30/07/2013 às 10:11
OS últimos cardeais da Bahia e as recomendações do papa Francisco
Nesses últimos 40 anos a Bahia teve 3 cardeais e um 1 arcesbispo no comando da Igreja
1. O papa Francisco entre inúmeros recados e reflexões que deixou no Brasil durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) a mais politica delas, voltada essencialmente para o clero brasileiro (e até latino americano) diante da fuga de fiéis para outras religiões, queixa recorrente no seio da Igreja, foi no sentido de que os bispos (entendendo-se leigos, padres, monsenhores, bispos, arcebispos e cardeais) sejam mais solidários (em todas as frentes) e abertos, participativos.
2. Esse puxão de orelhas geral, em linguagem popular e compreensível a todos, significa que esses sacerdotres, em todos os níveis, devem conversar com as pessoas, descer às baixadas, visitar as favelas e invasões, os presidios, aqueles mais necessitados. Francisco usou até a expresão dando conta de que a Igreja não é uma ONG e a missionariedade é a palavra de ordem, reduzindo a distância entre os bispos e os fiéis.
3. Na Bahia, que me recordo, o arcebispo primaz que mais se aproximou dessa quase encíclica proposta por Francisco, foi dom Avelar Brandão Vilela nas décadas de 1970/1980. Um pastor de almas, fraternal, que conversava com todos, que usava bem o rádio e vivia em missões nos bairros de Salvador. Atuou tanto nessa direção que quase quebra a Cúria Metropolitana. Quebrar no bom sentido, de desorganizar as finanças da administração.
4. Quando dom Lucas Moreira Neves por acá chegou para substituilo (1987/1998) tomou um susto. A casa administrativa estava muito desorganizada e o novo arcesbispo, com seu prestígio internacional, recorreu a Ágata Esmeralda e outras organizações européias para ajudar na sua missão. Dom Lucas era um príncipe da Igreja, um pensador. Não transigia. Recusou-se a participar da Procissão do Senhor dos Navegantes, dia primeiro do ano, na Baía de Todos os Santos, pois tinha informações de que havia pouca fé e muita farra, inclusive pessoas de biquini e outras cenas em lanchas.
5. Não se aproximou da comunidade baiana do povo de santo repudiando qualquer tentativa de sincretismo no culto católico com danças ou batuques. Era rígido e devolveu um bispo negro para Bagé depois de mandá-lo de Salvador para Cruz das Almas. Foi prefeito da Congregação dos Bispos , entre 1999/2002, quando faleceu em Roma, aos 76 anos de idade. Está sepultado, assim como dom Avelar, na Catedral da Sé.
6. Substituiu-o outro intelectual da igreja, dom Geraldo Majella, um biblista de grande mérito. Foi um cardeal discreto, sem muitas relações com as comunidades, bem distante dessa pregação do papa Francisco. Integrou o colégio cardinalício que elegeu Francisco, pois, mesmo sendo cardeal emérito (aposentado) não tem 80 anos e seu substituto, dom Murilo Krieger, ainda é arcebispo.
7. Então, depois de dom Geraldo, está no comando da arquidiocese, Dom Murilo Krieger, o qual, tem se esforçado no sentido de uma aproximação maior com as comunidades. Quando aqui chegou rezou missa com integrantes do povo de santo e alguns sincretismos. É, também, bastante discreto. Certamente, a partir das observações do papa Francisco deve dar uma nova guinada em seu pastoreio.
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