levou a campanha Pelegrino às alturas em termos percentuais de votos (Neto chegou a discutir com seu pessoal do marketing político no estilo bate-boca), porém, teve frieza ao não responder essa “provocação” do PT deixando o tema à missão do jurídico, que acabou conseguindo retirar a peça do ar.
Aquele comercial do PT em que aparece um senhor (popular) comentando a “surra” de Neto em Lula (oia, oia, se ele quer fazer isso com o presidente, imagina ...) foi a melhor do marketing de Pelegrinho (estranhamente foi veiculada pouco ou quase nada no segundo turno) e causou um enorme impacto na população e trincou a candidatura do democrata. Neto, no entanto, seguiu sua trilha sem se posicionar na defensiva, ainda que tenha cometido um ato falho de marketing ao tentar justificar a “surra” porque sua família teria sido atacada pelo ex-presidente e parou por aí.
O melhor do marketing de Neto, no segundo turno, foram os comerciais de desqualificação de Pelegrino como coordenador da segurança de Wagner quando secretário da Justiça (Testado e Reprovado, segundo o DEM) o que colocou o candidato petista frente ao tema mais preocupante da cidade, a violência, numa permanente defensiva na reta de chegada da campanha.
Neto venceu todos os debates do 2º turno contra Pelegrino. Debates são muito mais importantes do que os programas eleitorais dos partidos, com muita propaganda, promessas e pouca realidade. Nos debates, o eleitorado tem a oportunidade de julgar, independente das promessas de campanha quem está mais preparado. Ninguém comenta sobre um debate que fulano foi melhor porque apresentou as propostas mais conseqüentes para a cidade. Isso não existe. Os comentários sempre se situam no que foi melhor porque é mais preparado, mais firme, fala melhor e assim por diante.
E aí Pelegrino tropeçou feio. No primeiro debate do segundo turno na Band chegou a ser humilhante. Pelegrino esteve apático, tropeçou nas palavras, se apresentou com semblante cansado (o que deu a sensação de derrota, de abatido) e Neto atropelou.
No segundo, na TV Itapoan, alertado até por comentário deste BJÁ, Pelegrino melhorou um pouco, ainda assim, logo na primeira pergunta se destemperou.
Na TV Aratu, terceiro embate, mais uma “surra” com Pelegrino tentando, de toda forma “colar” Neto em JH, quando o PT apoiou o prefeito em 2004 e Pelegrino indicou seu secretário da saúde. O pior deste debate foi que a vice de Pelegrino, Olivia Santana, teve oportunidade de falar num confronto com a vice de Neto, Célia Sacramento, e aí, aos olhos dos telespectadores ficou a impressão de que Olivia, sim, era melhor do que Pelegrino. A chapa ideal, portanto, (em tese) seria Olivia/Pelegrino e não o inverso.
Finalmente, no último debate da TV Bahia, a melhor performance de Pelegrino, ainda assim Neto à sua frente, faltando 48 horas para o pleito, o eleitorado não se moveu. Quem era Neto ou votava em Neto continuou assim; e quem votava em Pelegrino, idem-idem. Foi o debate da conciliação, da pacificação, de uma frieza geral, e Inês estava morta.
Talvez o ponto mais forte de ACM Neto tenha sido a capacidade que teve de “vender” à população um projeto político que poderia “caminhar com suas próprias pernas”, com independência, altivez, fazendo contraponto ao projeto de Pelegrino muito alinhado, quase uma submissão do projeto Lula/Dilma/Wanger o que ensejou ao candidato democrata em falar de “muletas”, de mostrar que, com Wagner, essa aliança era capenga e isso elevou a auto-estima da população favorecendo bastante o candidato.
A população de Salvador não vota ideologicamente. Em parte, nas áreas mais pobres, vota para ter benefícios de infra-estrutura urbana. E, em parte, a maioria, vota por paixão, por amor a um candidato, independente que seja de direita, de centro, de esquerda. Daí que, a tese de Pelegrino de alinhamento incondicional aos governos Wagner/Dilma para tirar Salvador do buraco não surtiu o efeito tão desejado, da maioria, porque, salvo o Hospital do Subúrbio e as Bases Comunitárias, obras mais importantes do governo do ponto-de-vista popular (e eleitoral), existe pouco a apresentar.
Já no final do primeiro turno destaque-se a competência política de Neto em trazer para a campanha o ex-prefeito Imbassahy, o que agregou novo valor; e a aliança que fez com o PMDB, no segundo turno, mesmo que não tivesse conseguido o apoio de Mário Kértész que foi o candidato peemedebista no 1º turno.
Esta nova aliança, PMDB, (do partido com vereadores) ajudou a aproximar o candidato do governo federal uma vez que Michel Temer, amigo de Geddel, é o vice-presidente da República.
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