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24/09/2012 às 10:01

MORTE RENATINHO SEPULTA PARTE DA HISTÓRIA DE SERRINHA

Adios

Tasso Franco

Foto: BJÁ
Renatinho (cabelos brancos) e Florisvaldo Freitas (Foba) no sepultamento de Tia Celina
      A morte de Renato Rodrigues Nogueira Filho (Renatinho) ex-vereador de Serrinha e figura popular na cidade é dessas que a gente acha banal, diante da vida de aventuras desse personagem que marcou época na Serra, e se acabou na vida terrena fulminado por um infarto num acesso à cidade nas proximidades do sítio dos Nogueira, Miguel e Antonio, seus parentes .


     A literatura, no entanto, nos permite recriar a morte de Renatinho, em parte o nosso Quincas Berro d'Água amadiano, se a ficção nos conduz a esse termo, imaginando-se assim uma morte naquelas intermináveis farras que fazíamos no Cabaré de Zinho, na Coréia, o bataclã serrinhense dos pobres, ao lado das "meninas", com muito "rabo-de-galo", camparis e cervejas, vivas e ilusões de um mundo que também já se foi.


    Seria, digamos assim, uma morte mais cheia de charme e o que passa por nossa cabeça, nesse momento, é refazer sua despedida com uma grande festa. Claro: os cabarés de Viana e Zinho não existem mais. Celebrar a vida, no entanto, pois, Renatinho a viveu intensamente em todos os microespaços que ocupou, os quais são universais.


    Renatinho era explosão, alegria, emoção pura, uma paixão louca por tudo que fazia, desde a época em que jogávamos volei na quadra de areia do ginásio estadual, torcedores (as) fardados (das) em volta do campo aplaudinho e aquelas cortadas que só ele sabia dar.

    E o que dizer das partidas de snoker no Salão de Jardineiro, no Beco da Lama, onde seu pai, Renato Nogueira foi campeão de bilhar! Com Renatinho, sempre tinha um rolo, uma discussão. Fazia parte do seu temperamento.


    Assim foi um templo da gloriosa Serrinha. Renatinho, Horiosvaldo de Lourinho, Zezé Jardineiro, Maninho Pintor, Franklin Fiúza, Zinho, Wilson de Manoel Lima, Bebeta, uma turma que frequentava os salões da ACS e da 30 de Junho, que era brigona e de paz, que não tinha pejo em ir ao bataclã dos pobres e que não fazia como os velhos coronéis da Serra que agiam às escondidas e que mantinham amantes nas fazendas. As coisas eram as claras, um choque na sociedade tradicional local.

    Enfrentar Renatinho numa partida de futebol não era moleza. Ponta esquerda
 de chute forte. Bom cabeçeador, brigão, parecia o Kléber gladiador.


    Essa geração, da qual fiz parte, toda ela quebrou o cabaço masculino na Coréia. Experimentou as primeiras mulheres em sexo por lá.  Até os anos 1970 as mocinhas da Serra eram mocinhas e nada de ousadias além do permitido em beijos e amassos até o casamento. A virgindade era uma pérola.


    Fazia até parte do nosso folclore tomar carreiras dos pais das garotas que paquerávamas. Certa ocasião, na rua que Renatinho nasceu e morava, levei um carreirão de Carlos Mota, eu e Ferreirinha, e fomos parar esbaforidos no cinema de Sêo Esdras.


    E que maravilha era ficar no jardim da Praça Luiz Nogueira vendo as moças passear dando voltas no local. A cada volta um de nós soltava um daqueles galanteios baratos: "você é a rosa mais linha deste jardim".


    Fiquei numa tristeza enorme com a morte de Renatinho porque me vieram essas lembranças e poderia até contas um monte delas. Estou com lágrimas nos olhos.


     Com Renatinho, um pedacinho da velha Serra também se foi para sempre.


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