Se, por um lado, o governo federal amplia as vagas nas universidades federais, por outro, percebe-se que a maioria das vagas permanece nos mesmos locais em que historicamente estas universidades se concentraram.
Em 2009, Minas Gerais terá 25152 vagas em universidades federais, Rio de Janeiro terá 19215 e Rio Grande do Sul terá 16858, enquanto a Bahia continuará na rabeira, com 8226 vagas.
Se olharmos a proporção de vagas em relação à população, os dados são ainda piores.
Para cada 100.000 habitantes, Minas terá 131 vagas, o Rio terá 125 e os gaúchos terão 159, enquanto a Bahia (58) dividirá a lanterninha com Ceará (58) e Maranhão (63).
O interessante é que vários estados do Nordeste tiveram uma outra postura histórica em relação à educação superior. Vejam a Paraíba, que, com 9955 vagas, terá 273 vagas para cada 100 mil habitantes. Já o Rio Grande do Norte, com 7218 vagas, terá 240 vagas para cada 100 mil.
E não vale dizer que a Bahia resolve o problema com as universidades estaduais.
Estes estados também as têm. No vestibular de 2008, a UEPB ofereceu 4025 vagas e a UERN, 2220 vagas.
No mesmo período, a Bahia ofereceu 9015 vagas nas estaduais, sendo 4920 na UNEB, 1480 na UEFS, 1305 na UESB e 1310 na UESC, o que obviamente é pouco em relação a sua população. Com elas, aumentamos a proporção para 122 vagas para cada 100 mil, muito aquém do que conseguem Paraíba e Rio Grande do Norte somente com as federais.
Se Minas possui 11 universidades federais, o Rio outras 4, os gaúchos outras 6, a Bahia, por sua população e por seu PIB, deveria ter pelos menos 8, em vez das atuais 2,5 (UFBA, UFRB e metade da UNIVASF).
E não é apenas a questão do número de universidades, mas de sua dimensão. Enquanto a UFRB oferece 1790 vagas, a UFSM, em Santa Maria, RS, tem 5080. Enquanto a UNIVASF possui 1400 vagas, a UFPel, em Pelotas, RS, tem 3348.
Os governos baianos já erraram muito, no tempo da ditadura, ao ignorar a educação. Por que será que os governos democráticos continuam errando tanto?
De direita ou de esquerda, não conseguimos fazer valer a nossa voz na área da educação.
Nossos deputados federais, que são tantos (39 da Bahia, contra 12 na Paraíba ou 8 no Rio Grande do Norte), não conseguem fazer suas proposições de novas universidades vingarem. Nem Universidade Federal da Chapada Diamantina, nem a da Região de Feira de Santana, nem a do Oeste Baiano, nem a do Semi-Árido Baiano, nem na região do cacau, nem no extremo sul, nada.
Fala-se tanto de unidade suprapartidária da bancada baiana no Congresso, mas o que vemos é uma timidez enorme nos pleitos, na capacidade de articulação e na conquista efetiva de resultados na área de educação.
Pouco a pouco, começo a achar que os políticos da Bahia são os piores do Brasil. Será?
https://bahiaja.com.br/artigo/2008/10/31/serao-os-politicos-baianos-os-piores-do-brasil,258,0.html