Literatura
Rosa de Lima
27/05/2012 às  08:09

"A PRIVATARIA TUCANA" E AS LEBRES COM ORELHAS DE FORA

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Foto: BJÁ
Livro de Amaury Ribeiro Jr aborda as privatizações no governo FHC
   O livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr da Geração Editorial, "A Privataria Tucana", 335 páginas, é desses que provoca muita polêmica, com justa razão porque está bem documentado, desagrada àqueles que direta ou indiretamente estão citados como envolvidos naquilo que o autor chama de "maior assalto ao patrimônio público brasileiro", e faz a festa dos opositores "tucanos", leia-se PT & Cia.   
   Mas, vale a pena ser lido até para se conhece o que se passou em alguns cenários das privatizações de empresas estatais no governo FHC.


  
   Amaury é um repórter ousado e cuidadoso com suas fontes, tanto que, uma parte do livro está preenchida por documentos que amealhou nos cartórios de São Paulo, revelando facetas das privatizações envolvendo somas extraordinárias de dinheiro, e recursos que foram colocados em paraísos fiscais por personagens vinculados ao esquema político dominante da época.


  
   Desde que foi lançado até os dias atuais, o livro se coloca na lista dos mais vendidos do país, o que demonstra que despertou um grande interesse dos brasis de todos as matizes partidárias.



   De quebra, polemista que é Amaury dedica os últimos capítulos do livro, a história de como o PT sabotou o PT na campanha de Dilma Rousseff a presidenta, em 2010, sobretudo na área do marketing político e nas relações com os grupos que disputavam espaços, Fernando Pimentel e Antonio Pallocci.


  
    Portanto, o livro tem esse quase apêndice que é pouco lembrado pelos radicais petistas quando se aborda a questão da divulgação do trabalho na grande mídia, o que alguns analistas consideram que houve um boicote, ou um esquecimento proposital, até que o próprio produto ganhou dimensão nacional por si só e aí todos os veículos de comunicação foram praticamente obrigados a comentar o assunto.


  
    Tem até alguma razão essas críticas, pois, de fato, se existe uma má vontade de alguns setores da mídia com os petistas e/ou boa vontade com a "tucanagem", é também bom se avaliar que a mídia não deve estar a serviço deste ou daquele partido ou de ideologias partidárias, mantendo a sua visão critica sobre todos os campos, sem a obrigatoriedade de se engajar nesse ou naquele comentário que pode parecer obrigatório aos olhos dos xiitas.


    
   Quem impõe a obrigatoriedade da mídia é a obra, o valor da obra, o conteúdo da obra, e a "Privataria Tucana" se destacou por essa dimensão e não pelo fato de que deveria ser tratado pelos críticos só porque se analisa as privatizações no governo FHC e a participação de José Serra.


  
   Amaury, por sinal, tem uma predileção especial por Serra e família e justifica o porquê desse viés, uma vez que Serra foi um dos protagonistas das privatizações tucanas iniciadas pelo arauto ministro Serjão, ainda quando era titular da pasta das Comunicações e sepultou o ineficiente sistema Telebras.


  
    Se o Brasil tivesse seguido com aquele sistema, certamente, hoje, estaria pagando um preço muito alto, pois, além de ser empregüista e patrimonialista, não teria recursos suficientes para fazer investimentos que o setor estava a exigir e as privatizações vieram na década certa, até com certo atraso, e hoje, há essa profusão de empresas atuando no mercado livre da telefonia e seus serviços melhoraram e se ampliaram bastante, ainda que, como tudo que ocorre no Brasil, privado ou público, o consumidor é muito maltratado e seus direitos passam ao largo.


  
    Não vamos entrar no mérito da análise jornalística de "A Privataria Tucana" se tudo o que está posto no livro representou, de fato, "um assalto ao patrimônio público" como destaca o autor, até porque os envolvidos nas denúncias já disseram que, muito do que se relata não tem fundamento, ou pelo menos foi respondido na Justiça. Agora, que há muitas lebres com as orelhas de fora, não se tem dúvidas.


  
   Daí que é interessante para qualquer leitor tomar conhecimento do conteúdo do livro e tirar suas conclusões. Que, de fato, aconteceu uma "privataria" isso não se deve ter dúvidas e muitas coisas ainda são extremamente cabulosas.


  
   Quem ainda não teve a oportunidade de ler o trabalho de Amaury deve fazê-lo com urgências, pois, se trata de um episódio recente da história do país, ainda a ser passado a limpo


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