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21/01/2017 às 10:30

FEMADUM 2017: O faraó rejuvenescido vai acontecer

Marcelo Gentil é licenciado em história pela UCSAL, especialista em Gerência Social pelo INDESZ/BID/EUA, ex-diretor da Estudos e Projetos da Fundação Palmares ed é vice-presidente do Olodum

Marcelo Gentil


O ano de 1987 entronizou definitivamente o Olodum no reinado da música baiana e brasileira. Neste ano, o Samba-reggae criado pelo mestre Neguinho do Samba com o auxílio luxuoso dos seus discípulos deixou atônito e maravilhados os admiradores da boa música. Mas, provavelmente, o ritmo Samba-reggae não teria repercutido tão rápido e de forma tão marcante se, não fosse embalado pelo refrão “Ê Faraó”, da música composta por Luciano Gomes e Sérgio Participação em homenagem ao tema do carnaval do Bloco Olodum, “Egito dos Faraós”.

Ainda em 1987 o Samba-reggae e a música Faraó transformaram o Olodum em uma das principais referências do carnaval baiano e em um artista de sólida carreira internacional. Só que, quatro anos antes, em 1983, o Bloco Olodum não desfilou no carnaval de Salvador e, um bloco que não desfila no carnaval fica condenado ao fracasso e à morte. Mas, rapidamente o Olodum recobrou suas forças e renasceu das cinzas, apenas um ano depois, assim como o mito de Osíris no Egito Antigo e o sol a cada dia.

Eis que 30 anos depois em 2017, o Bloco Olodum renascido e fortalecido desfilará mais uma vez com um tema (O Sol - Akhenaton: Os Caminhos da Luz) que aborda o Egito, ao tempo que celebra os 30 anos da música Faraó.

Por isso, o Festival de Música e Artes do Olodum – FEMADUM 2017, a ser realizado nos dis 21 e 22 de janeiro, inspirou-se no Festival HEB-SED dos egípcios para realizar mais uma edição de um dos mais importantes festivais de música negra no mundo.

O Festival HEB-SED era realizado sempre que um faraó completava 30 anos de reinado e, por meio de um ritual dramático, o faraó era submetido publicamente a um sacrifício, em que o mesmo morria simbolicamente e em seguida ressuscitava para continuar governando o seu reino com força e vigor.

Assim, 30 anos depois de estourar como sucesso, a música Faraó volta a ser o centro das atenções de todos os seus súditos, que empolgados continuam a cantar: “Que mara, mara, mara, maravilha ê/ Egito, Egito ê”, com as energias emanadas do Femadum e do Festival HEB-SED.

Assim como no Heb-Sed, o Femadum dos 30 anos da música “Faraó” viveu o seu calvário, purgou os seus pecados, desceu à mansão dos mortos, mas não foi sepultado e, por isso, nos dias 21 e 22 janeiro brilhará jovial e dará uma voltada cantada e percussiva como um faraó rejuvenescido e fortalecido, para mostrar que a cultura popular afro-baiana continua tendo força e energia para conduzir o destino daqueles que acreditam na força da cultura de Olodumaré.

Viva o Femadum, o Heb-Seb da cultura afro-baiana!

*  MARCELO GENTIL É Vice-presidente Olodum


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