A decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em manter no rádio e na TV os comerciais do pré-candidato da coligação DEM/PSDB, Paulo Souto, que abordam o tema violência na Bahia, diante de representação movida pelo Partido dos Trabalhadores (PT) que pretendia que fossem suspensas as inserções partidárias, revelam que este será o tema número 1 da campanha eleitoral que se avizinha. Daí a preocupação do PT de tentar cortar o mal pela raiz no âmbito da comunicação, desde já, porque a disseminação dessa mensagem é péssima para as pretensões do governador, candidato à reeleição.
Nas mensagens difundidadas pela TV, Souto aborda o tema no plano cultural, dando conta de que a violência se dissemina no território baiano como um todo, deixando de ser uma prerrogativa da capital e sua Região Metropolitana, atingindo as famílias do interior, até então, pacato, da conversa na porta das casas com famílias em rodas de cadeiras e assim por diante. Essa aliás, uma realidade que se vivencia, com a bandidagem agindo no modelo surpresa do bando de Lampião dos anos 1930, agora com uso de equipamentos modernos e armas sofisticadas.
Evidente que, nem Souto; nem outro candidato que possa vencer a eleição mudará esse quadro. Trata-se de um problema estrutural, com características nacionais, que demandam tempo e modificações profundas no corpo policial e na sociedade de uma forma geral. Wagner, sem esquecer de qualificar a SSP, fala da crise de valores que se instalou na sociedade capitalista, o que classifica de "Bezerro de Ouro", e é necessário, como aconteceu com a queda do muro de Berlim, em 1989, derrubar o "muro da usura". Ou seja, estabelecer e difundir o ideário da vida, dos valores da família e tudo mais.
A questão maior é que, até que essa nova cultura se instale, o pavor da violência se disseeminou pelo interior como ums rastilho de pólvora. E, embora não seja uma situação tão recente assim, números apontam que desde o governo César Borges (1999/2002) a violência vem em curva ascendente na Bahia, mais recentemente, a partir do governo Wagner (2007) a situação se agravou. E, aos olhos da população, com Cultura da Paz e/ou nova ordem familiar, mais emprego e renda, quem tem que resolver o problema é o governador da hora, do momento. E aí, não adianta tervigesar, fazer curvas, dar explicações filosóficas.
O governador disse, recentemente, que não tem medo deste debate e vai apontar o que fez e está fazendo no campo operacional e também pretende situar o problema no campo da política, do projeto Lula/Dilma. A Oposição, a julgar pelas declarações de Souto e Geddel, Bassuma ainda não entrou nessa seara, praticamente já escolheu este tema como preferencial. Até o prefeito João Henrique, de olho em 2014, aproveitou um momento de baixa junto a segmentos da população com a derrubada das barracas de praias da Orla Atlântica para dizer que vai armar sua Guarda Municipal. Factóide puro. Ora, se PM com 30 mil homens, treinamento, armas, helicópteros não está conseguindo conter a onda da violência, pode-se imaginar que GM armada não faria diferença alguma na capital.
Postas essas linhas, independente das questões operacional e filosófica, o problema existe e é muito grave. De fato, a Bahia que já teve sitios de paz no seu interior, está segregada. Todo mundo procurando um refúgios condomínios das classes média e alta, gradeando casas e criando cães. Esta semana, um prédio aqui do glorioso Chame-Chame instalou vidros a provas de balas na guarita e gradeou a entrada do edifício. E uma vila de casas da classe média baixa de Serrinha, próxima do Marianão, contratou um vigilante armado.
São esses pequenos detalhes da cultura da violência que se espalham pela capital e pelo interior. E isso pode fazer enorme diferença no momento da eleição.
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