Miudinhas
Tasso Franco
15/02/2009 às  21:02

VEM AÍ O BLOCO BOM-BRIL, ALPARGATAS E ELETROLUX. É O FIM DO CARNAVAL.

Pesquisa da Secretaria de Cultura desconhece os mestiços baianos



Foliões serão fantasiados de Bom-Bril com buchas nos cabelos e roupas idem-idem
  Miudinhas globais:

  1. O Carnaval de Salvador está se prostituindo de tal forma que, a julgar pela crescente onda mercantilista que está tomando conta da festa, em breve, além dos blocos da Skol e da Chevrolet teremos os blocos Wella, Bom-Bril, Brastemp, Casas Bahia, Eletrolux, Bradesco, Mastercard e assim por dia.

  2. Estamos chegando ao limite da insensatez. Até bem pouco tempo as empresas estavam investindo nos artistas, nos blocos de trios, de samba, de índios, afros e afoxés, mas, mais recentemente, decidiram também criar seus próprios blocos sem a mínima identidade com a cultura do Carnaval.

  3. Então, já que estamos vivendo num tempo de Mãe Joana vamos criar bloco Alpargatas com a baianada fantasiado de sandálias havaianas de todos os modelos. E, ou o bloco da Sadia todo mundo fantasiado de peru, inclousive o rei Momo e a Rainha do Carnaval.

   4. Um bloco carnavalesco e/ou entidade tem que haver o mínimo de cultura, de comunidade, de participação comunitária. Foram assim que aconteceram com o surgimento de Os Filhos de Ganhdy, Os Internacionais, Ilê Aiyê, Corujas, Pinel, Muquiranas, As Independentes e assim por diante. Uns já "faleceram" com as mudanças do Carnaval e outros estão aí com 60 anos, como o Gandhy.

  5. Agora, bloco empresarial na sua essência é uma falta de respeito total com a cidade e sua gente. A Câmara de Vereadores deveria aprovar uma Lei proibindo tal aberração já que o Conselho do Carnaval admite tal indecência. Até o Motumbá, que nasceu e se firmou no Pelourinho, entra numa armadilha dessa natureza.

  6. Vocês ja imaginaram uma situação dessas no Rio de Janeiro? A Escola de Samba da Skol! A Unidos da Chevrolet! A Grupo Independente da Alpargatas! Não teria a menor chance de vingar. Uma passista vestida com a fantasia desce redondo. Mas, o que está acontecendo em Salvador é isso. Essa imoralidade a vista de todos e até o Conselho de Cultura que iria dar uma penada no Carnaval está murcho.

  7. "Infocultura nº 3 - Carnaval de Salvador: perfil das entidades e participação dos metropolitanos", revista de estudos econômicos na área de cultura publicada pela Superintendência de Promoção Cultural da Secretaria Estadual de Cultura (Secult-BA), traça mais um diagnóstico do Carnaval de Salvador e apresenta dados sobre o perfil das entidades carnavalescas.
 
  8. Alguns dados são interessantes. Outros, completamente chutados como dizer-se que a participação dos moradores da Região Metropolitana de Salvador na festa que em 2008 movimentou cerca de R$ 500 milhões na economia da cidade.

  9. Distribuída gratuitamente pela Secult-BA, a revista "Infocultura nº 3" traz, em 28 páginas, uma análise sobre a atuação socioeconômica e cultural das quatro principais categorias temáticas envolvidas na realização do Carnaval (blocos de matriz africana, blocos de percussão/travestidos, blocos de trio/alternativos e camarotes), resultado de uma pesquisa.


  10. Para averiguar a participação dos metropolitanos durante o Carnaval foi realizado um suplemento da Pesquisa de Emprego e Desemprego - PED (SEI/UFBA/Dieese), que ouviu 12.443 pessoas da Região Metropolitana de Salvador. Já para examinar a natureza das entidades carnavalescas, foram entrevistados dirigentes de 40% dos blocos de trio, 31% dos camarotes, 90% dos blocos de percussão e quase 100% dos blocos de matriz africana.

  11. São informações estatísticas que pretendem embasar o planejamento de ações e políticas públicas para o Carnaval e visa aperfeiçoar o foco dos investimentos públicos na festa. Por exemplo, no que se refere aos foliões "pipoca", parcela do público carnavalesco que a pesquisa indicou como representando 60% do total de foliões do Carnaval, a Secult-BA está investindo em 2009 R$ 3,3 milhões para a produção de desfiles de trios elétricos voltados para esse público.

  12. Agora, esses trios, não agregam em volta de sí mais do que 1.000 foliões. E, em alguns casos, nem 500 foliões.


   13. Perfil do folião - A PED constatou que, no Carnaval de 2008, 504 mil moradores da RMS (18% da população total da mesma) participaram da festa brincando e/ou trabalhando, enquanto que 15% preferiram viajar e 66% não foram à festa. 


