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26/10/2013 às 12:16

AQUELA máscara negra e os black bloc no Brasil

Mário Lima é advogado e Procurador do Estado

Mário Lima

Não vai ser bom te ver outra vez! Aquela máscara negra que esconde teu rosto não me deixa saudade! Não me leve a mal, mas você estraga nosso carnaval!

            Caso você não saiba, esse bloco a que você pertence, que adota o nome de black blocs, começou na Alemanha com bandeiras ambientais. E tentavam impedir usinas nucleares. E como o bicho por lá pegou,usaram máscaras para livrar a cara.

            Esse negócio de se esconder atrás de máscaras vem de um tempo em que o Mar Morto ainda nem estava doente... E sempre teve bons propósitos, como espantar os maus espíritos, animar o teatro grego, Romeu para ficar com Julieta em baile de mascarados, D. Diego se passando pelo Zorro para enfrentar os tiranos...

            Ah! Sim, você quer me dizer que essa também é sua praia. Que o teu negócio é combater esse sistema que está aí e então você manda ver em tudo que é símbolo do capitalismo e desse poder burguês corrupto.

            “Ta legal! Eu aceito o argumento!”, Não sei se você vai aceitar o meu. “Mas não me altere o samba tanto assim”, “Sem preconceito ou mania de passado...”, tenho que te dizer umas poucas e más.

            Você já ouviu falar em spread bancário? É, a grosso modo, o custo do dinheiro que o banqueiro empresta pra nós. Então ele diz que a taxa de juros é alta porque precisa compensar a elevada inadimplência do País, nossa carga tributária e meio mundo de coisas de lá ele.

Pois bem, vem você e sua turma e quebra as agências dos caras. Pensa que eles ligam? Nada. Aí é que eles gostam porque agora ainda tem o vandalismo dos mascarados que não respeitam a sacrossanta propriedade privada e eles tem que desembolsar uma grana extra (que não é pouca, lá ele) para consertar o que sua galera quebrou. E então tome mais juros no lombo da rapaziada.

            Por um acaso você já ouviu falar em contratação emergencial? É aquela que não pode esperar uma licitação. Licitação é um instrumento que, em tese, visa proteger o interesse da sociedade, permitindo igualdade de condições na contratação de obras e serviços pelo governo, com o preço mais barato. Só que tem hora ou situações que não dá pra aguardar todos aqueles trâmites e aí então a coisa vai pela dispensa ou inexigibilidade. E aí é onde a viúva dança.

            Vem você e seu pessoal e arrepia com prédios e monumentos públicos. Pensa que os caras ligam? Oh! Com o rosto mais compungido vão para a TV e os jornais dizer de sua indignação, mas garantem que a população não pode ser prejudicada e logo logo tudo será reparado. Rapidinho arrumam um contrato emergencial, sem licitação porque licitação demora pra botar tudo no lugar. E aí o natal da criança tá garantido.

            É, parceiro... Opa! Foi mal: você não é meu parceiro. Querendo demolir o capitalismo, tudo que você faz é dar discurso para o que há de mais selvagem e corrupto no sistema. É nisso que dá querer fazer revolução só com os músculos.

Sabe de mais uma: com essa sua intolerância, esse seu apego a violência, você não fica devendo nada aqueles imbecis neo-nazistas, os carecas, que também se apresentam como skin heads.

Pode dizer que o que eu sou é um baita reaça, que é nisto que vira aqueles reformistas do PCBÃO. Teus rótulos não me comovem.  Já fui acusado até de comer criancinhas e a história era bem diferente: apenas umas mães, e ainda quando dava certo.

Não ignoro que há momentos em que o confronto precisa ser pela força. É quando não há espaços institucionais para a propagação de idéias, e aí o recurso a violência, conquanto não seja defensável, é justificável. Foi assim nos anos de chumbo.

Só que agora, para varrer o meu terreiro, só preciso de vassoura. Madame gostando ou não do samba, Pai Francisco pode entrar na roda tocando seu violão,que se seu Delegado vier de lá, Pai Francisco agora é Cidadão. 


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