A Bahia tem umas peculiaridades que não devem ser inerentes somente a este Estado da Federação. Sugere-se, pois, um fenômeno nacional sobre uma casta de personalidades, as quais, só acertam trabalhar no serviço público. Correm da iniciativa privada como o diabo da cruz. Embora, muito ditos e proclamados como competentes, bons gestores, excelentes administradores, pessoas de visão e assim por diante.
Agora, na hora de encarar uma Vale do Rio Doce, Odebrecht, Ford, Nestlé, Fiat e outras, empresas que operam com metas, que têm objetivos bem definidos e exigem resultados dos seus executivos e dos escalões intermediários, aí, meu caro, não se apresentam. Preferem um emprego de terceiro escalão no Ministério da Previdência, na Codeba, na Embasa, na UFBA, numa Prefeitura, a encarar um trabalho dessa natureza.
Nem preciso citar nomes porque são tantos os casos desses políticos profissionais que, amparados no refrão de trabalharem pelo bem comum, em defesa dos mais pobres e necessitados, daqueles que mais precisam, porque são talhados para esse mister, nasceram com essa vocação e vivem na política baiana (e nacional) como benfeitores dessa nobre causa. E, não largam o osso, como se diz no popular, nem que a "vaca tussa".
Os quadros políticos da Bahia estão envelhecidos. Salvo exceções. É só passar uma lente no que está aí. Um dos raros que conheço que teve a coragem ou ousadia, não sei bem o termo a usar, que deixou o serviço público onde estava encastelado há anos e chegou a ser senador da República foi Waldeck Ornelas. Quando Ornelas se decidiu pela iniciativa privada foi uma surpresa tão grande que se chegou a duvidar.
Hoje, disputa-se até vagas de segundo suplente para o Senado, uma subcoordenadoria de AR em Salvador, uma subchefia da Chesf em Paulo Afonso e assim por diante. À Câmara dos Deputados e à Assembleia Legislativa estima-se que teremos algo em torno de 1.500 candidatos para 102 vagas. Mas, é o que dizem, vale a pena. Porque, em lá chegando, torna-se vizinho de São Pedro. É o mesmo que está no céu. O eleito e a família.
Caso seja ficha suja, e aqui na Bahia todo mundo é ficha limpa, até o folclórico e sempre citado ZédaFord e outros tantos, que embora com prontuários enormes se dizem ungidos pelos santos óleos da pureza d'alma, se tornam insuspeitos e valorosos defensores do povo. Aliás, este sim, o povo, é quem paga o pato. Quem carrega o andor, que sua a camisa e que menos usufrui desses benefícios.
Mas, como tudo nesse mundo se modifica, há quem defenda uma política de cotas para o povo. Para dez desses bacanas nomeados para o serviço público pelo menos dois tem que ser do povo. E aproveitem aí e coloquem um como suplente de senador.
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