Política
Tasso Franco
31/10/2012 às
13:33
ACM Neto promete austeridade máxima no serviço público. Não existe.
O novo prefeito pode até conseguir implantar algum projeto nesse sentido, moderado
1.Na primeira entrevista à imprensa do prefeito eleito ACM Neto, ontem, anunciou uma reforma administrativa na Prefeitura de Salvador, corte de aproximadamente 20% no custeio com comissionados e terceirizados, revisão nos contratos, e avisou que fará uma gestão “extremamente austera”. Durante a campanha, crítico da propaganda “fantasiosa” do governo do estado também anunciou que será franciscano nessa matéria.
2. Que ACM Neto vai fazer a reforma administrativa isso ninguém duvida. É real. Que pode reduzir a quantidade de comissionados também é factível. Revisar contratos, idem-idem. Agora que vai fazer uma administração “extremamente austera”, isso não existe no serviço púbico. Salvo se conseguir mudar uma cultura que vem desde Tomé de Souza, há 463 anos. Seria um feito e tanto, mas, ninguém acredita.
3.Veja o seguinte: cada secretário e diretor de órgão da Prefeitura tem um veículo à disposição, celular pago, gabinetes bacanas, assessores à mancheia, secretárias e outras mordomias inerentes ao cargo. Até cartão corporativo. Alguns usam esses equipamentos fora do expediente de trabalho.
4.Como a Prefeitura não tem salários competitivos com a iniciativa privada no segmento executivo do alto escalão, salvo raras exceções que existem entre os servidores de carreira, usam-se alguns desses artifícios e adicionais complementares de salários (jetons) integrando essas pessoas a ganhos das empresas municipais. Sem isso, não dá para atrair quadros de alta qualidade.
5.Uma política de austeridade como existe no setor privado para redução de custos em água, luz, gasolina, telefones, desligar ar condicionado etc no serviço público ninguém consegue implantar. Pode atingir objetivos em parte, quando muito.
6.Quanto a propaganda existe uma rubrica da SECOM com orçamento próprio e quadro funcional definido há muitos anos. Se Neto acabar com a SECOM criando um DEPOM ligado a Casa Civil pode até reduzir o valor da rubrica dos atuais R$25 milhões/R$30 milhões ano, para algo menos, mas, terá que ter algum valor expressivo.
7.Comunicar-se numa cidade de 3 milhões de habitantes só com a mídia jornalística seria um risco imenso. Ademais, os veículos não vivem de brisa e água fresca. Cobram, pedem e até exigem contraparidas senão os espaços da mídia jornalística na difusão dos feitos da Prefeitura se tornam zero e as criticas ao prefeito ascendem a 10.
8.Claro que o prefeito pode até adotar uma mídia institucional mais profissional, sem as prováveis atuais mesadas existentes, aquelas que só se fala bem do prefeito, e reduzir o orçamento. Mas, obrigatoriamente tem que existir. De cara, o prefeito vai enfrentar o Carnaval e a comunicação vai sentir os efeitos desse enxame das abelhas.
9.Daí que, Neto, para cumprir o que falou na primeira entrevista, terá que mexer numa cultura centenária e não sei se terá peito, logo de cara, para enfrentar uma parada dessa natureza.
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