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30/05/2015 às 09:43

A agressão da Conder ao Rio Sapato, em Lauro

*Hendrik Aquino é jornalista e pós-graduando em Planejamento Urbano e Gestão de Cidades.

Hendrik Aquino

É fato que a população, há muito tempo, anda descrente daqueles que deveriam representá-la, defendendo seus direitos e interesses. No entanto, o conjunto de manifestações de rua, matérias jornalísticas, denúncias, processos, julgamentos e prisões, parece não estar sendo suficiente, para que alguns gestores entendam a necessidade de revisar seus métodos, quanto a transparência e a participação popular.


   Em Lauro de Freitas, o Governo do Estado da Bahia, através da CONDER – Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia, avança com obras polêmicas mesmo sabendo dos questionamentos e descontentamentos da população. A Via Metropolitana, com orçamento da ordem de R$ 220 milhões e duração da obra estimada em 18 meses, com execução já iniciada pela Concessionária Bahia Norte, cortará o município entre a CIA-Aeroporto (BA-526) e a Estrada do Coco (BA-099), passando pelo Quilombo de Quingoma além dos bairros de Capelão, Parque São Paulo e Catu de Abrantes. A comunidade Quilombola deixou bem claro o seu recado durante a Audiência Pública promovida pela Defensoria Pública, no dia 13 de maio: “Em que momento nós fomos chamados? Depois que já estava tudo resolvido?”.
Enquanto projetos como o “Cidade Bicicleta”, que deveria ter sido executado para a Copa de 2014, segue “engavetado” e sem previsão de sair do papel, obras como a reversão da drenagem da Lagoa da base para o rio Sapato, que corta os bairros de 
Ipitanga, Vilas do Atlântico e Buraquinho, são tocados sem estudos sobre probabilidade de inundações. Mais uma vez, as comunidades afetadas só ficaram sabendo da obra e dos riscos depois que as obras foram iniciadas. Moradores das 
margens do rio Sapato estão em estado de alerta. Não é por menos, afinal o rio Sapato é conhecido por transbordar em períodos de chuvas, inundando ruas e casas.

   A SALVA - Sociedade Amigos do Loteamento Vilas do Atlântico, realizou duas reuniões sobre o tema, quando Associações e representantes de bairros vizinhos demonstraram insatisfação quanto a “pressa” em que as decisões estão sendo tomadas, sem que se garanta o mínimo de comunicação e tranquilidade aos moradores. Um provável motivo da “pressa”: Orçada em mais de R$12 milhões, caso a obra não seja realizada no tempo previsto – 18 meses; mais da metade do valor deverá retornar ao Governo Federal.

   Não custa  lembrar que o município de Lauro de Freitas tem quase 200 mil habitantes e, até hoje, não possui Sistema de Esgotamento Sanitário. As obras foram anunciadas em 2009, iniciadas em 2011 porém, após diversas ruas serem cortadas, esburacadas e diversos transtornos causados a população, foi suspensa e o contrato com o consórcio responsável rompido. Hoje, estima-se que o Sistema de Esgotamento Sanitário do município esteja orçado em mais de R$200 milhões. 


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