1. As pesquisas têm efetivamente a margem de erro que informam se forem realizadas dentro das residências dos entrevistados, quando um pesquisador com experiência pode desconfiar do perfil social informado pelo eleitor. Em pesquisas residenciais se elimina erros sobre o local de moradia do entrevistado.
2. Nas grandes cidades como Rio e SP -com os índices de violência existentes- as pessoas raramente deixam o entrevistador entrar em sua casa. Mesmo que a entrevista seja feita em ruas internas e de preferência com pessoas entrando ou saindo de sua residência, aquela margem de erro é algo maior.
3. Mas quando a entrevista é feita em locais de concentração de pedestres, a margem de erro cresce ainda mais. Por exemplo: se o eleitor -ressabiado com o entrevistador- informa uma renda menor do que a que tem ou um nível de instrução maior do que o que tem, vai ser agrupado em uma classe distinta da real. E com isso, a pesquisa incorpora um desvio, significativo e inevitável.
4. Da mesma forma, quando o pesquisador não vai à periferia dos bairros ou não entra em favelas, contatando os que saem ou entram nelas. Em geral estará entrevistando a capa superior daquela favela.
5. Suponhamos que a tendência mais provável é que as pessoas reduzam seu nível de renda com receio de serem assaltadas pelo "falso" entrevistador. Neste caso, as pesquisas que são publicadas teriam um viés contra os candidatos que tenham um viés mais popular e a favor dos que tem um viés de classe média.
6. No dia da eleição -numa série delas desde a maquininha- a abstenção chega a 16%/17% e os votos brancos e nulos somados, a 7%/8% num total de 23%/24%. A pesquisa está apurando sobre o total do eleitorado e, portanto também aqueles que no dia não votam ou anulam/branco seu voto. As pessoas que se abstêm em geral estão no exterior, estão doentes, são procurados pela polícia, são de extrema pobreza, são muito idosos.
7. Por isso deve-se dar sempre às pesquisas no Rio e SP a idéia que estão retratando faixas de intenção de voto. No Rio seria melhor dizer "hipótese" de voto. Mas a precisão dessas faixas fica muito aquém do que seria se os elementos citados atrás não ocorressem.
8. Por isso é bom que todos tenham paciência e acompanhem as tendências geográficas e sociais nas pesquisas, de forma a fazer sua própria projeção da tendência do eleitorado. E esperar os últimos dias.
* Essas observações de Cesar Maia (em parte) também servem para Salvador.
https://bahiaja.com.br/artigo/2008/09/24/diferencas-entre-pesquisas-e-entre-as-atuais-e-resultados-eleitorais,244,0.html