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01/04/2007 às 12:00

AUTOGESTÃO EM COOPERATIVAS POPULARES

Airton Cardoso comenda a autogestão e os desafios da prática

Aitron Cardoso Cançado


   Este trabalho trata da temática autogestão em cooperativas
populares. 

   O objetivo é identificar e discutir os desafios
à autogestão em cooperativas populares.

    Partimos da premissa de que a heterogestão (gestão hierarquizada de
diferentes ou desiguais) é o modo hegemônico de organização
do trabalho na sociedade capitalista, desta maneira a
autogestão seria uma novidade e por isso apresentaria
desafios na sua efetivação.

   Entende-se autogestão como a não separação entre trabalho manual e intelectual, em que a posse dos meios de produção é coletiva e caracterizada como um processo em construção na organização. O objeto de
pesquisa foi a Cooperativa Juvenil de Serviços Turísticos
de São Bartolomeu - COOPERTUR, incubada pelo PANGEA -
Centro de Estudos Sócio-ambientais e localizada no Subúrbio
Ferroviário de Salvador.

   Foram utilizados os níveis de consciência de Paulo Freire para tentar identificar o grau de maturidade do grupo e os níveis de participação de
Bordenave para perceber a atuação da diretoria e a
transparência nas informações na cooperativa. Constatou-se,
na pesquisa que a autogestão só se torna viável quando os
cooperados se percebem no nível de consciência crítica
(Paulo Freire), que pode ser caracterizado pela capacidade
do indivíduo de se afastar da sua realidade objetiva e
problematizá-la.

    No caso da COOPERTUR, foi identificada a
situação a que se denominou autogestão funcional,
caracterizada por cooperados em diferentes níveis de
consciência, em que mesmo com os instrumentos de
participação disponíveis, um grupo de cooperados opta por
não participar, delegando aos demais as tomadas de decisão.

    A autogestão funcional seria, então, uma fase pela qual a
organização passa para chegar à autogestão plena (estado
ótimo). A autogestão funcional é um ponto de inflexão na
trajetória da organização rumo à autogestão, e a
cooperativa pode, a partir deste momento, evoluir ou
retroceder (ou, ainda, deixar de existir) na construção da
autogestão, dependendo dos desdobramentos desta fase,
intimamente ligada ao nível de consciência dos cooperados.

    Quanto à atuação da diretoria, percebeu-se que a "inércia
participativa" de um grupo de cooperados faz com que a
cooperativa possa ser classificada no nível de participação
denominado "consulta obrigatória". Outro problema
identificado na cooperativa está relacionado ao processo de
comunicação, sendo identificados problemas para que a
informação possa chegar até aos cooperados.


https://bahiaja.com.br/artigo/2007/04/01/autogestao-em-cooperativas-populares,50,0.html