Foto: DIV |
A mochila é um equipamento de uso internacional, muito popular em Salvador |
A Ministra do Planejamento Miriam Belchior em visita recente à Bahia, falou que é possível que o Metrô de Salvador não funcione este ano. Ao visitar a Via Expressa Dois de Julho com o Governador Jaques Wagner, uma obra que valeu pela celeridade, a Ministra afirmou que os RS 40 milhões solicitados pela Prefeitura estariam atrelados à segunda etapa que vai perpassar a Avenida Paralela, o que fará com que só tenhamos Metrô em 2014.
As justificativas são tecnicamente razoáveis, mas apenas tecnicamente, pois o que se vê é a impossibilidade de resolvermos um histórico e injusto serviço público dos transportes urbanos na Cidade.
Enquanto isso...
O Relatório Geral do Sistema de Informações da Mobilidade Urbana da ANTP nos informa que 66,9% das viagens realizadas em 2009 em Salvador são feitas a pé e de ônibus. Estes são os grandes modais de transporte de Salvador. Tenho insistido na tese de que é necessário gostar de Salvador - e das pessoas que moram nela - para saber administrá-la bem.
Todas as propostas colocadas na mesa do Governador ou do Prefeito, ligadas á solução da mobilidade urbana, estão subordinadas aos interesses dos seus idealizadores e não aos interesses da maioria dos moradores da cidade. Alguns intelectuais, políticos e gestores estão comprometidos com estes interesses, além disso, a solução do transporte coletivo tem sido objeto de negociações politico eleitorais.
Enquanto isso...
A Mochila. Este é o verdadeiro equipamento público móvel que possibilita a permanência das pessoas por mais tempo na cidade. Todas as manhãs e noites saem de suas casas, milhares de pessoas da periferia da cidade e outros tantos da RMS, com um adereço muito comum que serve de anteparo ás necessidades do tempo prolongado que vão passar em seus destinos: a mochila.
Um suporte associado á alternativa multi modal da mobilidade soteropolitana: pé, ônibus e transporte clandestino. A mochila acomoda objetos de viagem para longas estadias fora de casa. Esta é a pratica social da urbe negra romana.
Uma arma que facilita a locomoção, para, caso necessitem, disporem de recursos emergentes tais como, celulares, garrafas de agua, comida, livros, roupas e absorventes etc. Se não tem transporte de qualidade, então as pessoas saem como se fossem chegar tarde, ou não chegar. É preciso conhecer esta Salvador da Mochila, um produto do cosmopolitismo urbano.
Uma fenda para entender uma Salvador profunda que insiste em viver para além da ribalta das luzes azuis que emolduram o Metrô futurista do Bonocô.
https://bahiaja.com.br/artigo/2012/04/16/mochila-e-metro-na-mobiliade-urbana-de-pessoas,649,0.html