Literatura
Rosa de Lima
07/11/2019 às
11:16
ROSA DE LIMA ANALISA AS 21 LIÇÕES PARA O SÉCULO 21 DE YUVAL HARARI
Essa trilogia "Sapiens", "Homo Deus" e "21 Lições para o Século 21" é fundamental para compreender a humanidade
O israelense Yuval Noah Harari já é conhecido de brasileiros dos seus anteriores 'best-selleres' os livros "Sapiens" e "Homo Deus", um olhar sobre o passado e o futuro da humanidade com suas lições e conceitos. Seu mais novo livro "21 Lições para o século 21" (Companhia das Letras, 2019, 439 pág, R$39,00) é ainda mais instigante, pois, aborda temas contemporâneos, desde as questões ambientais até uma possível guerra nuclear. Há muito tempo não aparecia um autor com visões tão abrangentes e com argumentos convincentes, nada de realismo fantástico ou profecias mirabolantes que eventualmente aparecem ditadas por algum guru de plantão.
Yuval Harari tem os pés no chão. Ph.D. em História da Universidade de Oxford e professor da Universidade Hebraica de Jerusalém, o que relata no seu último livro são evidências baseadas em análises profundas e empatia e conhecimento das novas tecnologias e da Inteligência Artificial, sobretudo do equilíbrio mental e um possível controle da mente pela robótica, deixando essa tarefa de ser uma exclusividade do "Sapiens", o faz com argumentos sólidos.
O que Harari mais alerta aos humanos é que estamos passando por uma das mudanças mais radicais na humanidade, no comportamento das pessoas e no controle de mentes através de sistemas computadorizados, das mudanças nos empregos e da própria sobrevivência do homem, o qual, se não entender esse momento e procurar se enquadrar nele estará superado e vai passar por grandes turbulências.
Esse controle das mentes já foi observado na última eleição do presidente Donald Trump, nos Estados Unidos, e também na eleição do presidente Bolsonaro, no Brasil, com a robótica agindo na difusão de informações em massa, movimentos que parecem imperceptíveis, porém, causam enormes estragos e sucesso. Estragos em quem foi seduzido por essas informações e as seguem de olhos fechados, como se também fossem robôs, e acreditam nelas (nas fake-news) e sucesso para os vencedores dos seus pleitos. A Hillary Clionton que o diga quanto sofreu. E, até hoje, discute-se a participação da Rússia na eleição norte-americana, aparentemente uma coisa sem ter a ver com a outra, mas, tendo.
Hararí, pois, trata de temas que vão do terrorismo e alerta que as pessoas não devem subestimar a estupidez humana, histórico diante sequência de guerras desde os primórdios da civilização quando o sapiens se agrupou em comunidades, povoamentos, cidades, deixando a era de caçador-coletor, religião (Deus agora serve a Nação), imigração, secularismo, justiça (nosso senso de justiça pode estar defasado), pós-verdade (algumas fake-news duram para sempre), educação, meditação e outros.
Um dos capítulos mais interessantes é sobre a compreensão da vida e a meditação, em especial, a Vipassana. "A primeira coisa que aprendi observando minha respiração foi que não obstante os livros que li e as aulas às quais assisti na universidade, eu não sabia quase nada quanto a minha mente, e muito pouco controle sobre ela".
O autor comenta que a ciência tem dificuldade para decifrar os mistérios da mente em grande parte porque nos faltam instrumentos eficazes. "Muita gente, inclusive muitos cientistas, tende a confundir a mente com o cérebro, mas são duas coisas muito distintas', confessa Harari destacando que o cérebro é uma rede material feita de neurônios, sinapses e substâncias bioquímicas; a mente, um fluxo de experiências subjetivas, como a dor, o prazer, a raiva, o amor.
O livro "21 Lições para o Século 21" é muito abrangente em ideias e o leitor deve ser cuidadoso em compartilhar algumas delas e até acreditar que sejam, de fatos, possíveis de serem realizadas no decorrer dos anos. Observe-se, no entanto, que as lições postas nos textos estão em curso e todas elas estão em movimento, nós estamos presenciando as mudanças, portanto, são a realidade do que vivemos e do que virá pela frente para aqueles que estão nascendo agora e terão um mundo bem diferenciado no ano 2100.
Isso é palpável, desde o terrorismo (esta semana um dos aeroportos mais importantes da Europa, em Amsterdam, deixou de operar por uma fake-informação) até uma possível destruição nuclear, com o Irã reativando centrífugas de urânio e o ditador da Coreia do Norte experimentando novos foguetes. Ninguém é passível até de um erro como já aconteceu na Rússia com Chernobyl.
E veja o que ainda está em aberto e em estudos especialmente no campo da medicina com investimentos bilionários agora também encabeçados pelos grandes portais como o Google. O autor comenta: "A neurociência está progredindo a todo vapor, graças a ajuda de microscópios, escaneres e computadores poderosos. Mas não podemos ver a mente num microscópio ou num escaner".
Nessa disputa pelo controle da consciência, maior mistério ainda hoje do universos, a corrida é intensa. Lembre que já na II Guerra Mundial e lá se vão 80 anos se falava no controle da notícia, das mentes, repetindo-se que uma mentira bem arquitetada repetida milhares de vezes se tornava uma verdade, o que vemos hoje em escala robótica.
E é isso que o homem precisa ter conhecimento para não se tornar manipulável, perder o senso crítico, a análise da compreensão da vida e se tornar, também, um robô, como já acontece. Certamente vocês já viram um desfile militar na Coreia do Norte ou na China, e também já viram como aguns coreanos do Norte são orquestrados para aplaudir e até chorar diante dos seus "líderes".
A trilogia de Yuval Noah Harari - "Sapiens", "Homo Deus" e "21 Líções para o Século 21" é de acabeceira para ler, reler e estar sempre à vista e às mãos.
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