26/10/2013 às  11:13

SERRA PELADA revela a ambição pela grana

Serra Pelada, dirigido e co-roteirizado pelo excêntrico Heitor Dhalia, Brasil, 2013, produzido por Vagner Moura e ainda encabeçando o elenco com boas atuações de Juliano Cazarré e Júlio Andrade.


 Le capital  ou O Capital, do sempre enigmático e excelente diretor e co-roteirista deste longa gaulês Costa-Gavras, 2013. Repentinamente o presidente de uma mega banco internacional é diagnosticado com câncer maligno da próstata, de modo que outro executivo entra em cena, que nada mais é o nosso protagonista da trama. 

   Em primeira instância tal homem de negócios é colocado no maior cargo da empresa para ganhar menos que o ex-presidente e por isso há indícios de que o cargo fora tomado para alguém servir de boi de piranha para um golpe no banco. Todavia tal “peixe pequeno” começa a postar suas regras na presidência do banco mundial com mais de cem mil funcionários mundo afora.

    A sua estratégia era de um corte radical de pessoal de 11%, coisa equivalente a tirar o banco do vermelho e menos de milhares de funcionários nas folhas de pagamento. 

   Entretanto modesto funcionário não fora colocado na presidência por coincidência, queriam que ele comprasse um banco japonês falido para que mercenários milionários banqueiros de Miami conseguissem, através de uma jogada meticulosa e suja, comprar as ações do banco gaulês para ganhar o poder do banco e dá as cartas no conselho da empresa. 

   O filme é um espetáculo principalmente para aqueles neurônios esquecidos de se exercitarem ultimamente, pois se trata de uma trama de suspense cabeça que nos apresenta aos negócios do alto escalão no business dos banqueiros milionários e nos mostra ainda que tal esquema de tirar dos mais pobres e dar aos mais ricos (ou o Robin Wood da nossa modernidade, ou seja, ao avesso) ainda se perdurará por um bom tempo.

    Uma trama produzida para pensar no que estamos fazendo e levando nossos padrões éticos e por conseqüência nossa sociedade para um caminho onde fica evidente que a ganância de poucos escraviza a pobreza de muitos.

    Fita interessantíssima que nos obriga a tirar nossos rabos gordos capitalistas e egoístas da poltrona ou sofá a nos fazer repensarmos se estamos de fato fazendo pouco ou quase nada para que esse sistema capitalista mude, onde banqueiros ficam sempre mais ricos por causa de trabalhadores como nós, que pouco pode fazer para que esse poderoso esquema que vem de cima para baixo mude. Realmente saí revoltado do cinema mesmo sabendo que não poderia fazer nada sobre a política dos bancos privados ou os de econômica mista, todavia percebemos no filme que essa revolta nos acomete somente pelo motivo de que o diretor Costa -Gavras consegue nos tirar do comodismo ou do lugar comum para enxergarmos mais claramente quem dá as cartas na nossa realidade , ou seja, como banqueiros sempre tiram proveito da nossa sociedade civil enganada ou roubada.

    É o capital ou o sistema que escolhemos ou fomos simplesmente sugados por ele, assim como um ralo de esgoto que suga tudo o que encontra pela frente, e o Costa-Gravas consegue mostrar isso como poucos.
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   Serra Pelada, dirigido e co-roteirizado pelo excêntrico Heitor Dhalia, Brasil, 2013, produzido por Vagner Moura e ainda encabeçando o elenco com boas atuações de Juliano Cazarré e Júlio Andrade.

   Trata-se de um filme nacional que mexe com as pessoas por se tratar do tema central da fita que é: Qual é a sua ambição na vida? Questionamento este que se mistura com a história do próprio Brasil nos anos 1980 com a descoberta de mais de sete toneladas de ouro aterrados no interior do estado atual do Pará. 

   A trama tem como fios condutores dois protagonistas paulistas que não agüentavam mais viverem duros e por isso foram tentar a sorte na busca do ouro. Entretanto as naturezas dos dois personagens que fizeram a espinha dorsal do filme eram extremamente opostas: Enquanto um saiu fugido de Sampa por dividas, o outro por sua vez era professor recém-demitido e com mulher prenha. 

