O prefeito João Henrique é mestre em marketing popular. Quem acompanha sua trajetória política desde a época de vereador, passando por deputado estadual até chegar a Prefeitura de Salvador vê que, sempre se valeu dessa atitude para alavancar sua carreira política.
É um mérito. Pode até se questionar métodos aqui e acolá que pratica, desde choro convulsivo a discursos inflamados. Mas, faz parte de sua personalidade política, está dando certo e o prefeito segue em frente.
Ontem, o prefeito partiu para uma atitude mais radical e fechou duas das mais importantes agências do Banco do Brasil na capital. Agiu de forma correta para fazer cumprir uma lei municipal uma vez que, esta Instituição, a julgar pelas multas que lhes foram aplicadas não tem apreço a cidade nem aos seus clientes.
E, aos cidadãos de uma forma geral, porque um banco atende de clientes a pessoas outras na prestação de serviços.
A questão é que o BB é uma das estatais mais cortejadas do governo federal e o presidente Lula tem um apreço especial à Instituição, tanto que removeu sua diretoria para atender a programas sociais do governo voltados para a melhoria e fluidez das linhas de crédito e serviços, sob a ótica de que o BB não está aí apenas para dar lucros.
Mas, sobretudo, para se relacionar com os cidadãos com suas linhas de financiamentos em todos os setores, de forma espacial.
Ademais, estamos em ano eleitoral, o ex-ministro Geddel Vieira Lima, PMDB, aliado do prefeito é candidato a governador da Bahia e abrir uma dissidência dessas com o governo federal neste momento pode ser uma situação perigosa, de difícil explicação ao andar de cima, porque, aliados, em tese, vão ao diálogo até o último dos instantes.
Não é fácil. Como explicar essa situação?
Dizer que se trata de um ato puramente administrativo tem sentido, mas, não cola. O prefeito tem completa razão em lacrar as agências e até ameaçar fechá-las para sempre.
O problema é o viés político, a consequência política de um ato dessa natureza porque a Prefeitura depende e muito do governo federal, da irmã do BB, a Caixa e seus programa habitacionais, e dos diferentes programas nacionais em diferentes ministérios.
Encarar uma briga dessa natureza (David x Golias) em nome de garantir os direitos dos cidadãos, de fazer valer a autoridade municipal, se levada adiante a ferro e fogo, pode resultar em problemas desagradáveis para o município. E ainda trazer consquências para a campanha Geddel e o palanque Dilma na Bahia.
Agora, me diga, não fica estranho um comício em Salvador Geddel e Dilma no palanque, ao lado de João, com a Prefeitura fechando agências do Banco do Brasil!
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