Política
Tasso Franco
20/04/2010 às  10:16

UM TRUNFO PARA WAGNER

Avanço da classe média pode beneficiar Wagner


Na abertura dos trabalhos legislativos deste ano o governador Jaques Wanger chegou na Assembleia com um discurso organizado para ser lido. Mas, pouco antes de entrar no plenário, já com a fala computadorizada e cópias impressas para os jornalistas recebeu a notícia dada pelo Ministério do Trabalho (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados - CAGED) de que a Bahia liderava a geração de empregos no Nordeste, estatística de janeiro com 14.424 novos postos com carteira assinada.

Mudou o roteiro inicial do discurso e abriu o balanço dos seus três anos de governo com esta informação complementada com dados dando conta de que, entre 2007/2009 a Bahia havia gerado 170 mil novos empregos. Na Jordânia, em março, acompanhando Lula numa visita ao Oriente Médio, o governador que pouco dá notícias do exterior quando viaja, instruiu a Agecom a divulgar que a Bahia liderava no bimestre/2010, 99% do saldo de empregos da região Nordeste com 20.512.

O Brasil, hoje, segundo dados da FGV tem 30 milhões de miseráveis sobrevivendo com R$137 ao mês. Mas seriam mais de 50 milhões se a velocidade da diminuição da pobreza não tivesse se acelerado nos últimos anos. Em 2010, o aumento da renda dos brasileiros retornou os níveis de pré-crise 2009 e o poder de compra das famílias atingiu o maior patamar em uma década e meia.

Vocês devem ter visto na semana passada que, a Rede Globo, antenada como sempre, fez logo uma série de especiais sobre a nova classe média brasileira e o mercado publicitário está redirecionando suas baterias para esse foco. Um exemplo aqui na Bahia são as lojas de eletrodomésticos que dedicam um espaço enorme na TV para vender produtos cama&mesa e eletrônicos em até dez ou mais vezes, com prestações de R$50,00 ao mês ou pouco mais.

A eleição para presidente (e por tabela de governadores) se dará nesse contexto onde a distribuição de renda é a melhor desde a redemocratização (1984). Não há dúvida de que se trata de um trunfo para Dilma Rousseff, a candidata do PT, e também aos candidatos a governadores deste partido ou coligações, porque, embora a análise feita pelos técnicos leve em conta a implantação da estabilidade econômica a partir do Plano Real (FHC/Itamar), na cabeça do povo, o grande benfeitor e responsável pela mudanças de classes E/D para a C (algo como 30 milhões pessoas) é o presidente Lula.

A oposição a Dilma/Lula  (José Serra e candidatos a governador ligadas a esta coligação) terá que convencer o eleitor que as melhorias se devem às ações que vieram do governo FHC. Como isso ficou distante, a memória do povo brasileiro é curta, e vale o que pesa, ou o que está na mão no momento (a casa própria, a geladeira, o Fiat Uno, a universidade, etc) os candidatos vinculados a Dilma/Lula levam vantagem.

Daí o improviso de Wagner na Assembleia e sua preocupação em divulgar a taxa de emprego lá da terra onde foi batizado São João porque esse é um tema, sem dúvida, que vai cair na prova e representa um trunfo à sua candidatura. O aumento médio da renda per capita no NE é de 7.3% e Lula atinge 83% de ótimo/bom. Melhor do que isso só sopa no mel.


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