Miudinhas
Tasso Franco
03/06/2020 às  10:34

OS CASOS JOÃO PEDRO E GEORGE FLOYD E OS OPORTUNISTAS BRASIS

O ativismo brasileiro não tem ação permanente e organizada


 MIUDINHAS GLOBAIS:

   1. No último dia 18 de maio uma operação da Polícia Civil e da Polícia Federal foi realizada no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, no Rio de Janeiro, e o ato acabou em tragédia. Em busca de possíveis líderes criminosos, os policiais cercaram a área pelo solo e também pelo ar, com a ajuda de um helicóptero. Naquele momento, João Pedro Mattos, de 14 anos, e outras seis crianças estavam reunidas e jogavam sinuca na casa de um parente.

   2. De acordo com os moradores, os jovens ouviram os tiros e, em seguida, procuraram se refugiar — assim como muitos fazem durante uma operação policial em complexos, segundo relatos da imprensa do Rio. .

   3. Foi então que os policiais entraram na casa do tio de João e dispararam mais de 70 vezes. "Os policiais saíram atirando", relatou um primo em uma rede social. Ao perceber que uma das crianças havia sido atingida, os homens o levaram até o carro de policiamento.

   4. O garoto era João Pedro, que posteriormente foi transportado por um helicóptero e, supostamente, levado até um hospital. De acordo com os parentes, eles não tiveram o direito de acompanhá-lo na aeronave. Ao procurar pelo menino, porém, a família não encontrou nenhum registro nos hospitais de São Gonçalo.  

   5. O caso da morte de João Pedro teve uma ampla cobertura da imprensa, depoimentos do pai do garoto, de outras personalidades e a Policia está apurando o caso. Mas, os antirracistas do Brasil ficarma mudos. Não foram as ruas, não protestaram, não fizeram passeatas como está acontecendo nos EUA com o caso George Floyd. E, o que é mais curioso, agora os brasis estão às ruas pelo caso Floyd.

  6. É pergunta é: por que os brasileiros são assim? Sempre antirracisstas, antifascistas, anticomunistas, antipetista, anti um monte de coisas, mas, sempre no oportunismo sem uma ação permanente?

   7. Na tarde desta quarta-feira (3), ao vivo no 'Visão CNN', da CNN Brasil, o jogador Daniel Alves, atualmente no São Paulo, desaprovou quem se posiciona contra o racismo apenas em determinadas ocasiões, "para se vangloriar" de tal ação politicamente correta, como agora devido à comoção mundial pela morte do segurança negro George Floyd, asfixiado pelo policial Derek Chauvin em abordagem violenta filmada em Minneapolis, nos Estados Unidos.

   8. Mais de uma vez, o atleta condenou o "oportunismo" daqueles que aproveitam para se autopromover nessas situações. Disse ser importante o "posicionamento contínuo" contra a discriminação racial. Ele também reprovou o "vitimismo" de quem enxerga racismo em tudo. "Não se pode achar que todo branco é racista", exemplificou.

   8. Definindo-se como "ativista pacifista", o lateral-direito sugeriu às pessoas "agirem todos os dias" contra os preconceitos, e não somente quando há repercussão midiática de um caso específico. "Assim a gente conseguirá harmonia social e humanitária", afirmou.

  9. Daniel Alves já sentiu o racismo na pele. Em 27 de abril de 2014, quando atuava pelo Barcelona, foi alvo de ofensa racista de um torcedor do Villarreal. O homem atirou uma banana na direção dele. Daniel surpreendeu o mundo ao pegar a fruta e comê-la em pleno jogo. A atitude irônica gerou a campanha #SomosTodosMacacos em repúdio à recorrente discriminação no futebol.

  10. Vejam outro caso recente no Brasil:  O presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo, chamou o movimento negro de "escória maldita" em uma reunião gravada sem que ele tivesse conhecimento. Camargo também disse que Zumbi era "filho da puta que escravizava pretos", criticou o Dia da Consciência Negra, falou em demitir "esquerdista" e usou o termo "macumbeira" para se referir a uma mãe de santo.

  11. Os trechos foram divulgados pelo jornal "O Estado de S. Paulo". De acordo com a publicação, o encontro, ocorrido em 30 de abril, teve participação de outros dois servidores da fundação e serviu para tratar do desaparecimento de um celular corporativo de Camargo.

  12. Questionado na reunião a respeito de quem poderia ter pego o aparelho, respondeu: "Qualquer um. Eu exonerei três diretores nossos assim que voltei. Qualquer um deles pode ter feito isso. Quem poderia? Alguém que quer me prejudicar, invadindo esse prédio aqui pra me espancar. Quem poderia ter feito isso? Invadindo com a ajuda de funcionários daqui. O movimento negro, os vagabundos do movimento negro, essa escória maldita".

   "Não tenho que admirar Zumbi dos Palmares, que pra mim era um filho da puta que escravizava pretos. Não tenho que apoiar Dia da Consciência Negra. Aqui não vai ter, zero – aqui vai ser zero pra [Dia da] Consciência Negra. Quando eu cheguei aqui, tinha eventos até no Amapá, tinha show de pagode com dinheiro da Consciência Negra. Aí, tem que mandar um cara lá, pra viajar, se hospedar, pra fiscalizar... Que palhaçada é essa?".

   15. E agora, fizeram alguma passeata contra Camargo? Nada. A comunidade negra da Bahia sempre muito ativa foi às ruas, nada. A moda agora é postar é que antifascista.
                                                        
   16. Hoje, o presidente Jair Bolsonaro chamou manifestantes contrários ao seu governo de "marginais" e "terroristas" ao comparar, na noite de terça-feira, 2, os atos realizados nos últimos dias no Brasil e nos Estados Unidos. Segundo o presidente, os protestos por aqui têm motivações políticas, diferentemente do que ocorre no país norte-americano, que teve como estopim a morte de um homem negro por um policial branco. Para Bolsonaro, o racismo lá é "diferente", pois "está mais na pele".

  17. "Começou aqui com os antifas (movimento antifacista) em campo. O motivo, no meu entender, político, é diferente. (Aqui) são marginais, no meu entender, terroristas", disse Bolsonaro em frente ao Palácio da Alvorada. As declarações foram divulgadas por apoiadores no YouTube.

   18. Bolsonaro lamentou a morte de George Floyd, um homem negro de 46 anos assassinado por um policial branco, que desencadeou a série de protestos antirracistas em várias cidades norte-americanas.

  19. "Lá (nos Estados Unidos) o racismo é um pouco diferente do Brasil. Está mais na pele. Então, houve um negro lá que perdeu a vida. Vendo a cena, a gente lamenta. Como é que pode aquilo ter acontecido? Agora, o povo americano tem que entender que, quando se erra, se paga", afirmou. "Agora, o que está se fazendo lá é uma coisa que não gostaria que acontecesse no Brasil. Logicamente que qualquer abuso você tem que investigar e, se for o caso, punir. Agora, este tipo de movimento, nós não concordamos", emendou o presidente.

   20. E agora, acontecerá o que no Brasil? João Pedro morreu, Camargo continua dirigindo a Fundação Palmares e Bolsonaro fala o que quer e tem entende.


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