Miudinhas
Tasso Franco
27/12/2014 às
10:14
PT pressiona Dilma por mais espaço no Planalto com perda de posições
A corrente do ex-presidente Lula, Construindo um Novo Brasil (CNB), não estaria nada satisfeita com perda de posições na articulação politica no Palácio do Planalto
MIUDINHAS GLOBAIS:
1. A presidente Dilma Rousseff (PT) segue seu descanso na praia de Inema, em Salvador, faz passeios de lancha pela Baía de Todos os Santos e esfria a cabeça para concluir o anúncio do seu ministério para iniciar seu novo governo, segundo mandato, em 2015.
2. Há disputa interna pelos diferentes grupos do PT, entendendo-se que correntes ligadas ao ex-presidente Lula e a Construindo um Novo Brasil (CNB), maior agrupamento petista, estariam insatisfeitas com a perda de espaço no Planalto.
3. A troca de Gilberto Carvalho por Miguel Rossetto, na Secretaria-Geral da Presidência, cargo muito próximo de Dilma, e a indicação de Pepe Vargas para a Secretaria de Relações Institucionais (SRI), substituindo Ricardo Berzoini, o qual irá para as Comunicações, não teria sido do agrado da CNB (leia-se também de Lula) e isso acendeu um sinal amarela, a ponto a presidente só anunciar o restante do Ministério quando retornar a Brasília, na próxima segunda-feira, dia 29.
4. Pepe e Rossetto são da corrente Democracia Socialista e ambos gaúchos (dilmistas). Ademais, os lulistas do CNB temem que Pepe Vargas, deputado pelo RS, não dê conta do recado na articulação politica do governo num ano (2015) em que se prevê uma oposição mais aguerrida e estruturada, e com possível eleição de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para presidir a Câmara.
5. Veja que nessas preliminares - ainda faltam indicações de 22 ministros - sobrou para o governador da Bahia, Jaques Wagner, o qual chegou a ser apontado como provável ministro das Comunicações (incluindo as verbas da publicidade) e este acabou no Ministério da Defesa.
6. Ou seja, houve uma imposição do PT para conduzir Ricardo Berzoini para as Comunicações diante da perda que a CNB teve com a SRI passando para Rossetto. Há, ainda em jogo, como Ministérios importantes, o do Trabalho (Lupi já avisou ao Planalto que não deseja perder essa pasta em troca pela Previdência); o do Desenvolvimento Agrário que deverá ficar com Patrus Ananias (PT/MG) e o dos Transportes, que deverá ficar com o PR.
7. São certos que permanecerão no Ministério: Arthur Chioro (Saúde), Aloisio Mercadante (Casa Civil), José Eduardo Cardozo (Justiça) e Tereza Campello (Desenvolvimento Social). Fala-se que Juca Ferreira irá para a Cultura, Ideli Salvati para Direitos Humanos e Izabela Teixeira, Meio Ambiente.
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8. (OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA): O leitor tem ideia de qual ranking positivo o Brasil é um dos líderes? Nas últimas décadas, redução da pobreza, diminuição da mortalidade infantil e acesso à educação (nesse caso, sem ligação com a qualidade do conhecimento).
9. Todavia, os últimos levantamentos apontam um Brasil muito violento (dados de 2012 indicam que 10% dos homicídios do planeta aconteceram aqui), péssimo nas provas de conhecimentos gerais e que voltou a desmatar. Para coroar, o país agora é um dos piores para a prática do jornalismo, atividade que alguns dizem ter os dias contados.
10. Segundo estudo da Press Emblem Campaign (divulgado pelo bravo Jamil Chade, do Estadão), a terra de Vera Cruz ficou em 10º lugar, ao lado da República Centro Africana. Neste ano, morreram durante o trabalho Santiago Andrade (TV Bandeirantes), Pedro Palma, José Lacerda (ambos da TV Cabo Mossoró) e Geolino Xavier (da TV N3, da Bahia). Em 2014, até agora, 128 profissionais da imprensa morreram no mundo. O recorde de 2013, com 129 mortos, está próximo de ser empatado. Infelizmente.
11. É dizer o óbvio que a democracia não funciona sem uma imprensa livre. O jornalismo independente e crítico é essencial para um sistema que permite o confronto saudável de ideias. A cobrança feita ao Executivo, Legislativo, Judiciário e iniciativa privada só vem quando a imprensa se comporta de maneira responsável e informa o público do modo mais correto. Sem partidarismos berrantes.
12. Por incrível que pareça, a verdade jornalística é relativa. É só ler Veja e CartaCapital para notar como o mesmo assunto pode ser interpretado de maneira tão diferente. E ainda bem que é assim. Uma imprensa uníssona é um passo atrás na democracia. Como o vergonhoso 10º lugar que o Brasil ocupa no ranking de periculosidade para jornalistas.
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