12/02/2015 às  12:27

Leviatã e o drama da Rússia com a corrupção

Diogo Berni comenta sobre cinema


Leviatã, dirigido por Andrey Zvyagintsev, Rússia, 2014. É importante respeitar culturas as quais não temos muito acesso para não corrermos o risco de taxarmos certas obras artísticas como ruins ou boas por pura ignorância. 

   Não é menos importante também compreender que certas obras artísticas têm papéis mais nobres que entreter, mas sim de mostrar como determinada nação anda atualmente para o mundo. 

   Esse é o caso de Leviatã; Vencedor do Globo de Ouro e forte concorrente a ganhar como melhor filme estrangeiro o Oscar, embora particularmente prefira o ótimo e engraçado filme argentino Relatos Selvagens. 

   Entretanto voltando ao longa russo que usa e abusa , e ainda bem, do mar Báltico e de paisagens pra lá de surreais de belas do país continental russo, vemos nitidamente como a corrupção não é somente um laço nosso. 

   O filme mostra a política fazendo “das suas” para mostrar uma Rússia atual cheia de dilemas de moralidade e vodka, óbvio. Aliás muita vodka o filme todo praticamente. É bom respeitar certos aspectos culturais, pois para eles vodka parecia chá das cinco, então não posso afirmar que todos os personagens eram alcoólatras, embora parecessem. 

   Todavia o que perceptível era o ar tenso entre um político corrupto e um homem comum que insistia em não vender sua casa para que o político fizesse naquela terra negócios de interesse pessoal. A base do filme era este dilema de quem podia mais, e claro que já podemos adivinhar quem pôde. 

   A Rússia contemporânea tentando se reerguer, a força da sua igreja ortodoxa em assuntos de todos os gêneros e tipos, seus cidadãos com problemas alcoólicos (a taxa de mortes devido ao álcool por lá é altíssima), o sistema político russo e suas fragilidades pelo autoritarismo, o jeito do cidadão russo frio em comportar-se diante das mudanças globais, e por isso talvez a Rússia tenha se atrasado no seu desenvolvimento. Enfim, certas obras artísticas vão além da arte de divertir, mas sim de informar aspectos importantes para que ocorram mudanças. Não menos importante é salientar que o filme ganhou como melhor roteiro em Cannes em 2014. 

   Esta é uma obra artística , ou seja, perpassa a condição de só obra fílmica, e como sabemos que a mãe da politica é a arte, temos agora a noção de que tipo de filme estamos tratando; Uma obra com O maiúsculo que tenta, e consegue genialmente, nos apresentar a Rússia do século XXI. Belo trabalho do cinema russo que há muito tempo não apresentava uma obra com tamanho gabarito social. 
                                                                 ****
   Busca implacável 3, de Olivier Megaton, França( falado em inglês), 2015. Hoje temos um típico roteiro que consegue derrubar atores. 

   Para conseguir emplacar o número três da franquia, esta quebra a perna do ator coadjuvante da ação. Há quem me refiro é o atorzaço Forest Withaker ( O último rei da Escócia ), que faz o papel de um delegado pseudo inteligente, entretanto tal policial só fica no ser aspirante a esperto ou pseudo mesmo, sendo que toda hora era enganado pelo protagonista da franquia , Liam Neeson . 

  O enredo se resume basicamente única frase, esta: O ex- agente aposentado é a principal suspeita da morte da sua ex-mulher, e para provar sua inocência tem de descobrir quem a matou e por qual motivo. Fora isso só temos cenas e mais cenas culhudeiras; Uma mais que outra ao ponto de um carro conseguir parar um avião preste a decolar, esta que fora a mais espetacular e final. 
 E o problema não para por aí, pois existe um sério risco de termos mais um filme da franquia haja vista que o protagonista, que engana a policia o filme todo, tem medo de matar o cara responsável pela morte da sua ex-mulher para não ser preso, ou seja, quando o cara sair da prisão certamente vai querer vingança. Agora pelo andar da carruagem já que o primeiro filme da franquia foi feito em 2008; 

  O segundo em 2012, e agora o terceiro em 2015; Acho que o coroa do Liam Neeson não terá mais ímpeto para fazer um quarto filme, há não ser que ele apareça de bengalinha matando todo mundo. Certas cenas, por a história ser tão fraquinha, achei que estava vendo um filme de comédia pelos buracos de roteiro que percebia. Mas como já dizia o velho sábio: “ o cachorro foi feito pra latir, o carro pra correr, a criança pra chorar e a roda pra rodar”;

   E no fim das contas quem rodamos somos nós que pagamos caro para ver este tipo de filme nos cinemas, alias nos cinemas não, nos multiplexs, se é que isto pode ter o cheiro ou a sensação de um cinema. 


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