O ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, bem ao seu estilo fez dois movimentos ousados nesta terça-feira, 18, ao colocar os cargos que dispõe na estrutura administrativa "à vontade ou à necessidade" do governador e eleger o novo presidente do Esporte Clube Bahia, o deputado Marcelo Guimarães Filho, Marcelinho, do quadro do PMDB.
Com essa postura, sobretudo a primeira, Geddel praticamente decide pelo rompimento da aliança PMDB e PT, formatada em 2006 e que ajudou, e muito, a eleger o governador Jaques Wagner.
O ministro sustenta seu ponto de vista em artigo no jornal A Tarde, o de maior circulação no Estado, posto aí exatamente para que os seus correligionários no interior o leiam e difundam nas emissoras de rádio regionais, com base em "princípios" daí "não seguiremos se não forem eles a nos guiar".
Geddel lembra a eleição do prefeito João Henrique, na capital, e destaca que o PT "sócio do poder" quebrou esses princípios éticos com base num pragmatismo não aceito pela população. E, por fim, deixa clara sua posição em relação a 2010, de que não será candidato a deputado federal.
Não são meias palavras. São palavras inteiras pontuadas na seguinte frase: "Se torno público esta decisão, com dois anos de antecedência, com total desapego e com o coração aberto ao diálogo e à conciliação, é porque não tenho nada, nada, a exigir ou a oferecer, além de princípios".
O governador Wagner está colocado contra a parede. Se, a essa altura do campeonato optar pela conciliação desmoraliza a sua autoridade política e administrativa, além de sofrer forte pressão de sua base petista, já exposta recentemente de forma aberta pelos deputados Luis Bassuma e Geraldo Simões.
Desta feita, o assunto posto dessa maneira, através das páginas de A Tarde, a Wagner só resta a saída de aceitar os cargos de volta e tocar sua administração sem o PMDB. O governador, de fato, já vinha costurando novas alianças com o PP, PR, PDT e PRTB visando o fortalecimento de sua base política na Assembléia Legislativa, exatamente para não precisar do PMDB.
A questão é que o 'time' de Wagner, ao que se comenta nos corredores da ALBA, era só tomar essa atitude após as eleições na UPB e na Presidência da Assembléia. Mas, diante da investida de Geddel, Wagner, provavelmente, deve antecipar essa decisão e romper com o PMDB.
Romper não seria bem a palavra. O jogo é sutil e Geddel lançou no cenário o termo "princípios" exatamente para complicar a separação. Wagner terá que usar a imaginação e seu saber político para afastar-se do PMDB sem que, no discurso da futura oposição, possa ser acusado de quebrar esses "princípios", como aconteceu com Pinheiro em relação a João Henrique.
Daí que, na Suécia, de retorno a Salvador na próxima quinta-feira, o governador tem muito que pensar e agir com a devida cautela para sair dessa sinuca de bico. Lembrando, ainda, que a bola sete mora em Brasília, o presidente Lula da Silva, amigo e correligionário de ambos.
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