1. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu indiretamente a permanência no cargo do ministro da Educação, Fernando Haddad. "Não sei se Fernando vai ficar na educação [...]. Não posso indicar ministro... Se pudesse, pediria uma vaga para mim", disse Lula, que foi aplaudido durante inauguração de escolas técnicas e campi universitários no Palácio do Planalto, nesta segunda-feira.
2. Por 30 minutos, o presidente falou sobre os avanços na área e disse que não discursaria, mas agradeceria Haddad e sua equipe pelo trabalho que vêm desempenhando desde 2005.
3. "Fizemos tudo? Não. Mas começamos e foi um extraordinário começo", afirmou. Apesar da indireta, Lula repetiu que a presidente eleita, Dilma Rousseff, tem de montar um ministério a sua cara e semelhança. "Se você monta o time e não controla os jogadores, os jogadores derrubam o técnico", comparou.
4. Isso é o que Lula diz em público. Nos bastidores, até agora, nomeou todos os ministros: Guido Mantega (Fazenda), o chefe da Casa Civil (Antonio Palocci), a ministra do Planejamento (Miriam Belchior), e o presidente da Petrobras (Sérgio Gabrielli). E quer manter Fernando Haddad (Educação) e Nelson Jobim (Defesa). Por enquanto. Quando a disputa esquentar nas hostes do PMDB/PP/PSB ele entra e resolve.
5. Caberá a presidente eleita, Dilma Rousseff, pouca coisa. Por ora, está se comportando de cabeça baixa e aceitando tudo. Na Saúde, o governador Sérgio Cabral, fortalecido com os episódios no Rio de Janeiro, quer trocar José Gomes Temporão por seu secretário estadual de Saúde, Sérgio Cortes. É provável que consiga.
6. Cabral, se a operação cerco ao tráfico de drogas e a bandidagem no Rio obtiver êxito duradouro e não representar apenas um "fogo de palha", é um nome forte à presidência da República pelo PMDB, no futuro. Ninguém sabe qual será esse futuro porque Lula dá sinais de que sequer vai sair do governo, agora, quanto mais em 2014. E Cabral não é louco de enfrentar Lula.
7. Mas, a política é muito dinâmica e seu nome entra no tabuleiro dos futuros presidenciáveis. Dando certo o projeto Rio é só montar uma marca, um selo nacional, e espalhar a idéia no Brasil. Pronto: nasce o presidente. Pelo menos em tese. Essa é uma bandeira muito forte. Na Bahia, de 100 pessoas entrevistadas pelo jornal Massa, um tabloide popular de A Tarde, 100% dizem que o maior problema em Salvador é a falta de segurança.
8. Daí que essa Operação Rio lembra o mote dos marajás de Fernando Collor. Um achado. E que pode dar bons frutos a Cabral.
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