Nunca as pesquisas de opinião causaram tanta polêmica nas eleições de Salvador como na eleição deste ano. Os três institutos nacionais - Vox Populi (4), Ibope (5) e Data Folha (7) realizaram 16 pesquisas ao longo da campanha , entre os dias 19 de julho até o último sábado. E, diante das diferenças de números de um para o outro, houve reclamações generalizadas, salvo em relação ao DataFolha que se tornou uma espécie de unanimidade. Deste, ninguém raclamou.
As maiores queixas foram direcionadas ao Ibope, sempre polêmico na Bahia desde a época da eleição entre Waldir Pires (PMDB) x Josaphat Marinho (PFL). Naquele momento, o Ibope apontou desde o início (maio/1986) uma vitória de Waldir com uma diferença extraordinária. A pesquisa foi encomendada pela D&E (agência de publicidade que fez a campanha do PMDB) e quando foi divulgada, os adversários de Waldir à época, governador João Durval e ACM sentaram à pua no Ibope. Waldir venceu com 75% dos votos válidos.
Com o decorrer do tempo, o Ibope passou a ser o instituto preferido de ACM, já como governador, em 1991, e seguiu com ele por longos anos. Mas, já nos anos 1990, o Vox Populi foi utilizado pelo grupo carlista para monitorar eleições na Bahia, especialmente em Salvador, o que aconteceu também com análises para Paulo Souto, César Borges e Antonio Imbassahy. O Ibope, ao contrário do que muita gente pensa, também era criticado no grupo carlista.
Na eleição passada, para governador, o Ibope sempre apontou uma frente de Paulo Souto sobre Jaques Wagner até os últimos dias da campanha. Wagner, com a Leiaute, monitorava a campanha com o Vox Populi e foi verificando, também no final da campanha, que não era bem assim. E venceu a eleição, sem surpresa para ele. Aliás, a surpresa ocorreu porque a vitória se deu no primeiro turno, coisa que nem o Vox conseguiu detectar.
Claro que as interpretações sobre aquela eleição, de 2006, foram as mais variadas (todo mundo, expressão entendida no geral, criticando o Ibope) sem levar em consideração o momento da pesquisa. Havia, como se sabe, um sentimento de mudança muito grande na Bahia (assemelhado ao que ocorreu em 1986, com Waldir Pires) diante da "fadiga de materiais" do grupo de ACM, o que sempre resulta em viradas impressionantes. E, de fato, essas mudanças só são perceptíveis com mais clareza no final da campanha, quando o eleitor decide realmente em quem votar.
Aí está uma das explicações porque Pinheiro, mesmo com o governador do PT, o presidente do PT, não conseguiu a sonhada virada no decorrer da campanha. Não há, na cabeça do eleitorado de Salvador, no momento, esse desejo manifesto de mudança, uma vez que o PT integrou a equipe da Prefeitura durante mais de três anos de gestão. Os institutos registraram sua trajetória, sempre em curva ascendente na medida em que foi ficando mais conhecido da população. E, evidente, com a força do poder estatal do PT e de sua militância, aproximou-se da liderança. Porém, nunca a ocupou. Tanto que, Pinheiro, sabiamente, não reclamou dos institutos.
No caso do candidato do PMDB, que criticou bastante o Ibope, suas ascensão (ou virada em relação a Neto) se deu no DataFolha somente no dia 1 de outubro. Fato que não se registrou nem no Ibope; nem no Vox Populi. Na última do Vox/A Tarde (divulgada no sábado com campo atrasado), João aparecia em terceiro lugar. Mas, o pau cantou só no Ibope devido a relação com a TV Bahia, como se a TV tivesse força de intervir no Ibope. Isso não existe. Assim como a Folha de São Paulo não interfere no DataFolha.
A partir dos resultados apresentados neste segundo turno, conhecidos os dois nomes que estão agora disputando o pleito, vamos fazer novas interpretações revelando as relações das pesquisas com os resultados oficias. O leitor (a) tem que entender que a cabeça do eleitor gira até o momento que ele chega na urna, daí que os institutos fazem os prognósticos de pesquisas de "boca-de-urna" no turno da manhã do dia da eleição, e registram algumas modificações.
O pleito de Salvador, salvo a queda de Imbassahy, que não conseguiu se manter na disputa com competitividade até o final, era esperado como apertadíssimo entre os três finalistas do processo. E os resultados oficiais confirmaram essa tendência. É importante também se dizer que resultado final não tem nada a ver com pesquisa inicial e estudo intermediário. Quem acompanha política sabe disso. Cresce-se e/ou desce-se no decorrer do processo. Um desses exemplos, em curso, foi o caso de Imbassahy, o qual, começou bem, mateve o fôlego intermediário e perdeu no pique final.
Por ora, também nada valem das projeções já feitas para segundo turno entre os candidatos que ficaram no segundo momento, em projeções do Vox e do DataFolha. Campanha de segundo turno começa do zero. É uma outra história que começará a ser analisada a partir de hoje. É claro que, agora, ficou mais fácil para o eleitor decidir diante da polarização inevitável.
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