Literatura
Rosa de Lima
12/02/2021 às
10:53
ROSA DE LIMA ANALISA LIVRO TORNANDO-SE CARLOS MAGNO, DE JEFF SYPECK
Narrativa sobre a vida do imperador Carlos Magno, rei dos franco, e que formatou a Europa atual
Personagem histórico extremamente importante no desenho do mapa mundi do século IX, Carlos Magno, imperador dos franco ainda nos dias atuais é um personagem exaustivamente estudado, pouco conhecido na cultura brasileira, e que teve um papel relevante na consolidação do cristianismo nos moldes que a igreja de Roma estruturou graças a fé ardorosa que tinha nos santos e em Cristo, a sua liderança e força militares. O magnánimo Karl, de origem alemã, usou além da força militar - o que era próprio dessa época - E uma cuidadosa diplomacia construindo um império com seus conselheiros.
Esse é um complemento temático valioso para se entender que o mundo militar dos reis e califas não se restringia às guerras, a uma vitória; ou a uma derrota. Mas, sobretudo, o que acontecia na sequência sobretudo aos vencedores, não só as glórias militares, mas os ganhos materiais com a divisão de territórios e benefícios financeiros. É nesse momento que entra em campo os diplomatas, os conselheiros e ministros para dar sustentação aos ganhos nas vitórias militares, ampliando conquistas com assinatura de tratados.
São 'filhotes' de karl e seus atos heroicos no campo militar e na diplomacia registros que teriam sido inspiradores para as conquistas de Napoleão Bonaparte, no século XIX, na luta dos cruzados na rota de Jerusalém no século XIII para manter viva a fé cristã, e no projeto de Adolfo Hitler, no século XX. Essa arquitetura da União Europeia que chega aos dias atuais tem em Carlos Magno uma permanente fonte inspiradora.
Jeff Sypeck professor de literatura medieval da Universidade de Maryland, em Washington D.C. publicou textos no Washington Post que foram transformados no livro "Tornando-se Carlos Magno - Europa, Bagdá e os impérios do século IX" (Editora Record, tradução e Ana Duarte e Carlos Duarte, 2012, 237 páginas, R$30,00 nos portais de literatura) que nos dá uma ideia da personalidade de Karl desde uma Roma ainda por existir até ser o primeiro imperador da cidade estado depois de 400 anos de sua existência coroado por um papa Leão III que se ajoelhou perante el rei.
Jeff é minucioso. O livro não tem um enredo linear e exige dos leitores conhecimentos prévios da história para seu entendimento senão as pessoas ficam perdidas no contexto. O autor faz uma narrativa da história com os dados que conseguiu amealhar indo e vindo dentro do mapa mundial da época onde o Império Bizantino tinha uma força enorme numa rota em direção a Ásua tendo como centro do poder a cidade de Bagdá.
Karl comandou as suas ações diplomáticas e militares sediado em Aachen (hoje, chamada Aix-la-Chapelle em francês, comunidade independente da Alemanha) uma localidade acanhada entre as grandes da época - Roma, Bagdá, Berlim, Paris) e expandiu seu Império entregando parte de territórios conquistados (França, Alemanha, Itália, etc) aos filhos que se tornaram reis.
O mundo daquela época era praticamente dividido entre a Europa e o Império de Bizâncio, em Constantinopla, e no ano de 797 d.C. a mãe do imperador Constantino VI (Irene) mandou aprisioná-lo, arrancar-lhe os olhos com punhais e assassiná-lo conquistando o trono, a imperatriz sanguinária. É essa figura prepotente que Karl envia diplomatas para negociações em torno do Mapa Mundi. Irene foi a imperatriz responsável por convocar o Concílio de Niceia, um dos mais importantes da igreja cristã primitiva, que resultou no Credo Niceno e estabeleceu a manutenção da fé nos ícones, declaração fundamental da crença cristã.
Em 800 d.C. Carlos Magno já tinha consolidado seu império na Europa com a conquista de vastos territórios e é aclamado imperador de Roma. Ele se deslocou de Aachen até Roma e o papa Leão colocou uma coroa sobre a cabeça de Karl e fez-se a história. "A uma só voz, os fiéis declamaram três vezes: "Viva e seja vitorioso Karl, por Augusto, grande e pacífico imperador coroado por Deus. Treze anos depois, passou a coroa imperial para o filho, em Aaachen, sem a presença do papa.
Carlos Magno envolveu-se na luta para expulsão dos árabes da Península Ibérica e seu exército sofreu uma das suas piores derrotas, em Roncesvalles, contra guerreiros bascos. Anos depois, Alfonso, que governava nos reinos cristãos da Galícia e Astúrias, no Noroeste da Espanha, visitou Karl quando este estava em uma campanha na Saxônia.
Diplomata, manteve relações com Bizâncio enviando-lhe conselheiros numa missão a 5.800 até a corte de Harun-al-Rashid, sucessor da sanguinária. Recebeu de presente deste imperador um elefante que viajou por dois anos até chegar ao destino, vivo e saudável.
Em 1095, quando o papa Urbano II reuniu os cristãos para realizar a primeira de muitas cruzadas buscou inspiração no rei dos francos. Ele se tornara um ídolo para todos que partiam em uma cruzada. Sua canonização em 1165 a pedido de Frederick Barbarossa, um duque alemão que se tornou imperador, assegurou que Carlos Magno fosse visto como santo na catedral de Aachen, onde repousam seus restos mortais.
No século XII, os imperadores deram aos territórios e as conquistas de Carlos Magno o nome de Sacrum Romanum Imperium, do qual era considerado fundador. Ele já tinha morrido e herdou essa glória, sem sabê-lo.
Com o passar dos séculos esse Império foi sendo desfeito com a formatação territorial de países - Alemanha, Itália, França, Áustria, etc o que sofreu algumas modificações no século XX, mas perdura a base até os dias atuais.
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