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O delegado Antonio Matos é fiel torcedor do Ypiranga, uma tradição de família |
Como nos velhos tempos, fiquei mal humorado, não ouvi resenha e procurei dormir cedo. O Ypiranga, que precisava apenas de um empate, frente ao Itabuna, sábado passado, no Luiz Viana, para voltar - depois de 12 anos - à 1ª Divisão do Campeonato Baiano de Profissionais, perdeu de 2 x 1.
Não queria tratar mais deste assunto, tal meu desapontamento, entretanto mudei radicalmente de atitude, ao ver, na manhã deste domingo, na orla de Itapuã, um negro forte, com aproximadamente 70 anos, vestindo orgulhosamente uma camisa oficial do Ypiranga. Era como se ele quisesse dizer que seu amor pelo clube não se abalara diante de um fracasso qualquer.
A derrota, que frustrou um sonho de boa parte dos baianos e, em especial, os nascidos ou residentes em Salvador, foi para os ypiranguenses semelhante a uma perda de título.
O time, que iniciara timidamente, vencendo, com dificuldades, o fraco Camaçariense, por 3 x 2, no estádio Armando Oliveira, deixou todos animados, quando cresceu durante a competição, ganhando, por duas vezes, dos velhos rivais Galícia e Botafogo, liderou o grupo por várias rodadas e conquistou, na etapa preliminar do torneio, 18 dos 24 pontos disputados.
Nem as derrotas para o Juazeirense, no Adauto Morais e em Pituaçu, nem a vitória magra (1 x 0) conseguida sobre o Itabuna, na noite da última quarta-feira, aqui na capital, já pela fase semifinal, tiraram o entusiasmo dos torcedores.
A mídia voltava a falar do "Mais Querido", lembrando as glórias do passado, reservando-lhe um bom espaço para cobertura dos seus jogos e apontando-o como um dos prováveis classificados e com grandes chances de chegar ao título.
As bandeiras e camisas aurinegras estavam de novo nas ruas, nas vitrines das lojas, nas janelas das casas e em mãos dos camelôs. O gigante adormecido começara a despertar, com o sério e dedicado trabalho de Waldemar Silva e Émerson Ferreti (presidente e vice do clube), aqui na terra, e com o apoio de Irmã Dulce, sua fiel torcedora, no céu.
Mas, infelizmente, não foi desta vez. E, como diria meu falecido pai, Antônio Matos, também ypiranguense, com dor de cabeça e contrariado, mas sem se deixar abater, após algum tropeço - coisa rara, na época - do time, no folclórico campo da Graça ou na saudosa Fonte Nova: "vamos partir para outra".
* Antônio Matos, jornalista e delegado de Polícia, é torcedor ypiranguense. amatosjr@ig.com.br e antonius74@bol.com.br
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