Causos & Lendas
Lobisomem de Serrinha
29/11/2020 às  11:07

LUBI DE SERRINHA RECEBE VISITA MARCIANOS E NAVE DO OVNI CAUSA ALVOROÇO

Mylus se apaixona por moto boy e quis levá-lo para Milenius, a capital de Marte


 No decorrer desta semana recebi a visita ilustre de uma família de marcianos que pretende comprar um sitio em Serrinha - ambos gostam muito do clima fresco dos alpes serrinhenses - e fiquei admirado quando alguns serrinhas fotografaram e filmaram a nave espacial deles sobrevoando a cidade, surpresos com tal fato - o que não deveria acontecer - e até declarações de especialistas brasis dando conta de que, não era um OVNI, não eram os extras-terrestres a nos visitar, e sim - o que viram no céu - fragmentos de um foguete espacial da China.

  - O fenômeno não passa de um foguete lançado pela China na superfície lunar, disse um astrônomo. O objetivo dessa missão é trazer de volta rochas lunares e amostras de solo em mais de quatro décadas. E mais: a "nuvem" brilhante que apareceu no céu "é a ejeção dos gases de queima que dão o empuxo para o foguete sair da Terra com missão para a Lua".

   Não é a primeira vez que a China lança uma espaçonave para a Lua. As missões Chang'e 3 (em 2013) e Chang'e 4 (iniciadas em 2018) já conseguiram pousar na lua dois pequenos robôs de controle remoto, os chamados "Coelhos de Jade".

  Ora, ora! Não vou desmentir esse cientista porque não convém. O clarão visto na terra foi da nave dos meus amigos marcianos - que não é a primeira vez que pousam em Serrinha - o MYLUS4ALFA, sua esposa CRIPITÔNIA.G31 e os pilotos SPYRONIO H E SHEYRONIO Y os quais recebi em minha residência e confabulamos por longo período, degustamos vinhos, comemos bruschetas, petiscamos presuntos e frutas - CRIPITÔNIA adora mangas - e conversamos sobre vários assuntos das nossas relações bilaterais.

  Disse-me MYLUS 4 que não foi uma boa ideia as declarações do deputado filho do presidente sobre a China e a plataforma G5, repercutiu em Marte, pois os chineses são 1.6 bi de pessoas com capital e renda para comer do bom e do melhor - não mais apenas arroz e peixinhos - e se os olhos miúdos deixarem de comprar os frangos brasis, as carnes do Pantanal, estaremos fritos, o agronegócio vai perder divisas.

  - Pelo visto estás bem informado sobre as questões do planeta Terra - frisei.

  - Sim, a China também é nosso parceiro mundial e sabemos da importância da terra de Mao no mundo atual, não daquela época da revolução cultural que foi um atraso de vida. Hoje, os dirigentes chineses são outros, o comunismo é apenas partidário, agem como capitalistas e estão por toda parte. Não vês, a chegada de minha nave aqui em seu sitio divulgou-se logo que era fragmentos de um foguete chinês que buscam pedras na lua, num marketing de oportunidades.

  - Que interesse tem a China em buscar pedras na superfície lunar? - questionei.

  - O Universo é cheio de pedras aparentemente comuns, mas vocês terráqueos dão muito valor ao ouro, a platina, ao diamante, ao rubi, e essas pedras que chamam de meteoritos são valiosas demais e eles estão de olho é nessas riquezas.

  - Só pode. Porque pedra por pedra o que não falta é aqui na Terra. Próximo daqui já tivemos um distrito que se chamava Pedra e hoje é Teofilândia e debaixo dessa terra tem uma mina de ouro explorada pelos canadenses num veio que vai até a Maria Preta, em Santaluz.

  - É isso. Se os chinas descobrem isso, adeus Yamana. Não viste o meteorito que cai na casa de um indonésio que fabricava caixões de defuntos, uma pedra pequena, quase mata o homem pois passou raspando sua cabeça ao cair em sua oficina, e ele vendeu por 10 milhões de reais e ficou rico deixou de fazer camas de madeiras para defuntos. Isso pode acontecer em qualquer lugar. O Universo está repleto dessas pedras. De repente, cai uma aqui em sua roça.

