01/06/2013 às  07:49

Uma nova versão de Bonitinha, mas Ordinária

Até no gênero comédia nossos “hermanos” portenhos são mais criativos que nós. Hoje conferi a fita 2 mais 2 (Dos más dos), dirigido e roteirizado pelo Diego Kaplan, Argentina, 2013


Não resenharemos um filme redondo, ou seja, com todos os aspectos impecáveis ou no mínimo passáveis. Os erros da obra são nítidos até para leigos, porém a fita se sustenta no seu roteiro Nelsonrodriguiniano adaptado para a atualidade carioca. Trata-se daquele filme que você viu na década de 1980 com a Lucélia Santos fazendo o papel da bonitinha e ordinária. 

   Neste Bonitinha, mas Ordinária, do diretor Moacyr Góes, Brasil, 2013; Temos essa personagem esforçada, mas apagada por querer copiar a Lucélia e não se sair muito bem em sua atuação. Cabe então aos outros personagens do filme preencher o buraco que a nova bonitinha deixa e o João Miguel , que foi premiado como melhor ator no Cine Pe 2013 pela atuação, e a Leandra Leal o preenche bem, de modo que o buraco e a atuação da atriz Letícia Colin se passa despercebida na fita.

   O tema do homem ter caráter ou até que preço esse vulgo “caráter” aguenta é o xis da questão da trama. Diferentemente do filme de 1980 esse agora tem os bailes funks e as favelas cariocas como panos de fundo, porém a carga pesada do escritor Nélson Rodrigues é empregada na fita transpondo assim personagens com a mesma intensidade. Mais do que a violentação da “bonitinha” e ela ter gostado ou não disso , Nelson Rodrigues deixa claro que o mais importante é colocar em xeque a pergunta: Até quando ou quanto o homem é fiel aos seus valores morais?

   A fita começa e isso já nos é jogado em nossas caras ainda recém-entradas no cinema com seu protagonista berrando bêbado em um bar: “O mineiro só é solidário no câncer!”. Um filme forte sem dúvidas como toda obra do Nelson Rodrigues é, mas profundamente atual e necessário como afirma seu diretor por vivermos nessa banalização de imagens e corpos e falta de pessoas com caráter que se vendem as quaisquer coisas ou imagens.
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   A Datilógrafa (Populaire), de Régis Roinsard, França, 2013, atuando com a bela Déborah François; Mostra o quanto estamos seguindo por uma direção errada com essa concorrência do capitalismo insana que vivemos. 

  O filme retrata a França pós-segunda guerra mundial com um figurino e fotografia impecáveis com direito a passadas na torre enfiel “vestida” para aquela época com carros antigos ao seu redor e figurantes vestidos a caráter. Sobre o enredo temos o seguinte: Depois da segunda guerra a Europa começa a engatinhar, a se reerguer criando empregos e empresas novas. 

  A estória se trata de uma dessas moças do interior que já estava “prometida” por um caipira de sua cidade a noivar, porém a tal futura noiva tinha um dom e um sonho. O dom nem ela sabia, só sabia que o sonho dela era sair daquela cidadezinha provinciana e conseguir um emprego de secretária em uma cidade com mais suporte. Mas existia uma barreira para isso: 

   A mulher era mais estabanada que qualquer outra mulher, só sabia fazer uma coisa: datilografar; Rápido e somente com dois dedinhos; Fato curioso este. Tão curioso que seu chefe a admitiu somente por esse dom: datilografar rapidamente. Todavia o chefe (Romain Duris , o mesmo ator que fez o filme Albergue Espanhol, e com boa atuação nesse também) não a contrata para fins de secretária, mas sim antevê nela uma futura campeã na arte de datilografar rapidamente. Os primeiros campeonatos são uma lastima por ela usar só dois dedos enquanto as outras usavam os dez e o queixo. 

