Política
Tasso Franco
29/04/2007 às  20:02

ATÉ ONDE VAI A SABEDORIA POLÍTICA DE JOÃO HENRIQUE

O prefeito João Henrique diz que trabalha para manter a unidade


    A pergunta que políticos e dirigentes partidários estão a fazer, entre si ou em encontros, é saber até onde vai a sabedoria política do prefeito João Henrique.
    Trata-se, pois, de uma icógnita, sobre a qual ninguém tem uma resposta pronta e acabada, até porque, tantos são os lances assemelhados a uma partida de xadrez praticados pelo prefeito que, sempre ficará a dúvida. Ou, as dúvidas.

        
    O certo é que João Henrique, em sua última jogada, deu um nó na cabeça dos petistas; desconheceu às críticas de dirigentes do PSDB, seu aliado de primeira hora; desconsiderou completamente o seu partido, o PDT; anunciou seu ingresso no PMDB, disse que graças a sua ação foi refeita a aliança PMDB/PT; e não deu bolas para os nanicos PSB, PCdoB, PSC e PPS.


    Para coroar sua sabedoria política destacou, em coletiva à imprensa, que estava fazendo tudo isso pela unidade.

    
    Que a cidade não quer desentendimento, que "nós precisamos colocar Salvador na rota de grande destino e armar as forças para que a capital seja melhor beneficiada".


    Ou seja, eu sou o rei (João) e em torno de mim gravitarão os meus súditos, entre eles, o governador Jacques Wagner e o presidente Lula da Silva, os quais, graças ao espírito federativo determinaram "a retomada das obras do metrô", a seu pedido (do rei).


    E outros súditos de menor calibre, Jutahy Magalhães e Antonio Imbassahy (PSDB); Nelson Pelegrino (PT), Lídice da Mata (PSB), Átila Brandão (PSC), Alice Poertugal (PC do B), Severiano Alves (PDT), os quais, na ótica do prefeito devem continuar no bloco de alianças para o bem de Salvador.


    O Democratas só não entrou na lista porque, não faz parte do bloco de coalização. Mas, se bobear, e desejar se alinhar nessa aliança pela grandeza de Salvador, tudo bem, desde que diga amém ao prefeito.


     Causou ainda maior curiosidade no meio político o fato de João Henrique, no meio desse furacão todo, em lance ainda mais audacioso, pois já sabia que seu destino era o PMDB, convidar o coordenador da bancada federal da Bahia, deputado Walter Pinheiro (PT), para ser seu secretário de governo.


     A se dizer, pois, que foi mais um lance de extrema ousadia, porque Walter é um dos candidatos a candidato a prefeito da capital pelo PT, em 2008, com chance real de vitória. Em tese, portanto, senão adversário de João, pelo menos concorrente.


      Mas, na concepção do prefeito João Henrique o deputado Pinheiro, assim como o companheiro Pelegrino, faz parte da base aliada, e, quem sabe, são nomes ótimos para serem seu vice, ou um; ou o outro, até porque o prefeito defende a unidade. Nesse caso, então, tanto faz como tanto fez.


      O presidente do PT na Bahia, Marcelino Galo, entende que a decisão do prefeito em ingressar no PMDB faz com que ele se integre de forma mais sólida à base aliada.

     Alias, João em sua fala à imprensa, disse que o PMDB é um partido "leal, fiel e forte aliado", dando, assim, uma ferina estocada no PDT e no PSDB.


     Mas, de sua parte, o presidente Marcelino, o qual, não é bobo, deixou entre aspas a integração do prefeito a essa base aliada, uma vez que, também em tese, coalizão por coalizão, João poderia ser candidato à vice numa chapa com o PT na cabeça.


     Seria, nesse caso, uma troca de sapiência política, na medida em que, a cabeça principal da base aliada no Estado é o governador Jaques Wagner, a quem, durante a última campanha o prefeito emprestou um discretíssimo apoio, entendendo que o então governador Paulo Souto poderia ser reeleito, o que resultaria agradável devido ao enfraquecimento do PT na capital.


    Como o eleito foi Wagner, o prefeito jura de pés juntos que sempre esteve com ele e graças a isso recebe total apoio ao seu governo, tanto do governador, como do presidente Lula. Óbvio que, nem Wagner; nem Lula acredita nessa conversa do prefeito.


    Daí que, expostas essas linhas, chegando-se ao maio das chuvas, perduram-se as dúvidas sobre até onde vai essa sabedoria do prefeito. Prossegue nesse ritmo agradando a todos e pondo-os sob sua proteção? Os políticos já perceberam que seu discurso se reveste de uma retórica confiável/inconfiável? A maioria dos políticos vai seguir aceitando seus argumentos ou vai dar um basta, de imediato, às suas articulações?

     A semana que se inicia com o dia do trabalhador promete novos desdobramentos. Mas, na visão do prefeito, todos devem seguir em sua direção, porque só ele represena a unidade.


     Se o prefeito vai conseguir seu intento até 2008, só Deus e os políticos saberão dizer. Por ora, vai levando a melhor.


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