Política
Tasso Franco
02/06/2010 às  07:28

DEBATE EM NÍVEL ACEITÁVEL

Faltam argumentos ao governo


Tenho comentado aqui neste espaço que a base aliada do governo do Estado, parlamentares da Câmara e da Assembleia Legislativa, até por conta da perda de tempo na escolha do candidato ao Senado com a marca da legenda do PT, diante da desistência do senador César Borges (PR) em aceitar esse encargo, da falta de articulação política, assessoria lenta e frágil, organização de banco de dados sobre as ações de gestão, tem deixado o governador Wagner exposto aos "leões", literalmente. Nada que essa fera, símbolo opressor da Receira Federal e também marca do glorioso Vitória, venha engolir o chefe do Executivo. Mas, até agora, tem dado mordidas desagradáveis sem contra-partidas à altura de um debate em nível aceitável.

É impressionante como o governo vive acuado na Assembleia. Salvo o desempenho do líder do governo, Waldenor Pereira (PT), e do persistente deputado Álvaro Gomes (PCdoB), o que se vê, apesar do governo ainda manter maioria na Casa, é uma base dispersa, sem garra própria e que só age nas votações quando convidada e relembrada, e pouco atua na defesa do Executivo. Não me recordo de deputados do PT, e aí nem vou citar parlamentares de outros partidos aliados, que tenham subido à tribuna para defender a gestão. Defesa consubstanciada em dados, com argumentos aceitáveis e não discursos políticos vazios.

Na Câmara dos Deputados é a mesma coisa. A base do governo só fala da gestão Wagner quando provocada. E, ainda assim, como aconteceu recentemente com alguns parlamentares utilizando-se de expressões chulas e que pouco contribuem para os debates e para a compreensão da realidade sobre a segurança pública. Ora, se o governo está acuado na questão da segurança pública é preciso contra-argumentar com as ações já realizadas, com dados, com informações precisas, isso para que a população possa avaliar quem está com a razão. Se o problema é antigo e estrutural que se aponte estatisticamente e não com eufemismos.

A Segurança Pública passou a ser o tema preferencial da oposição não por acaso. As pesquisas vêm apontando que essa é a prioridade número 1 entre as preocupações da sociedade e superou as questões relacionadas ao emprego/desemprego, saúde e educação, Então, se esse é o foco não adianta tervigersar, fazer rodeios. Dizer, como situou o governador que, se soubesse o caminho para resolver esse problema "estaria milionário". O líder do PMDB na ALBA, deputado Leur Lomanto Jr, até recentemente aliado do governo, lembrou em plenário que a missão do governador é resolver o problema e não se esconder, passar a tarefa a outrem ou creditá-la a "herança maldita".

Veja outro caso recente como o governo gosta de provocar o "leão" ou até, como se diz no popular, "matar um leão a cada dia". A população está apavorada com a meningite meningocócica tipo C, que mata e já levou ao túmulo, só este ano, mais de 30 pessoas. O governo organiza uma campanha de vacinação e não prepara uma logística adequada com suporte da comunicação. Resultado: insatisfações generalizadas, tumultos e tudo mais, numa ação de gestão que poderia ser eficiente. Diz-se que a vacina não tem resolutividade 100%. Mas, está no imaginário do povo que tem, que ameniza, que garante vidas. E aí não adianta remar contra a maré e fazer o trabalho mal feito porque provoca desgaste político e quem paga a conta é o governador.

Afinal de contas, é ele que será votado no próximo mês de outubro como pretendente a se manter no cargo por mais 4 anos e dar continuidade ao projeto do presidente Lula, em nível nacional, e do seu programa no plano regional. Ainda é muito cedo para se arriscar qualquer palpite sobre o que acontecerá no pleito. Wagner se mantém como preferencial nas pesquisas de opinião pública divulgadas até agora, seguido de Souto e Geddel, com margem para um segundo turno, matematicamente. Mas, cada campanha tem sua própria história e esta, de 2010, a rigor só começará no dia 17 de agosto, quando se iniciam os programas eleitorias nos veículos de massa, rádio e TV.

Mas, a julgar pela preliminar, o time de Wagner está igual aos treinamentos do time de Dunga, sem fazer gols. E quem não faz gols, máxima futebolística, toma.


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