  A datilografa começa e aprender piano com a ex-namorada do seu chefe que a essa altura era mais um treinador-affair do que um chefe de fato. Os treinamentos no piano dão a ela um exímio domínio em escrever, quer dizer datilografar. Os campeonatos regionais surgem e ela começa a ganhá-los. Vem o nacional e ela arrebata suas adversárias com extrema facilidade ( pois é: a única coisa que não concordei com a produção francesa fora o fato de colocar só mulheres no oficio da maquineta de escrever, mas fazer o quê, aí teria de mudar o titulo do filme também ). 

   Como todo filme que se preze tem de ter um romance; Pois bem, esse  tem o seu para dar uma redondada no roteiro e chamar mais público. O problema é que o affair da datilografa gosta de outra e ela nos transmite que gostar mesmo ela gosta só dela e de sua maquineta. 

  Enfim o filme vale por sua fotografia, figurino de época e da mensagem irônica que nos transmite de que: competir por competir, como fazemos nos dias de hoje, é pura perda de tempo. E ainda bem que os teclados surgiram, qual será o próximo avanço da escrita impressa, alguém se habilita a dizer daqui a 20 anos como escreveremos? Uma coisa prescinto: a de que a escrita com caneta cada dia se torna mais descartável. 

   Fui aos correios esta semana e me senti um ET por enviar uma carta escrita e não um e-mail. São os nossos tempos, é melhor acompanhá-los caso contrário ficaremos a “ver navios”, porém não precisamos pisar em nossas próprias mães.
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   Até no gênero comédia nossos “hermanos” portenhos são mais criativos que nós. Hoje conferi a fita 2 mais 2 (Dos más dos), dirigido e roteirizado pelo Diego Kaplan,  Argentina, 2013; onde trata do swingue entre casais como tema central. De inicio temos dois amigos de longas datas e sócios de um consultório médico. Médicos de profissão como eram, existia um mais livre, de cabeça aberta e outro mais conservador calcado numa criação rígida e religiosa.

   O mais “cabeça aberta” era um insaciável homem sexualmente ativo adepto as práticas de swingue entre casais juntamente com sua esposa liberal. Para quem não ligou o nome a pessoa a prática swingue trata-se da troca de casais para uma transa sem compromisso, porém para tal prática é necessária a obediência de somente duas regras: 

   1- Que seja no mesmo teto e 2- Que sejam encontros com todos os presentes, ou seja o marido e a esposa. Pois bem o segundo casal e principal da comédia era formado por um médico rabugento e uma jornalista curiosa; Tão curiosa como era sua função em um telejornal: a de informar a previsão do tempo.

   Insistência por parte da jornalista vai dia e vem dia até que o médico conservador aceita um “ensaio de swingue” com o casal amigo e já adepto a prática. Do ensaio a prática propriamente dita não demora muito de modo que o casal pega gosto pela novidade matrimonial e se tornam adeptos assíduos a festas  e/ou orgias regadas a personagens no mínimo excêntricos, como é o caso de um gordinho enrustido que nas orgias do swingue descobre que o fio terra que tomastes em sua infância fora de modo tão acachapante e traumatizante que não consegue esquecê-lo, fazendo assim o personagem mais cômico do filme. 
O nosso instinto sexual pode ser de certa forma preenchido por brincadeiras como o Swingue, porém os sentimentos não podem ser preenchidos por tal prática, pelo contrário: a prática pode confundir uma transa com uma paixão e sem querer contar o filme e já contando um pouco é isso que acontece. 

  O swingue vira paixão por um dos integrantes da brincadeira adulta e isso acarreta e desmorona uma sociedade em um consultório médico e amizades que dantes então, eram verdadeiras. Por mais que odiemos o tal médico ranzinza que desde o inicio fora contra a prática swingue e cedeu a pedido para manter o casamento com sua esposa ninfomaníaca, mas ele estava certo: certa hora , mais cedo ou tarde o sexo se esbarra no sentimento, não tem como fugir disso. 

  A natureza entenda-se como instinto, é phoda, ou seja: não tem como dizer não a ela, pois mais cedo ou mais tarde ela dá um jeito de colocar suas “manguinhas para fora”, e que bom que é assim; Imagine um monte de gente igual, como desinterresante seria esse mundo.


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