   Um pacto de que um jamais trairia o outro foi feito na ida para Serra Pelada, todavia quando os olhos pulam da cara porquausa de dinheiro, todo e qualquer pacto pode ser desfeito. O filme deixa-nos com essa dúvida no ar em relação ao ser humano: o dinheiro realmente compra tudo? . Indagações existenciais por parte deste que lhos escreve a parte, voltemos ao filme, embora tais indagações façam parte do processo de digerimento do filme que envolve aquilo que somos: atolados de culpas que não são nossas ou méritos que também não são.

   Afinal onde nós vamos parar hein? Com essas dúvidas saí do cinema e acho super válida à ida ao cine mais próximo para poder conferir a essa boa produção nacional.
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   Gravidade, dirigido e co-roteirizado pelo mexicano Alfonso Cuarón, EUA e Reino Unido, 2013. Já querendo escrachar tanto um filme como o outro por ambos serem deveras maçante e monótono, se equivalem. Refiro-me ao nosso selecionável para o Oscar O som ao redor, comparando com Gravidade, que é o filme em questão a ser debatido.  Façamos assim: por critério de méritos, se um for premiado o outro teria que ser também, pois as tramas, apesar de serem distintas, são chatas, enjoativas, enfim: monótonas mesmo. 

  O “nosso” nacional de Pernambuco ainda consegue ser um pouco melhor ( e mais longo ) por mostrar a rotina de determinados indivíduos do Recife, enquanto Gravidade se presta a focar no dia-a-dia em órbita de dois astronautas.

   Tanto em um filme como em outro existe ações, momentos tensos ( afinal senão não seria um filme, oras bolas ), mas os dois pecam na monotonia da fita perdida. Entretanto vamos focar em Gravidade  e deixar pela sorte O som ao redor do Cleber Mendonça Filho no Oscar de 2013, embora acho eu que tínhamos melhores filmes a nos representar, mas agora basta só torcer para um milagre e o filme pernambucano sequer conseguir entrar na lista dos selecionáveis para melhor filme estrangeiro com tantos outros mexicanos, argentinos, uruguaios e até colombianos melhores que o “nosso” escolhido.

   Voltemos a Gravidade da Sandra Bullock, ela que faz uma astronauta que consegue sobreviver de uma tempestade espacial originada de resquícios de outras naves à deriva juntamente com seu parceiro e comandante interpretado pelo  George Clooney. E o filme fica nessa durante 90 minutos: A Sandra pulando de galho em galho ou de nave espacial em nave espacial para conseguir sobreviver obtendo o oxigênio necessário nas novas corridas a deriva no espaço de nave para nave. 
Quem é esse tal de Alfonso Cuarón? ; Sei que se trata de um diretor mexicano, porém desconheço profundamente seus filmes anteriores ( se é que os teve). O que me deixa esperançoso é que se o tal filme do mexicano desconhecido ganhar alguma estatueta no Oscar ano que vem, é possível que o nosso também monótono filme “nacional”possa ter chance de ganhar alguma estatueta, pois em quesito de “maresia”, os dois seguem a mesma cartilha e não conseguem de fato entreter nem os mais aficionados cinéfilos amantes de ficção cientifica ou dramas existenciais, drama esse que fora o pernambucano tupiniquim.

   Agora só que nos resta é aguardar qual o critério que a indústria americana premiará seus filmes em 2013 em seu tapete vermelho, e caso Gravidade ganhe alguma coisa, teríamos chance com o “nosso” monótono, porém arretado filme pernambucano. É esperar para crer, mas já adianto que as chances são pouquíssimas, todavia como diria o nosso poetinha recém - centenário Vinícius de Moraes: “A esperança é a última que morre”, aguardemos  então até fevereiro qual o critério que a academia americana industrial adotou em 2013 para premiar os filmes do “imparcial” e principal festival dos Estados Unidos da América do Norte.


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