É sempre fascinante abordar temas sobre "Os Templários" - a Ordem de Cristo que combatia os muçulmanos para garantir a peregrinação de cristãos a Palestina - com seus inigualáveis mistérios e há uma quantidade enorme de publicações em livros, videos, no cinema, fotografias, documentários acadêmicos e outros sobre esste período da história do cristianismo, século XIII, de afirmação da fé católica com sede em Roma.
Muitos desses mistérios estão associados ao Santo Graal (o cálice bento que Jesus Cristo usou na última ceia com os apóstolos), ao Priorado de Sião, a Ordem Rosacruzes, e há imensuráveis riquezas em ouro e prata que teriam sido sepultadas pelos templários em lugares os mais difíceis de serem achados e são objetos de estudos e pesquisas, bem como de tentativas de descobertas, até os dias atuais.
A procura desses tesouros por arquéologos e também por aventureiros tem sido uma corrida que se realiza ao longo dos séculos, com algumas descobertas valiosos e também com imensas frustações. Mas, o homem não se dá por vencido e está sempre a caça de um desses tesouros em alguma lugar da Europa, da Ásia, da Turquia, do Oriente Médio.
O livro de Lionel e Patrícia Fanthorpe intitulado "Os Mistérios do Tesouro dos Templários e do Santo Graal - os segredos de Rennes-Le-Château (Editora Madras, 319 páginas, tradução de Getúlio Elias Schanoski Jr, R$45,00 nos portais) é mais um dessa série interminável abordando esse tema.
Um excelente trabalho desse casal de pesquisadores ingleses - Lionel membro da Mensa desde 1964, sacerdote anglicano ordenado na igreja de Gales, palestrante, escritor de obras teológicas e educacionais, sendo sua esposa Patricia administradora de sua empresa de consultoria e empresária executiva de publicidade.
Aborda o mistério do abade Berenguer Saunière, riquíssimo sacerdote do vilarejo montanhes de Rennes-le-Château que teria passado da pobreza à riqueza diante da descoberta de um desses tesouros.
O vilarejo de Rennes-le-Château era praticamente desconhecido do mundo, até 1972, quando um documentário (O Tesouro Perdido de Jerusalém) foi apresentado pela BBC pelo contador de histórias Henry Lincoln narrou em detalhes a vida de Saunière, padre que os últimos anos do século XIX foi escolhido para atuar em Rennes. A partir desse documentário e de outros (O Sacerdote, o Pintor e o Demônio, 1974; e A Sombra dos Templários, 1979) e do livro de Lincoln (O Santo Graal e a Linhagem Sagrada) Rennes emergiu ao mundo como local de pesquisas e de turismo.
Ainda nos dias atuais é assim, os caçadores de tesouros usando novas tecnologias e os pesquisadores das letras, os estudiosos desses mistérios circulam com frequência por essa região da França onde estão além de Rennes-le-Château, o castelo de Hautpoul, o forte cátaro Monteségur, fortaleza de Quéribus, a fortaleza de Bèzu, Coutausa, Le Champagne, Montalzels, Cascassona, as rotas romanas que se cruzavam em Couiza para Bugarach e Perpignam (o atual Languedoc) e muitas histórias da origem dos cátaro e dos merovíngeus, além de Maria Madalena e osprováveis descendentes de Jesus Cristo.
Na obra o "Santo Graal e a Linhagem Sagrada!", Baigent, Leigh e Lincoln sugerem que as lendas relacionadas às milagrosas circunstâncias alegóricas ou simbólicas que envolvem a concepção de Meroveu (daí os Merovíngeos) estão relacionadas a uma familia importante da linhagem de Sigeberto III, seguido de Clódio Cabelos Compridos e os descendentes de Jesus. Meroveu reinou de 448 a 457.
Dizem que os Blancheforts - cujos castelos ficam próximos de Rennes possuiam ligações com os templários, "Cavaleiros Templários" ou "Pobres Cavaleiros de Cristo do Templo de Salomão" Ordem Militar fundada em 1119, até sua última investida em Castellat, em 1308. Seus fundadores foram Godfroi de St Omer, norte da França; e Hugues de Payns, da Borgonha, dois guerreiros que decidiram se unir para proteger os peregrinos que se dirigiam a Jerusalém e outros santuários depois da Primeira Cruzada.
Lionel diz que nenhuma "investigação séria acerca do mistério de Rennes (o misterioso tesouro que teria sido descoberto pelo padre Saunierre depois de encontrar documentos em código que estavam escondidos numa pilastra da igreja) é possível com alguma referência intima aos templários".
Sabe-se que essa Ordem embora nascida sob os votos de castidade, pobreza e obediência, e lutar pela pureza do espírito" ao longo do século XIII cresceu enormente e amealhou uma imensa fortuna doada por reis (outras conquista em batalhas) e colocada em seus castelos. Quando o papa Clemente V a mando do rei Felipe, o Belo, decidiu acabar com a Ordem alegando degeneração e heresia (mais de 500m templários foram queimados nas fogueiras da Inquisição) é crível que muitos desses tesouros tenham sido colocados em lugares secretos, até mesmo, embaixo de leitos de rios. Os merovíngeos desviavam o curso de um rio, cavavam uma tumba, lacravam e depois o rio voltava a correr sobre o tesouro ficando quase impossível descobrir-se.
O padre Saunierre que deixou a condição de pobre para rico e investiu uma fortuna em Rennes com obras na reforma da Igreja de Santa Madalena, obras de arte e tinha uma relaão sexual com suas auxiliares (uma das quais revelou o segredo da sua riqueza) teria descoberto um desses tesouros e a narrativa do casal de ingleses é exatamente sobre todo esse emaranhado histórico envolvendo essa região desde a época da dominação romana até os séculos que se seguiram pós Jesus Cristo e a consolidação do cristianismo.
É um livro complexto, bem pesquisado, bem fundamentado, didático, ainda que de dificil compreensão para um leigo, pois exige conhecimentos da história medieval mesmo com os autores colocando parte dessa história, a cronologia de alguns, na sua obra. Até estudos de simbolos e análises de possíveis tesouros além mar são colocados pelos autores à guisa de compreensão desse mistério do padre Saunierre.
O livro é arrebatador. Leva o leitor a se tornar, também, uma espécie de pesquisador leigo querendo saber o desfecho da descoberta, mas, como todo mistério, ainda mais envolvendo ordens religiosas são enigmáticas, segue sem ser decifrado. Ótimo livro.
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