Boston (Massachusets-EUA) - A notÍcia de prisÃo do rabino Henry Sobel, presidente da Congregação Israelita Paulista, que confessou ter furtado gravatas Louis Vuitton e Gucci, em Palm Beach, no final do mes passado, trouxe-me de volta recordações da recente viagem que fiz àquele condado da Flórida (EUA), onde passei alguns dias, em casa de uma amiga.
A beleza de suas praias lembra o mar do litoral Norte da Bahia, mas o destaque fica por conta da paisagem urbana onde sobressaem mansões hollywoodianas, restaurantes e lojas de grifes sofisticadas como as já citadas Louis Vuitton e Gucci, além de Chanel, Christian Dior, Giorgio Armani, Bvlgari, entre outras, todas elas ressaltadas em vistosos letreiros.
Ao passear pela orla de Palm Beach, num final de tarde de fevereiro deste ano, não pude deixar de pensar no mar da Bahia.
Um misto de saudade e deslumbramento tocou-me a alma. Na paisagem, que já foi cenário do filme "Gaiola das Loucas", dirigido por Mike Nichols, contrastam com a pobreza de nossas praias uma marina lotada de megaiates (disse mega, alguns avaliados em milhões de dólares, com tripulação a bordo para passeios no Caribe) e casas deslumbrantes, que nos obrigam a pronunciar sempre o adjetivo rico em sua forma superlativa absoluta sintética - riquíssimo.
O badalado condomínio de Interlagos, em nosso Litoral Norte, parece coisa de classe média, quando falamos em Palm Beach.
O local é ponto de encontro de milionários e famosos de todo o mundo, como Donald Trump, Brigitte Bardot, Celine Dion e os Kennedy, que possuem ou ja foram proprietários de casas de veraneio em Palm Beach.
A noite, nos finais de semana, seus restaurantes lotam de gente famosa, bem vestida, desfilando carroes e saboreando o melhor da culinária francesa ou italiana, a preços proibitivos para os mortais.
Será que, em cenario tao deslumbrante, o rabino Henry Sobel se deixou cair em tentação?
Não por acaso esta sendo comparado a Winona Ryder, a atriz norte-americana presa duas vezes, nos ultimos dois anos, acusada de furto em lojas de grife, em Beverly Hills, bairro chique de Los Angeles. Bem nascida, famosa e rica, Winona á reconhecidamente cleptomaniaca e viciada em antidepressivos, o que, a julgar por sua própria confissão diante das câmaras de TV, parece ser o caso do rabino, que, no passado, foi um dos mais destacados nomes da luta pela redemocratização política no Brasil.
Cidadão americano, filho de belgas, natural de Portugal, residindo há mais de 30 anos no país, Sobel que declarou certa feita (Istoé, agosto de 2001) tomar café da manhã frequentemente com mendigos, em um bar da esquina da Congregação Israelita Paulista (CIP), e levar vida de classe média, está em apuros.
Dificilmente retornara a presidencia da CIP, da qual afastou-se a pedido, segundo nota da instituição, ou ao condado (paraíso) de Palm Beach - o que certamente lamentara, - depois que se apresentar a Corte local.
https://bahiaja.com.br/artigo/2007/04/10/palm-beach-e-o-rabino-sobel,54,0.html