1. O ministro licenciado das Relações Institucionais e deputado federal, Alexandre Padilha (PT), compareceu no último sábado ao Congresso Nacional usando um boné azul com o slogan: "O Brasil é dos brasileiros”. Teria sido sugerido pelo novo ministro da Secretaria de Comunicacão, Sidônio Palmeira, e visa fazer um contraponto ao boné vermelho “Make America Great Again” (Fazer a América -do Norte - grande novamente) slogan das campanha de Donald Trump, 2016/2024.
2. Os ministros Carlos Fávaro (Agricultura), Camilo Santana (Educação) e o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), também usaram o acessório e não se sabe se o presidente Lula vai adotá-lo.
3. Não parece-nos uma boa ideia. Nem criativa é e remete aos ditos "patrióticos" do bolsonarismo além de ser uma cópia do boné de Trump que, originalmente, nasceu na campanha de Reagan, em 1980.
4. À imprensa, Padilha vangloriou-se: — A ideia foi minha, mas eu pedi a frase para o Sidônio. Ele que entende. Eu fico agoniado em ver gente batendo continência para outro país e outras bandeiras — disse Padilha, fazendo uma referência ao ex-presidente Jair Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro e outro parlamentares do PL que gravaram lives exibindo os bonés trumpistas na época da posse do presidente norte-americano.
5. Ora, em sendo assim, que estratégia mais canhestra é esta que retroalimenta o adversário?
6. Em marketing assemelhado (quando essa palavra nem existia) em 9 de janeiro de 1882, quando Dom Pedro anunciou que não voltaria para Lisboa, como ordenado pela Corte Porguesa, surgiu o "Dia do Fico" rasgo patriótico com a fase: "Se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação diga ao povo que Fico".
6. E o principe ficou e se tornou imperador Pedro I.
7. Muitos anos depois surgiu a campanha “O petróleo é nosso” um movimento nacionalista que teve como objetivo a criação da Petrobras e a exploração do petróleo pelo Estado brasileiro. A campanha aconteceu nos anos 40 e 50, durante o governo de Getúlio Vargas.
8. E até hoje é relembrada e tentam relançá-la como aconteceu recentemente um movimento de petistas para anular a venda da Refinaria Landulpho Alves (RELAM) na Bahia a um grupo árabe, hoje, chamada ACELEN.
9. Em outubro de 1954, Juscelino Kubistchek lançou sua candidatura à Presidência da República para a eleição de 1955 e apresentou um discurso desenvolvimentista e utilizou como slogan de campanha "50 anos em 5". Em uma aliança formada por seis partidos, seu companheiro de chapa foi João Goulart.
10. Fernando Henrique Cardoso já lançou diversos slogans, mas nenhum deles obteve um sucesso comparável aos motes utilizados por Getúlio Vargas ("Queremos Getúlio"), Juscelino Kubitschek ("50 anos em 5") e Jânio Quadros ("Tostão contra o milhão" e "Jânio vem aí").
11. Na primeira campanha de FHC à Presidência, em 1994, foram usados três: "O Brasil na mão certa" (parecido com o Brasil para os brasileiros), "Quatro anos, cinco metas" e "O povo em primeiro lugar". Em agosto de 1996 surgiu o "Brasil em ação" e, na campanha pela reeleição, em 1998, foi lançado o "Avança, Brasil", inspirado no "Pra Frente Brasil" usado pelo regime militar.
12. Os governos militares lançaram outros slogans conhecidos: "Brasil, ame-o ou deixe-o" (parece também Brasil para os brasileiros) ainda na gestão Emílio Médici, e o "Exportar é o que importa" e "Plante, que o João garante", no governo João Baptista Figueiredo. O governo José Sarney usaria o "Tudo pelo Social", e Fernando Collor de Mello se elegeria com o lema "O caçador de marajás".
13. No seu primeiro discurso como presidente do Estados Unidos, Donald Trump usou uma frase de sua campanha. "Make America Great Again", ou na tradução livre do inglês para o português "Torne a América Grande Novamente" falando para o seu eleitorado. Seu terreiro.
14. Este será verdadeiramente o auge dourado da América, é isso que temos. Esta é uma vitória magnífica para o povo americano que nos permitirá fazer a América grandiosa novamente — afirmou Donald Trump em seu discurso.
15. Com o Make America Great Again, abreviado como MAGA, Donald Trump cativa o seu eleitor o que é perfeitamente compreensível. O que os bolsonaristas falam não deve ser levado em conta porque não espelha uma realidade, mas, a Comunicação do governo parece entender o contrário e está caindo numa armadilha.
16. Isto é: dando asas e velocidade a uma situação que não é real. Veja se a China ou a Rússia tá criando bonés para enfrentar a politica econômica dos EUA? O jogo lá é outro.
17. Já se ouve falar (de politicos) que Trump é uma ameaça a soberania do Brasil. Mas, como assim, vai invadir o país?
18. Na Bahia, em tempos idos, tivemos coisa parecida com os autonomistas lançado a campanha "A Bahia para os baianos" e fora o Juracy (interventor nomeado por Getúlio) que era cearense e foi governador depois do Estado Novo, quando rompe com Getúlio, pelo voto direto.
19. Juracy fez o que? Trabalhou, se aliançou com os diversos grupos baianos (as tais oligarquias) como Lula faz e o PT baiano também, e não foi expulso da Bahia, pelo contário deixou a interventoria por vontade própria e depois se elegeu governador pelo voto. E ainda criou um grupo que permeou a politica baiana por décadas: o juracisismo.
20. Pronto, creio que é isso que Lula tem que fazer: politica. E não cair nessa bonetização. O Brasil é bem maior do que isso. (TF)