  - Essa sorte eu não tenho. Recentemente houve um clarão desse aqui e quando fui verificar, ao amanhecer, tinha sido um transformador da companhia de energia que explodira próximo da minha cerca com o vizinho de terras. 

  - Tenha fé que um dia pode cair um desses meteoritos valiosos e você e a Ester estarão milionários.

  - Ela reza para Santo Antonio toda noite pedindo essa graça, mas ainda não alcançou, frisei colocando mais três dedos de malbec na taça de nosso visitante.

  - Não posso dizer que esse santo venha a ajudar. Em Marte não temos santos, nem igrejas evangélicas, nem candomblés, nem centros espiritas. Somo regidos pelo deus Sol é o que veneramos. Não temos templos religiosos, pastores, mães de santo e padres o que nos economizamos uma fortuna. Cultuamos o Sol, nossa fé é nele, nosso Deus do Universo.

  - Vocês não têm um símbolo da cruz, uma bíblia, um alcorão, um livro de apóstolos, uma cartilha de gurus para seguirem?

  - Não. Temos um governo constituído pelo voto da população e as estruturas dinâmicas do poder e da economia. Eros e Logos - amor e verdade - valores inerentes à natureza marciana e não frutos de elaborações filosóficas e religiosas. Casamos com quem queremos e não há crimes do tipo que vocês têm aqui de feminicídio e de homofobias. Vocês perdem muito tempo com essas discussões religiosas, credos, talibans, mulsis, crenças e outros.

  - Mas vocês não têm gays?

  - Temos, sim, mas eles vivem como outras pessoas da sociedade. São livres e não levam varadas como fazem a Poíicia do Putim. Não precisam fazer paradas para afirmações de suas personalidades e estão integrados de forma natural, assim como nossas drags, trans e outros gêneros. 

  Enquanto estávamos a confabular a Ester disse que iria com C31 no Shopping da Serra para um passeio e compras no H. Barbosa, queijos de Minas que ela adora e são raros de serem encontrados nos supermercados de Marte. 

  Sugeri que fossem ao Azaí - até para mostrar a pujança econômica da Serrinha - e que usasse um casaco com capaz no estilo Marcondes Keter, pois algumas pessoas poderiam achá-la estranha.

  - Bobagem. Já estou acostumada com essa curiosidade dos terráqueos e não me incomodo com isso. Pelo contrário: faço fotos, selfies e creio que eles adoram.

  E lá se foram as duas no Uber Serra. 

  Mylus sugeriu que pedisse uma pizza pelo Serra Eat o que fiz, prontamente. Em instante, um rapaz alto, sarará crioulo, trouxe-nos uma marguerita.

  - Que humano diferenciado - admirou-se Mylus - ao ver o moto boy. Causaria grande sucesso em Marte - frisou com a mão no queixo fino.

  - Temos todo tipo de raça entre nós - brancos, mulatos, sararas, negros, curibocas, caboclos - numa diversidade exemplar no mundo.

  - Admirável. Nós, os marcianos, somos todos muito parecidos e da mesma cor. Mudamos apenas alguns formatos de olhos e estaturas. Levasse um desses para Milenius, a nossa capital, faria grande sucesso. E quiçá, seria o início da nossa miscigenação.

  - Esqueça, isso é muito complicado. Abri um mapa e mostrei-lhe as terras que poderia comprar na Serra situadas no fundo da Colina da Santa.

  Mylus gostou do que viu e perguntou se nevava.

  - Agora mais não. Com o aquecimento global deixou de nevar. 

  - Se quiseres posso ligar para a corretora Bacelar para fecharmos o negócio, disse.

  Mylus desconversou e só queria falar do moto boy. Se eu poderia passar o telefone do guapo para ele. Faria qualquer negócio para leva-lo consigo.

  Questionei se Criptonia não teria ciúmes com esse interesse pelo rapaz.

  - O que é isso de ciúmes? Não conhecemos esse termo. Meu anima é inato, ágape em família não faz mal a ninguém.

  Tomamos mais umas taças de malbec, saboreamos a marguerita e Mylus, trocando as pernas, vendo Deus, foi descansar numa rede da varanda da toca à espera do retorno das madames que tinham ido para o shopping. 

  As 21 horas, a lua nova no céu a brilhar, a nave decolou de volta para Marte, sem o sarara crioulo, Criptonia levando consigo uma bike que comprou para o filho.


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