Impressionante como as instituições nacionais gostam de agir contra a opinião pública. É uma contra-mão histórica que não dá para entender. Houve um esforço da sociedade enorme, com apoio de segmentos da Igreja Católica, para aprovação da Lei da Ficha Limpa, e, quando se imaginava que personalidades como Maluf, Garotinho, Jader Barbalho e outros estivessem banidas da política, o vice-presidente da República eleito, Michel Temer, recebe em audiência Maluf e o TSE, hoje, manda dar posse ao ex-governador de São Paulo.
De igual modo, quando há um esforço concentrado da sociedade para que o Brasil avance, que ganhe dimensão internacional no campo da economia e da política, os deputados e senados aprovam reajustes salariais com percentuais que variam de 61.83% a 149% para os Poderes Legislativo e Executivo (as cúpulas). É uma situação tão absurda, sem a menor lógica, sem o menor respeito à sociedade, uma completa falta de compromissos com a Nação.
Há uma indignação geral no país sobretudo dos trabalhadores, das pessoas que vivem com recursos mínimos e que têm dificuldades enormes em quaisquer reajustes. É só olhar o que aconteceu com o Salário Minínimo e os pequenos avanços para os aposentados. Mas, nada disse sensibiliza o Parlamento. A lei no Congresso Nacional é só uma: primeiro somos nós. Depois o resto que se lixe.
Até se justificaria aumentos de salários para deputados e senadores, e isso tem um efeito cascata enorme nas Assembleia Legislativas e Câmara de Vereadores, porque a lei da proporcionalidade recomenda que todos sejam beneficiados com 70% dos valores aprovados na Câmara/Senado, se os parlamentares estivessem ganhando R$3 mil ou R$5 mil por mês. Porém, já percebem acima de R$17 mil e, agora, senadores e deputados receberão R$26.7 mil ao mês.
Diante de tal farra é claro que o Poder Judiciário também vai querer aumentos generosos, em 2011, os sevidores federais idem-idem, os estaduais e municipais da mesma forma, e assim sucessivamente. Hoje, em assembleia, na sede da Justiça Federal, em Sussuarana, os servidores do judiciário baiano decidiram interromper a paralisação e voltar ao trabalho na próxima segunda, depois de 30 dias paralisados.
De acordo com Rogério Fagundes, um dos coordenadores do Sindicato dos Servidores do Judiciário Federal na Bahia (Sindijufe-Ba), os servidores decidiram voltar as atividades mesmo sem terem suas reivindicações atendidas. A categoria acredita que as reuniões que vem acontecendo em Brasília, entre o presidente do STF, Cezar Peluso, e o Ministro Paulo Bernardo pode acontecer a assinatura de um acordo entre os dias 21 e 22, quando será votado o OGU para 2011.
É claro que não vai dar em nada porque o governo sinaliza cortes no OGU em R$40 bilhões. O Orçamento chegou ao Congresso Nacional inchado e com receitas superestimadas. E, o que é pior, parlamentares vão criando novas receitas fictícias, como se dinheiro caisse do céu. Para a Bahia, a bancada espera carrear R$500 milhões, em 2011. Só no sonho. Na realidade, o valor será bem menor e vai depender do giro das economias mundial e nacional.
É isso: pense num movimento de austeridade, de ajuste econômico, de moralidade política no Brasil, que, quase com certeza, as instituições nacionais se movem noutra direção.
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