Literatura
Rosa de Lima
25/09/2022 às
12:06
ROSA DE LIMA RETORNA À CRÍTICA LITERÁRIA COM A CADEIRA E O ALGORITMO
Especialista em literatura comenta novo livro do jornalista Tasso Franco
Depois de passar 4 meses em curso de aperfeiçoamento na cidade do Porto, Portugal, retorno aos comentários literários abrindo essa nova temporada com o livro do jornalista Tasso Franco intitulado "A Cadeira e o Algoritmo - a convivência entre as novas e as velhas tecnologias" e a sugestiva pergunta "Onde vamos parar?" (Editora Ojuobá, 177 páginas, vendido pela Amazon.com 9 dólares + o frete para qualquer parte do planeta; e também leitura pelo App Kindle, on-line, 6 dólares) com ensaios sobre esse polêmico tema (por natureza) uma vez que a cada dia que se passa o homem se vê cercado de novas ferramentas tecnológicas essenciais à sua sobrevivência. E, ao mesmo tempo, como sugere o autor no título do livro ainda usa a cadeira, objeto que já existia no Império Egipcio há 3.000 anos a.C.
É exatamente dessa dualidade, desse convívio que o jornalista traz à luz dos debates mostrando que, se as novas tecnologias são essenciais para a vida, para o bom desempenho do trabalho, a execução das tarefas diárias, até mesmo as mais comezinhas porque o iPhone e outros smartphones estão nos acompanhando em todos os campos, e mais o laser, o GPS, a informática de uma forma geral, o "sapiens" também se utiliza de objetos - a cadeira já citada - e outros - a cama, o sapato, o blusão, o óculos, etc - que são próprios das velhas tecnologias embora tenham sofrido modificações estéticas em suas fabricações, porém, seguem os mesmos em formatos.
O autor, portanto, traz em 30 textos observações bastante pertinentes dessa convivência, desde a vida dos homens comuns e o que as tecnologias fizeram para que ele se adaptasse a nova era; a música do tambor ao eletrônico; quem sabe mais o homem ou o algoritmo?; a cidade de Lisboa onde convivem o novo e o velho em harmonia; as bonecas infláveis e o novo mundo erótico; turismo espacial é a nova mania dos ricos com o avanço do high tech; a democratização das novas tecnologias; o marketing político na era digital e o que mudou ao longo do tempo; o trem Maria fumaça e o hyperloop a 1000km por hora; entre outros.
Vê-se, até por esses títulos que expus para os meus leitores quão interessantes são os assuntos abordados numa gama de comentários embasados com suportes da literatura científica e na experiência do autor, o qual como jornalista conviveu com várias mudanas tecnológicas nas redações desde o fim e aposentadoria da máquina de escrever aos imensos laboratórios fotográficos que existiam com químicos e papéis.
O autor, portanto, mostra-nos que essas mudanças aconteceram em todas as profissões, malgrado que, até algunas delas desapareceram ao longo dos anos; outras foram surgindo e que eram impensáveis há 20/30 anos.
Esse pesadelo, aliás, é o que mais atormenta os jovens que estão ingressando no mercado de trabalho e/ou estão complementando seus cursos básicos de ensino e que se deparam com uma nova realidade, sabendo, desde já, que algumas áreas poderão sequer existir daqui a mais 30 a 50 anos. É uma realidade que não atormentava os jovens do passado porque as profissões e os empregos eram mais estáveis e duradouros com as mudanças ocorrendo de forma muito lenta.
O jornalista também aborda "como o Brasil perdeu o bonde da história em tecnologia" analisando o tema desde a Independência do Brasil de Portugal, há 200 anos, com avanços extraordinários na época de Dom Pedro II - implantação de estradas de ferro, do telefone, do motor a vapor, da formação universitária, etc - e não conseguiu acompanhar na República o que se passava no mundo com a implantação da Iª Era Industrial e sua evolução, a partir sobretudo do século XX, abandonou a estrutura ferroviária que continua top nos países desenvolvidos e, na atualidade, não consegue sequer implantar um tramo de trem-bala.
O autor mostra que, quem não produz tecnologia tem que comprá-la e, hoje, o Brasil é um comprador por excelência incapaz de produzir com tecnologia própria os equipamentos que estão em uso na produção industrial, na medicina e saúde pública, na engenharia, no transporte e assim por diante.
O livro "A Cadeira e o Algoritmo" é, portanto, um ensaio valioso tanto no esclarecimento de algumas questões relacionadas a convivência entre o novo x o velho, isso posto em termos de tecnologia; como um alerta para as gerações que estão a partir desta década enfrentando o mercado de trabalho.
Alerta no sentido de que é preciso olhar os anos à frente sem medo de acreditar que teremos carros voadores nas cidades, procedimentos da medicina que serão feitos em casa e alimentos compactos em drágeas.
Por isso, o jornalista pergunta no subtítulo do livro "Onde Vamos Parar?" porque não há uma resposta pronta e acaba uma vez que a cada dia somos surpreendidos por novas tecnologias em uso, a cada momento mais asssustadoras (no bom sentido) e que estão a serviço do homem. É bom que se diga isso, embora, haja algumas delas que estão sendo usadas em produtos para a guerra.
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