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27/06/2011 às 09:02

SÃO JOÃO PORTA DE CASA AINDA MANTÉM AS TRADIÇÕES

É o forró do Teco em Serrinha

Tasso Franco

Foto: BJÁ
No Forró do Teco, porta de casa, Zito do Forró, a zabumba, triângulo e guitarra
  As festas juninas do interior ainda mantém algumas usanças que datam da República Velha como acender fogueiras nas portas das residências e "tocar" fogos de artifício. Diz a história antiga que a cabeça de São João Baptista depois de entregue numa bandeja de prata a Herodes Antipas foi queimada numa fogueira em festa palacina deste rei absolutista romano.

  Daí que a tradição religiosa católica no Brasil, desde o período da Colônia reverencia esse santo na época dos festejos juninos com fogueiras, e fogos de artifício para despertar um outro santo da tríade folclórica do mês de junho, São Pedro, o guardião do céu, aquele que tem as chaves do templo celeste.

  No interior, uma dessas práticas é adquirir uma fogueira que deve ser conduzida, de preferência, por um carroceiro, ao preço de R$20,00. Pelo menos é quanto Sêo Antônio Carroceiro cobra em Serrinha para levar alguns tocos e paus secos, que classifica como lenha boa de fogo.

  "Essa não falha", diz ele ao BJÁ completando que é só colocar uma bucha com óleo queimado e pronto. "Tá feita a festa", situa.

  Manda também a boa casa que ao carroceiro deve ser servido um licor e, no caso de Sêo Antonio, como levou um sobrinho e um filho para ajudá-lo, pois, a tarefa no dia de São João foi grande, a dona da Casa dá comida aos meninos: bolo de aimpin, duas ou três mãos de amendoim e laranjas já cortadas.

  DANÇA MULHER COM MULHER

  Outra usança interessante em festas de forró, do autêntico forró pé-de-serra, porta de casa, é mulher dançar com mulher. E são muitas delas que vão tirando umas as outras e saem dançando no salão. Se algum homem quiser convidá-las à dança é só chegar perto, um par deles, e fazer uma reverência com a cabeça.

  LICOR TEM QUE SER DO BOM

  Mais uma obrigatoriedade do São João é tomar ou provar o licor da dona da casa. E, nem adianta colocar esses licores vendidos em supermercados e mercearias. Tem que ser licor caseiro, de qualidade, e que a pessoa experimente um cálice e tome vários deles.
   
  AMENDOIM E BOLO DE AIMPIN

  São dois outros produtos indispensáveis no São João. Amendoim cozido e servido com fartura até o camarada dizer chega. O segredo do amedoim está no cozimento com sal à gosto e que os grãos soltem da vagem com facilidade. Não pode ser pegajoso. Já o bolo de aimpin tem que ser firme. Não pode ser molengo.

  SANFONEIRO

  Em porta de casa ou terreiro nem pensar em música axé, pagode e coisas do gênero. Tem que ser música de sanfoneiro. No Forró do Teco, na Serra, Pra Xotear, Zito do Forró e Meninos do Forró se apresentaram, tudo com sanfona à frente. E, claro, tem que tocar os sucessos antigos de Luis Gonzaga.

  FOGUETES

  Outra peça indispensável num porta de casa é foguetes. Foguetões de doze tiros. E o dono da casa tem que soltar pelo menos meia dúzia deles. São esses foguetes, quanto mais alto alcancem, que acordam São Pedro. Sem eles, o forró fica incompleto.


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