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22/03/2017 às 09:48

Olodum 2017 Horús Vitorioso. O Egito na Bahia

João Jorge rodrigues é presidente do Olodum

João Jorge

   No último domingo, dia do Sol Invictus, passados vinte e um dia do carnaval do Olodum  de 2017, criei coragem para escrever as emoções de ter visto o bloco afro do Pelô como um Sol, sair nas avenidas numa sexta feira, dia vinte e quatro de fevereiro, trinta anos depois do primeiro carnaval sobre o Egito negro na Bahia, um dia importante na minha vida, pois nasceu para a luz, Aquataluxe minha primeira filha mulher, símbolo das estrelas Sirius na minha vida. 

   Por que o Egito, por que o Olodum? E por que a força e a luz e paz surgiram nas ruas nos desfiles? Por que tive a sensação de que durante os dias de carnaval no bloco nascido no Maciel Pelourinho, se conduziu como uma serpente nas ruas?, uma cobra, um lutador, um velho africano, uma criança, um pássaro da noite e do dia? 

   As respostas estão na fé e na visão ampliada da força da história universal e do que é ser africano no Brasil, do que foi isto nestes anos todos sobre o Egito e seus mitos, como chegamos aqui, de onde tiramos força e de como um indivíduo pode fazer a diferença com a história, com a civilização universal. 

   O Egito é a base da Bahia, da cultura ocidental, e a raiz mais antiga dos descendentes de africanos entre nós, antes de sermos da Nigéria, do Gana, do Benin, do Togo, do Mali, nosso povo nossa gente surgiu na África austral, caminhou em busca de aguas doce até o lago Victoria, seguiu o Nilo e fez três grandes civilizações primordiais a Etiópia, a Núbia, o Egito, foram mais de doze mil anos até tudo que somos esta pronto.

   Descendente direto desta energia, o Olodum foi as ruas, como o Deus Horús vitorioso, o falcão, que ajudou ao seu pai o Deus Osiris recuperar o olho seu, tirado pelo Deus do mal , Seth, Horús, foi cantado em 1987 por Adailton e Valter, como aquele que vence a batalha do bem contra o mal, com a ajuda  Deusa Isis sua mãe, no esquema mitológico sendo assim o o vitorioso, mais que um Deus Falcão.

   O  Olodum de 2017, trouxe a Bahia um homem incrível, um personagem mundial controverso, o Senhor Akhenaton da 18 Dinastia, senhor e filho do Sol, do Deus Aton, o primeiro homem poderoso a fazer dois poemas pra sua amada Nefertiti e um poema para o Sol.O Primeiro homem a acreditar em um Deus único para todos e todas sem distinção. 

   Um pacifista e visionário, tudo isto sobre a força dos trinta anos da canção Faraó de Luciano Gomes, compositor, de sucesso, homenageado em vida, por toda cidade a primeira canção no Brasil a falar de Akhenaton, Tutancamom e Ramsés II.

   A musica mais cantada  de Salvador em trinta anos, executada pelo Olodum em mais de duas mil cidades, de trinta e sete países do mundo, sobreviveu ao tempo e foi cantada por crianças jovens e todos os grandes artistas, em todos os eventos musicais  na cidade  do Salvador, agora a cidade da musica tem uma lenda em forma de arte, o hino do Samba Reggae com seu refrão ultra forte “Eu falei Faraó” e que numa campanha fantástica feita pelo Olodum, homenageou o autor Luciano Gomes em vida, um compositor que pode ver sua cidade cantando a musica que deu ao Olodum, a luz e o Sol.

  Não desisti um dia de falar do Egito em trinta anos, aos amigos, irmãos, e pessoas da minha terra, escutei muitas perguntas e dúvidas por  que? qual o sentido? Não é uma repetição, muitos negros e negras tem a visão de Hoollyood sobre a África, Ásia e povos indígenas e ainda há a questão religiosa contra o Egito dos Faraós, seus Deuses e divindades, ainda assim, jamais  desistir de celebrar esta história espiritual, com a ajuda de Cheik Anta Diop, de Abdias e Elisa Nascimento, ganhei a força intelectual para aposta nesta ideia conceito. 

   Jamais pensei ir ao pais africano Egito, sempre entendi que a morte física viria primeiro, antes de ir a terra mãe e de tocar nas paredes dos templos, em 2016 isto foi possível, ver o Rio Nilo uma fonte da vida, as pedras dos templos, as escritas eternas nas paredes, respirar o ar das tumbas no Vale do Reis, passear na frente da tumba KV 62 de Tutancamom… conhecer mais sobre a Medicina em Kom Ombo, ver a ilha de Philae, da Deusa Isis , pisar no solo do Deus Horús em Edfu, Tocar nos monumentos de Akhenaton, e ver o templo de milhares de anos de Karnak, conhecer o esplender de Ramsés II em Luxor.. 

   E finalmente hoje agradecer as pessoas que amam o Olodum, que em 2017 saíram no bloco por amor e paixão a esta energia milenar…O amor a vida e a paixão nos conduziram até aqui . e Oxalá possamos ir mais longe .. Um sol brilhou na Bahia ,o Olodum com a arte de Amarna do novo império…fizemos uma inovação estética, um luxo imperial, e a escrita de milhares de anos nas camisas e fantasias do Olodum 2017, uma vitória da vida eterna  da cultura..

   Na Barra diante do Olodum, vi no carro de apoio, um homen negro vestido de Akhaenaton com as duas coras  banca e vermelha na cabeça  e isto me fazia olhar e chorar muito. Foram as minhas  lagrimas do Sol….. E o respeito a força da imortalidade. Quase quatro mil anos depois.. Akhenaton esteve na Bahia.. e o Olodum como um falcão egípcio  sobrevoou a cidade para o renascimento do Samba Reggae e da mística de um vencedor.

   E o falcão voou…:"Horús Vitorioso foi coroado Deus maior.. O Olodum sai a avenida cantando o Egito dos Faraós.” ( Adailton Poesia e Walter Farias). Obrigado a todos que me ajudaram a sonhar meu mundo espiritual, nasci na Bahia diante do mar e do sol, sou de um mundo transcontinental, Indígena, africano, Ganense, Egípcio e nascido há mais de doze mil anos, junto com a construção das pirâmides e dos templos da fé na vida e na morte. 

    **** João Jorge - Presidente do Olodum - Advogado  - Mestre em Direito Público - Ex Conselheiro da EBC Tv Brasil, - Membro da Ashoka. Ex Diretor da Fundação Gregório de Mattos. 


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