DILMA agora tem que deixar discurso e executar mudanças que país exige

Dilma faz discurso de marketeiro e perde oportunidade de anunciar reformas mais fortes, inclusive no seu governo

MIUDINHAS GLOBAIS:

1. Conforme comentamos neste site (Governo Dilma da forma atual acabou e vai que que mudar urgente, vide editoria de Politicia, 20/5) o pronunciamento da presidenta (é assim que ela se chama) na rede de rádio e televisão deixou claro que as manifestações e protestos de ruas já mudaram as prioridades do seu governo para os sistemas de transporte público (mobilidade urbana) e mais recursos para a saúde e educação.

2. Usando uma roupa amarelo manteiga, diferente do tradicional vermelho petista, a presidenta fez um pronunciamento apenas politicamente bem comportado, se cercando de cuidados para não ferir ninguém, conciliatória, falando em reformas, sem, no entanto, precisar datas e reformas mais estruturais no seu governo. Típico discurso de marketeiro cercado de cuidados.

3. De certa forma, o pronunciamento da presidenta acalmou os ânimos dos dirigentes da FIFA, os quais estão analisando o comportamento do Brasil nesta Copa das Confederações e certamente, assim que termine esse torneio, o maior mico até agora do governo Dilma, vai se posicionar sobre a Copa do Mundo 2014. Hoje, em Salvador, aconteceram novas manifestações de protestos no entorno da Arena Fonte Nova; e em BH, muitos confrontos com feridos nas proximidades do Mineirão.

4. Crédulos, descartam quaisquer possibilidades de encerrar a Copa das Confederações, mas, o que poderá vir pela frente ainda é cedo para se dizer agora o que poderá acontecer. A presidenta, em citação aos gastos na COPA, disse que os empresários vão pagar os empréstimos para a construções de estádios, ainda que ninguém saiba que isso ocorrerá, uma vez que os R$6.5 bilhões do PAC da Copa, ainda estabelecidos no governo do então presidente Lula tiveram o aval dos governadores.

5. Na Bahia, por exemplo, foi votada uma lei na Assembleia Legislativa dando autorização para que o governo do estado se habilitasse aos R$550 milhões do BNDES e esse empréstimo foi repassado ao consórcio OAS/Odebrecht que construiu o estádio e ainda tem um contrato adicional para a manutenção que será pago pelo governo baiano.

6. Então, nem na fala da presidenta, nem para os baianos, está transparente quem de fato vai pagar esse volume de recursos, se ficará na conta do governo do estado e, consequentemente, dos contribuintes, ou se os empresários ao longo dos anos que vão explorar a Arena Fonte Nova pagarão essa conta. Esse modelo usado na Bahia também ocorre em Minas, Pernambuco, Ceará, Brasília e assim por diante.

7. Os 3 pontos básicos do pronunciamento de Dilma foram a convocação de governadores e prefeitos de capitais para organizar um pacto em torno da mobilidade urbana; que 100% dos recursos dos royalties do petróleo pré-sal serão destinados a educação; e que o governo vai fazer a contratação imediata de milhares de médicos estrangeiros para o SUS. Esse último item já recebeu, hoje, críticas das entidades médicas nacionais.

8. Evidente que todas essas medidas só serão sentidas pela sociedade a médio e longo prazos porque os sistemas de mobilidade são os mais atrasados do mundo e não dá para melhorar a curto prazo. A linha 2 do Metrô de Salvador está previsto para 2016 ou até mais adiante; e longe da solução contratual de médicos o ralo da saúde está noutra frente; assim como a educação carece de maior qualidade.

9. Veja que a Bahia ganhou agora mais duas novas universidades, o que é muito bom, mas não pode ser iguais a Universidade Federal do Recôncavo que tem um ensino de baixa qualidade. Entre as 500 universidades brasileiras a UFR está no lugar de 426 e tem um ensino de qualidade duvidosa.

10. A presidenta também falou do combate à corrupção e na ajuda a uma provável reforma politica. Dilma tem um crédito enorme com a população quando colocou para fora do seu governo vários ministros apontados como praticantes de prováveis desmandos e atos de corrupção, inclusive o dos Esportes, ligado ao PCdoB.

11. Mas, aos poucos, Dilma foi acomodando próceres do PR, PTB, PCdoB vinculados àqueles que colocou no olho da rua. Ademais, para a população, as eleições de Renan Calheiros, para a presidência do Senado; e Henrique Eduardo Alves, para a presidência da Câmara, ficou-se com a sensação de um amém do Palácio do Planalto em nome de um tal governabilidade.

12. São essas atitudes que a população não está mais engolindo e quer a governabilidade com outra cara. Daí que a presidenta precisa, a partir de segunda-feira, deixar o discurso de lado e partir para a conccretização de ações. Se não fizer isso, dificilmente conseguirá êxito na sua recondução à Presidência da República.

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