O candidato a reeleição a prefeito de Salvador, João Henrique (PMDB), usou uma máxima cristã que vem sendo estabelecida como um dogma da Igreja Católica Apostólica Romana, de utilizar o apóstolo Judas Iscariotis, como traidor de Jesus Cristo, co-responsável por sua morte a partir do Horto das Oliveiras.
Ser "Judas" passou a definir um traidor, aquele que negou a Cristo. E, quando assim o fez, cometeu um ato imperdoável. Ao longo dos séculos, a teologia da Cúria Romana difundiu essa "verdade" e assim chegou ao Brasil com a colonização portuguesa, com expressão mais visível durante a Semana Santa, quando "malha-se" o Judas no sábado de Aleluia.
O Evangelho de Judas é um documento apócrifo, atribuído a autores gnósticos escrito em meados do século II, composto de 26 páginas de papiro na linguagem copta dialectal que revela as relações de Judas com Jesus sob uma outra perspectiva: Judas não teria traído Jesus, e sim, atendido a um pedido deste ao denunciá-lo aos romanos.
Desaparecido por quase 1700 anos, a única cópia conhecida do documento foi publicada em 6 de abril de 2006 pela revista National Geographic.
O manuscrito, autentificado como datando do século III ou IV (220 a 340 D.C.), é uma cópia de uma versão mais antiga redigida em grego.
Contrariamente à versão dos quatro Evangelhos oficiais, este texto clama que Judas era o discípulo mais fiel a Jesus, e aquele que mais compreendia os seus ensinamentos. O seu conteúdo consiste basicamente em ensinamentos de Jesus para Judas, apresentando informações sobre uma estrutura hierárquica de seres angelicais e uma outra versão para a criação do universo.
Desde que o documento foi publicado pela NG, a cúpula da Igreja tem se esforçado para manter a tese original de que Judas foi um traidor, mas, perdeu seu fundamento essencial junto aos meios teológicos mundiais, na midia especializada e no meio intelectual.
Evidente que ainda passarão anos, talvez séculos, para que a nova versão (Judas sendo o melhor amigo de Jesus) seja disseminada no mundo cristão católico dada a força da Igreja Católica junto aos seus fiéis e na admissão (que certamente nunca virá) dessa relação de amor pefeito entre Judas e Jesus.
João Henrique (que por final tem nome de um dos apóstolos) usou a expressão corrente atribuindo a Walter Pinheiro (que é evangélico tanto quanto João, o prefeito) a pecha de Judas, o "traidor", porque o PT saiu do seu governo aos 45 minutos do segundo tempo depois de usufruir de sua amizade (Jesus, o bom) e tê-lo deixado no Tomé de Souza (o Horto das Oliveiras) para ser crucificado pelo povo (os romanos).
Durante a campanha política do primeiro turno, a campanha do PMDB já havia posto esse carimbo (de traidor) em Pinheiro. Agora, reforçado com o advento do "apóstolo" João ao classificá-lo como Judas.
É um dado novo em campanhas políticas na capital baiana, a terra de todos os santos, orixás, inquices e caboclos, trazendo para o centro do debate cenas do Evangeliário.
A propósito, o cardeal Geraldo Majella, arcebispo primaz do Brasil e que mora em Salvador e cuida do rebanho baiano, a quem os candidatos passaram para ouvir seus ensinamentos, é especialista nessa matéria.
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