   14. O perfil dos foliões é fundamentalmente de jovens, sendo que 42,5% têm idades entre 10 e 24 anos e 37,5% têm idades entre 25 e 39 anos. O "folião pipoca" é a categoria predominante (60%), enquanto aqueles que desfilam em blocos carnavalescos representam 28% do total e os que optam por camarotes representam 12% do total. 


   15. Perfil das Entidades Carnavalescas - A pesquisa Perfil das Entidades Carnavalescas de Salvador (Secult-BA)  revela, por outro lado, que enquanto pessoas de estrato social mais baixo correspondem a 71% dos participantes dos blocos de matriz africana e dos blocos de percussão e travestidos, a participação das classes média alta e alta (43%) e classe média (38,1%) é mais expressiva nos blocos de trio e blocos alternativos.


   16. Os gastos realizados pelos foliões com bebida, alimentação, transporte, indumentárias e ingressos também foram investigados pela Pesquisa de Emprego e Desemprego. Os foliões que brincaram no Carnaval 2008 em blocos de trio, blocos alternativos e em camarotes tiveram, em média, um gasto total diário de R$ 142,00, enquanto os "foliões pipocas" gastaram, em média, R$ 26,00 por dia.


   17. A presença de turistas estrangeiros é praticamente inexistente nos blocos de trio e alternativos e de 35% do total de turistas em blocos de matriz africana. Por outro lado, turistas brasileiros vindos de outros estados representam 90% dos turistas que participam dos blocos de trio e alternativos, com turistas do interior da Bahia respondendo por 5%.
 
   18. Isso pode ser creditado à percepção do Carnaval baiano, pelos estrangeiros, mais ligada às raízes culturais, enquanto turistas nacionais e as classes média e média alta se dirigem a Salvador atraídos pelos blocos vinculados à axé music.


   19. Trabalho e renda - Com relação à mobilização de mão-de-obra durante o Carnaval, a PED estima que, em 2008, aproximadamente 110 mil pessoas estiveram trabalhando na festa. "73% dos entrevistados que trabalham na festa disseram ter emprego permanente, ainda que 27% dos entrevistados tenham afirmado serem desempregados ou inativos e que aproveitam as oportunidades da festa".


  20. "O segmento de ambulantes é formado predominantemente por mulheres, negros, analfabetos e boa parte tem pouca idade (entre 10 e 24 anos) e baixo rendimento (cerca de R$ 566 nos seis dias de festa)".


  21. Profissionalização do Carnaval - Nas últimas décadas, o Carnaval assumiu um perfil profissionalizado, voltado para um modelo de negócio que gera uma dicotomia entre sustentabilidade econômica das entidades comerciais e a necessidade de apoio dos poderes públicos para as entidades que possuem vínculo com as comunidades populares.
 
   22. A pesquisa Perfil das Entidades Carnavalescas de Salvador constatou, por exemplo, que os blocos de trio são os mais beneficiados com os ganhos da festa (receita média de R $ 99 mil), seguidos por camarotes (receita média de R$ 60 mil), bloco de matriz africana (receita média de R$ 32 mil) e os blocos de percussão e travestidos (receita média de R$ 25 mil).


   23. Observando as despesas dos blocos na realização da festa, notou-se que os blocos de trio têm uma média de despesa girando em torno de R$ 180 mil, seguidos por camarotes (média de R$ 163 mil), blocos de matriz africana (média de R$ 30 mil) e blocos de travestidos (média de R$ 16 mil).


   24. Já quando o assunto é geração de emprego, os blocos de matriz africana aparecem como os maiores geradores de postos de trabalho (79,6%), seguidos pelos blocos de percussão e travestidos (16,4%) e os blocos de trio/alternativos (2,3%). Porém, apesar da baixa participação no total de postos de trabalho gerados, são os blocos de trio que dão melhor remuneração aos trabalhadores, com despesas médias de pagamento de pessoal durante a festa foram de R$ 36 mil, em contraste com os R$ 3 mil informados pelos blocos de matriz africana e R$ 5 mil dos blocos de percussão e travestidos.


  25. Outro ponto relevante diagnosticado na pesquisa diz respeito à geração de postos de trabalho no estado: 97,2% das indumentárias dos blocos são confeccionadas na Bahia, sendo Salvador o principal local de confecção (76,8%) e Feira de Santana (12,2%) o segundo. Esse dado evidencia que essa etapa de produção da festa também possui importância econômica para a população baiana.   


  26. Esrtranho que a pesquisa não tenha relacionada nada em relaçãos mestiços, categoria maior da cidade do Salvador, com 74% da população.


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