Foto: Mary Melgaço |
Nordeste quer mais do que cadastramento e benefícios do Bolsa Família |
Só os que sabem obedecer estão aptos a comandar. Ambos, Eduardo Campos (PE) e Jaques Wagner (BA), por exemplo, seguiram a risca as orientações do presidente Lula. O governador pernambucano articulou a retirada da candidatura presidencial de Ciro Gomes.
Wagner dividiu a atenção da candidatura presidencial com o deputado federal Geddel Vieira Lima. Chegou à hora, contudo, de medir forças, porque, formado o governo, desmontá-lo será um fratricídio. "É melhor estar em desacordo com o mundo inteiro do que, sendo um, estar em desacordo consigo mesmo", já diria o chara deste comentarista, apesar do conselho também servir para a presidenta eleita.
Apesar de improvável, a insurreição nordestina surgiria como uma novidade na política nacional. Iria conter uma espécie de força indestrutível aglutinada no estado paulista, que pauta a agenda pública a partir de interesses comuns somente aos seus.
Ao contrário, o governo precisa reunir, verdadeiramente, pessoas em busca de um objetivo comum para gerar poder, que, ao contrário da força, provém das profundezas da esfera pública e a sustenta enquanto os agentes permanecerem associados em discurso e ação.
A participação de agentes políticos nordestinos no governo federal deve ser proporcional a demanda represada por décadas deste lado do país, uma demanda que não estar restrita ao número de beneficiados do Bolsa Família, tão pouco de obras do PAC e do Minha Casa, Minha Vida: uma demanda de representação, que se não for atendida irá corroer o caráter democrático do governo, pasteurizando eleitoralmente a esquerda e caracterizando o norte e o nordeste numa imensa massa de manobra.
Mas, como diria o filósofo Hegel, a coruja de Minerva levanta vôo somente ao entardecer. A voz da razão vai explicar a história.
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